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Carnaval

Zé Paulo Sierra aposta no samba como diferencial que levará Mocidade ao protagonismo

Após uma hora de atraso, escola entrou na Avenida com arquibancadas em uma só voz cantando as delícias do Caju

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Intérprete estreou na avenida defendendo a escola de Padre Miguel após 10 anos na Viradouro
Intérprete estreou na avenida defendendo a escola de Padre Miguel após 10 anos na Viradouro [Foto: Caroline Rocha/Super Rádio Tupi]

Coragem e diversão. Assim Zé Paulo Sierra, intérprete da Mocidade, definiu o que significou sua entrada na Avenida Marquês de Sapucaí para o ensaio técnico deste domingo (07). Com um samba viralizado na internet e que explodiu nas arquibancadas na mesma magnitude, Zé Paulo deu o pontapé inicial do seu primeiro Carnaval na escola de Padre Miguel.

“Acho que hoje é um bom termômetro. A Mocidade está feliz, isso que importa. Eu costumo falar para eles que lá [na quadra] todo dia é dia de desfile. Hoje é só uma etapa para a gente chegar no dia 12, porque vitória se conquista todo dia”, disse Zé Paulo ao Tupi Carnaval Total.

A Mocidade começou o ensaio com quase uma hora de atraso, devido a problemas técnicos no carro de som. O obstáculo não parece ter afetado, inicialmente, o intérprete, que seguiu levantando a torcida junto à “Não existe mais quente”, enquanto aguardava a troca do carro de som.

Imagem: caroline rocha/super rádio tupi

A atitude é de quem está confiante na agremiação, que executou o melhor trabalho possível até o momento, de acordo com suas próprias palavras. “O trabalho que a gente faz agora é de levar a Mocidade a ser protagonista de um desfile que tem 12 escolas maravilhosas. Nós já estamos na frente com esse protagonismo [por conta do samba viralizado] e já é um passo bem gigante, mas tem que manter a confiança e a responsabilidade e sabendo do que a gente pode fazer”, declarou a voz da verde e branco de Padre Miguel.

A resiliência dos primeiros minutos, no entanto, se transformou em estresse e impaciência, após meia hora de espera. O sorriso animado virou uma feição irritada enquanto o intérprete reclamava da qualidade do som. Durante o “esquenta”, o áudio seguiu com instabilidade. “Mesmo com o som falhando como está agora, olha para o seu amigos do lado e diz: ‘Eu vou ser campeão’”, pediu à comunidade em uma espécie de profecia, na tentativa de levar a Mocidade ao pódio, após a escola amargar o 11° lugar em 2023.

Zé Paulo também passou por momentos delicados no ano passado, quando deixou a Viradouro, após 10 anos como voz oficial da escola. No último Carnaval, a agremiação de Niterói levou o vice-campeonato por um décimo de diferença da campeã Imperatriz. O quesito harmonia tirou preciosos pontos da Viradouro, justificados pelos jurados como resultado do “canto desafinado”, “desencontro entre canto e base harmônica” e “dificuldade na compreensão da letra do samba”.

No ensaio técnico, a confiança do cantor voltou ao ouvir o coro que entoava as delícias do Caju. Mesmo assim, as alfinetadas seguiram. Em frente ao setor 1, Zé Paulo fingiu chutar o microfone.

Imagem: caroline rocha/super rádio tupi

O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), Jorge Perlingeiro, pediu desculpas ao público pelo atraso.

Após o desfile, a Mocidade emitiu uma nota pedindo respeito ao pavilhão e solicitando um novo ensaio técnico. (Veja a nota na íntegra no fim desta reportagem)

Sucesso dentro e fora da Sapucaí

Na avenida, foi facilmente perceptível o porquê do recordes nas plataformas digitais. Componentes e arquibancadas se juntaram em uma só voz para se lambuzar nas delícias nativas. Destaque para o refrão chiclete, assinado por Marcelo Adnet.

“Eu fico muito feliz, porque é um privilégio, que, graças a Deus, eu estou tendo, de estar no local que o samba está viralizado, mas não é só um privilégio do Zé. É um privilégio do mundo do samba, de ter o gênero samba-enredo como uma das músicas mais ouvidas na virada de final de ano”, comemorou ele.

Mocidade cantou as delícias do caju neste domingo [Foto: Caroline Rocha/Super Rádio Tupi]

A música que representa o enredo “Pede Caju Que Dou… Pé de Caju Que Dá!” atingiu o topo da playlist “Viral Rio de Janeiro BR” do Spotify em dezembro, ficando na frente de hits do trap e do funk e coroando a Mocidade com o samba mais ouvido do carnaval carioca de 2024.

A Mocidade foi a segunda e última escola a desfilar, após a Porto do Pedra, que deu início ao primeiro dia de ensaios técnicos do Carnaval 2024 com o enredo “Lunário Perpétuo: a Profética do Saber Popular”.

Pedido de respeito

Após ter o ensaio atrasado em uma hora por problemas técnicos no carro de som, a Mocidade emitiu uma nota pedindo respeito. A agremiação também informou que vai solicitar à Liesa a realização de um novo ensaio.

“A Mocidade Independente de Padre Miguel vem, através dessa nota, pedir respeito ao nosso pavilhão, que tem mais de 60 anos de carnaval.

Foram meses de preparação para chegar até o ensaio técnico, nosso grande teste antes do desfile oficial e passarmos por uma situação inacreditável como a que vivemos hoje: o carro de som oficial apresentou graves problemas durante todo o nosso ensaio.

Para começar, nosso ensaio teve um atraso de uma hora por problemas no mesmo carro de som, o que atrapalhou todo nosso esquenta, planejamento e montagem da Escola. Após isso, com o novo carro chegando, os problemas com microfone continuaram, atrapalhando a execução do nosso ensaio durante todo o percurso.

Escola foi prejudicada por problemas no carro de som [Foto: Caroline Rocha/Super Rádio Tupi]

Além da parte técnica já vista por todos que estavam na avenida, o atraso atrapalhou toda a logística de retorno dos nossos componentes, que perderam seus meios de transporte para a zona oeste devido ao horário. Agradecemos nossos Independentes e toda torcida por terem ficado e cantado em pleno pulmões o samba mais ouvido do carnaval 2024 no Rio de Janeiro.

Aproveitemos para reforçar que na próxima segunda-feira (08/01), entraremos com um pedido junto a Liesa solicitando uma nova data para termos um novo ensaio técnico, já que o desse domingo, 07/01, foi prejudicado integralmente por problemas causados pelo carro de som oficial.

A Mocidade Independente De Padre Miguel, uma das fundadores da Liga, pede respeito e profissionalização do som disponibilizado às Escolas.

Flávio Santos – Presidente do GRES MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL.”

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