Economia
Como a tarifa de Trump vai afetar o seu carrinho de compras?
O anúncio realizado nesta quarta-feira (9) sobre a aplicação de uma tarifa adicional de 50% sobre os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos trouxe preocupações imediatas ao cenário econômico do Brasil. Tal decisão, divulgada através de carta aberta do presidente americano Donald Trump, já repercutiu de forma significativa no câmbio, gerando desvalorização do real e trazendo impactos perceptíveis no dia a dia dos brasileiros.
Mesmo que a medida se dirija às exportações, seus efeitos se desdobram por diversos setores e alcançam o consumidor final, principalmente devido à cadeia de formação de preços no mercado interno.
Segundo analistas econômicos, o real sofreu uma queda de aproximadamente 2% a 2,5% frente ao dólar logo após o anúncio, ultrapassando a marca de R$ 5,60. Essa movimentação cambial interfere diretamente no custo das importações de insumos essenciais para a indústria nacional. Itens como alimentos, combustíveis e produtos de logística passam a ser pressionados pela inflação, mesmo quando não estão entre os principais exportados para o mercado americano. A valorização do dólar encarece as compras internacionais e tende a ser repassada ao consumidor nos mercados e supermercados de todo o país.
Quais setores brasileiros serão mais afetados pela tarifa de 50%?
Alguns segmentos industriais brasileiros se destacam pelas vendas consistentes aos Estados Unidos, tornando-se mais vulneráveis à nova tarifa. Entre eles estão:
- Derivados de petróleo: em 2024, o Brasil exportou cerca de 7,5 bilhões de dólares nesse segmento, representando quase um quinto do total exportado ao mercado americano.
- Ferro e aço: responderam por 5,3 bilhões de dólares em vendas para os EUA, sendo a indústria metalúrgica uma das mais expostas ao protecionismo.
- Aeronaves e peças: com exportações de 2,7 bilhões de dólares, o setor aeronáutico brasileiro terá de buscar opções para equilibrar a competitividade dos seus produtos no novo cenário.
É importante ressaltar que, embora alimentos e itens de supermercado não estejam diretamente associados a esses mercados, o aumento de custos nos setores industriais influencia toda a cadeia produtiva. Insumos importados e componentes industriais ficam mais caros, o que pode afetar o preço de combustíveis, embalagens e até mesmo produtos agroindustriais.
Como a tarifa de Trump pode afetar a inflação e o bolso do consumidor?
O aumento de tarifas e a desvalorização do real se somam para pressionar o índice de preços no Brasil. Quando a moeda nacional perde valor frente ao dólar, o custo de importação de insumos essenciais – como fertilizantes e componentes industriais – também aumenta. Mesmo produtos que não são vendidos diretamente aos Estados Unidos acabam tendo o custo de produção elevado, o que contribui para um repasse de preços aos consumidores no varejo.

O impacto é especialmente sentido na alimentação, combustíveis e itens de necessidade básica. O encarecimento desses produtos afeta, de maneira mais intensa, as famílias de baixa renda, que destinam maior parte do orçamento ao consumo desses itens. A elevação do custo pode limitar as alternativas acessíveis nos supermercados, reduzindo escolhas e pressionando ainda mais o orçamento familiar.
O que pode ser feito para minimizar os impactos nos mercados?
Diante desse contexto, alguns cuidados e práticas podem contribuir para amenizar as consequências diretas no consumo:
- Priorizar a compra de produtos nacionais ou regionais, reduzindo a dependência de insumos com preço atrelado ao dólar.
- Antecipar a aquisição de itens não perecíveis antes do início efetivo da nova tarifa, como estratégia temporária de economia.
- Acompanhar e valorizar medidas governamentais que reduzam tarifas de importação em setores estratégicos, como determinados alimentos e itens básicos.
- Realizar uma compra consciente, avaliando alternativas de marcas, substituindo produtos importados por equivalentes nacionais, e aproveitando promoções para equilibrar o orçamento.
Além disso, o governo brasileiro já anunciou a intenção de responder com medidas recíprocas, apoiando-se em legislação específica aprovada em 2025, o que pode significar elevação de taxas sobre produtos provenientes dos Estados Unidos. Analistas alertam, entretanto, para o risco de essa estratégia aumentar, de maneira geral, a inflação e os custos para o consumidor nacional, caso a retaliação seja feita em áreas sensíveis à cadeia produtiva interna.
Por que essa nova tarifa representa um marco nas relações Brasil-EUA?
Diferentemente de períodos em que tarifas de até 25% eram aplicadas sobre alguns segmentos, a nova taxa de 50% sobre todos os produtos brasileiros configura uma mudança sem precedentes na relação entre os dois países. O contexto de 2025 é mais rígido, elevando o patamar do protecionismo americano e rompendo uma série de acordos e práticas de comércio internacional estabelecidas há décadas. O impacto não é apenas econômico, mas também repercute nas negociações e estratégias comerciais futuras entre Brasil e Estados Unidos.
Diante desse cenário de instabilidade, a orientação é que consumidores fiquem atentos às oscilações do mercado, busquem informações sobre políticas públicas e cultivem hábitos de consumo que priorizem produtos nacionais. O acompanhamento das ações do governo e das variações de preços pode ajudar a tomar decisões mais vantajosas na hora de abastecer o carrinho, reduzindo os efeitos das oscilações cambiais e do aumento das tarifas internacionais.