Economia
Compras de Natal impulsionam comércio do Rio em dezembro, aponta Fecomércio
Pesquisa indica aumento de encomendas e expectativa de alta no faturamento do varejo fluminense
O comércio da Região Metropolitana do Rio de Janeiro entrou em ritmo mais intenso em dezembro, período que concentra a maior parte das vendas de Natal. Levantamento do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ) aponta que 61,4% dos empresários fizeram ou farão encomendas para o Natal de 2025, percentual superior aos 57,8% registrados no ano passado.
A pesquisa foi realizada entre 22 de setembro e 2 de outubro, com 725 empresários do comércio fluminense. Os dados indicam que, embora o planejamento das compras comece ainda no terceiro trimestre, é em dezembro que o consumo se intensifica, impulsionado principalmente pelo pagamento da segunda parcela do 13º salário e pelas compras de última hora.
De acordo com a sondagem, 78,4% dos empresários mantiveram o mesmo período de compras adotado em 2024, enquanto 14,5% anteciparam encomendas para garantir preços e disponibilidade de produtos. Para 50,6%, o volume de pedidos será semelhante ao do Natal anterior, e 22,9% afirmam que as compras aumentaram.
Como está o nível de estoques do comércio fluminense?
O levantamento do IFec RJ aponta um cenário de controle nos estoques. Para 66,4% dos empresários, os volumes estão dentro do planejado. Outros 20,7% relatam estoques abaixo do ideal, enquanto 12,9% afirmam estar acima do esperado.
A ampla maioria dos entrevistados, 86,4%, informou não enfrentar dificuldades para reabastecer os estoques às vésperas do Natal. Com a chegada de dezembro, o setor passa a registrar uma recuperação após meses de consumo mais contido ao longo do ano.
Para pequenos empreendedores, especialmente do ramo alimentício, o período natalino é considerado o mais relevante do ano em termos de faturamento.
Como pequenos negócios sentem o impacto do Natal?
Em Curicica, na Zona Oeste do Rio, a confeitaria Rafa Guedes Cake já registra aumento expressivo na procura por encomendas típicas de Natal. À frente do negócio há oito anos, a empreendedora Rafaela Guedes Pereira, de 44 anos, relata que a demanda cresce de forma significativa ao longo do mês.
“Em dezembro, a procura aumenta muito, principalmente na primeira quinzena. Muitos clientes deixam tudo para a última hora”, afirma. Ao longo do ano, a confeitaria mantém faturamento médio entre R$ 32 mil e R$ 35 mil mensais. No Natal, esse valor costuma subir para algo entre R$ 45 mil e R$ 50 mil. Para este ano, a expectativa é alcançar R$ 60 mil.
Rabanadas, travessas de sobremesas e quiches salgadas estão entre os itens mais procurados para ceias familiares e confraternizações corporativas. Mesmo com o aumento da demanda, a empreendedora observa um comportamento mais cauteloso dos clientes, sobretudo empresas, que optam por quantidades menores e produtos mais compactos.
Qual o papel do planejamento e do 13º salário?
Segundo Rafaela, o planejamento para atender ao aumento da demanda começa meses antes. ‘Compro embalagens com antecedência, faço testes, lanço produtos e me organizo com outras confeiteiras para reduzir custos e frete’, explica.
Os números do varejo reforçam o cenário de otimismo. Levantamento do Clube de Diretores Lojistas do Rio (CDLRio) e do SindilojasRio aponta expectativa de crescimento de 5% nas vendas de Natal em 2025. No estado, a Fecomércio RJ estima que o varejo fluminense movimente R$ 5,86 bilhões no período natalino, alta de 13,1% em relação ao ano anterior.
Em nível nacional, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o SPC Brasil projetam movimentação de R$ 84,9 bilhões, com 124,3 milhões de consumidores realizando compras de Natal.
Para o advogado tributarista e especialista em finanças Bruno Medeiros Durão, presidente da Durão & Almeida, Pontes Advogados Associados, o pagamento do 13º salário é decisivo para o desempenho do comércio em dezembro. “O consumidor chega ao fim do ano mais cauteloso, mas o décimo terceiro tem papel central na retomada das vendas. Uma parte relevante desses recursos vai direto para o comércio, especialmente alimentação, presentes e serviços”, afirma.
Já o tributarista Adriano de Almeida alerta que o aumento do faturamento típico de dezembro exige atenção dos empresários. “O Natal costuma concentrar uma parcela significativa da receita anual de muitos pequenos negócios. Sem planejamento tributário, esse crescimento pode se transformar em problema no início do ano seguinte, com aumento inesperado da carga de impostos”, explica.
Segundo ele, o novo perfil do consumidor também influencia a estratégia financeira. “Compras mais racionais, ticket médio menor e preferência por produtos compactos exigem ajustes operacionais e fiscais para manter a rentabilidade”, completa.
A expectativa do setor é de crescimento moderado, porém consistente, no comércio do Rio de Janeiro, com desempenho acima da média para pequenos negócios do segmento alimentício durante o período natalino.