Economia
Fórum Rio Empreendedor destaca crédito, inovação e volta da Bolsa de Valores do Rio
Evento na Associação Comercial do Rio reúne poder público e setor privado, e enfatiza crédito, segurança e inovação para reaquecer a economia
Em clima de convergência entre governo e empresas, a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) promove, nesta quarta-feira (8/10), no Centro do Rio, o terceiro Fórum Rio Empreendedor — com apoio da Super Rádio Tupi — para debater projetos e inovações capazes de fortalecer a economia fluminense. O momento mais aguardado foi o destaque à volta da Bolsa de Valores do Rio em 2026.
“O Brasil é um dos poucos países do mundo que só tem uma bolsa. A bolsa de valores do Rio estará de volta em 2026 e vai aquecer a economia”, afirmou Josier Vilar, presidente da ACRJ, ao reforçar que o retorno do mercado de capitais ao Estado pode destravar investimentos e criar novas oportunidades para micro e pequenas empresas.
Como o fórum pretende impulsionar a economia do Rio?
Para Vilar, o encontro é decisivo para “discutirmos o presente e o futuro” e pavimentar o caminho de um Rio “empreendedor e atrativo para investir”. Segundo ele, a presença dos poderes municipal e estadual ao lado do núcleo empresarial ajuda a “construir um caminho de prosperidade”.
O presidente também chamou atenção para o tema da segurança pública. “É muito importante que a PEC da segurança pública que está no Congresso seja pauta prioritária”, disse, defendendo integração policial e ação coordenada de dados. Ao mesmo tempo, Velar pregou medidas locais para reduzir a sensação de insegurança, como mais câmeras, iluminação e ocupação cultural de praças e ruas: “A cultura pode ser um grande vetor de transformação social”.
Qual será o papel da Bolsa de Valores do Rio?
Vilar enxerga a Bolsa de Valores do Rio com foco estratégico no pequeno e no médio empresário, preparando-os para acessar o mercado de capitais. “Vai atrair fintechs e nômades digitais. Estou esperançoso que, em poucos anos, o Centro do Rio se transforme num grande ambiente de inovação e transformação digital”, completou.
Durante o evento, a Orla Rio apresentou o painel “Praias inteligentes, tecnologia, dados e inclusão produtiva no Turismo Azul”, com a presença de João Marcello Barreto (CEO) e Leonardo Maciel (VP jurídico e de operações).
“Conseguimos elevar a experiência de praia, transformando-a em um ecossistema completo de entretenimento, gastronomia e cultura”, afirmou João Marcello Barreto, destacando que os quiosques da empresa oferecem padrão de excelência em atendimento e culinária, além de integrar sustentabilidade e inclusão produtiva.

O evento também lançou luz sobre o Ninho do Empreendedor, núcleo de apoio da ACRJ dedicado a MEIs e empreendedores de comunidades, com orientação e suporte administrativo para tirar negócios da informalidade e ampliar capacidade produtiva.
O que o poder público trouxe para a mesa?
O secretário da Casa Civil, Nicola Miccione, destacou o papel da Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro (AgeRio) no crédito a micro, pequenos e médios empreendedores — especialmente em momentos críticos como os eventos climáticos em Petrópolis. “A Agerio voltou a dar resultado financeiro e a ter melhor adimplência, com governança equilibrada, preparada para apoiar o empreendedor”, afirmou.
Miccione ressaltou ainda os avanços ambientais com impacto econômico. “A Baía de Guanabara é cartão-postal do Brasil. Com a concessão do saneamento, houve contenção de milhões de litros de esgoto e lixo. A natureza é resiliente e os índices de balneabilidade têm melhorado”, disse, citando a Praia do Flamengo como novo espaço de lazer e eventos.
Quais vozes da base empreendedora participaram?
A empreendedora Priscila Dias levou o projeto “Turbantes de Ancestralidade”, nascido “da necessidade das mulheres em aprender a amarrar turbantes” e que hoje atua no INCA, escolas, ONGs e comunidades. “Ensinei costura e amarrações; elas começaram a vender”, contou. “Minha missão é resgatar e exaltar a cultura afro-brasileira”, disse.
Da SC Engenharia, Sílvia Costa defendeu capacitação técnica nas periferias para reduzir a violência via emprego e renda. “Há avanço considerável, mas é um processo histórico que requer continuidade entre poder público e iniciativa privada”, afirmou. Ela citou o projeto “Mudando o Clima”, que capacita mulheres negras de favelas para manutenção e limpeza de ar-condicionado, abrindo portas para empreender no território ou trabalhar com carteira assinada.
O que se discutiu sobre redes, cultura e economia solidária?
Para Célia Domingues, presidente do Conselho de Comunidade de Economia Solidária da ACRJ, o fórum é “uma grande sala de aula” que promove conexões e negócios. Ela resgatou a trajetória de reaproveitamento de fantasias do carnaval iniciada há 30 anos, transformando resíduos em souvenires. “Hoje temos quase 200 itens diferentes, produzidos por artesãos do Carnaval”, relatou.
Na esfera municipal, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Osmar Lima, definiu o encontro como um ambiente de aproximação: “Criar segurança jurídica, bom ambiente de negócios e interação entre poder público e privado é o que buscamos”.