Economia
Programa de Lula para formar professores fracassa e deixa 4 mil vagas em aberto
Programa de Lula para formação de professores enfrenta baixa adesão e preocupa setor educacional
Lançado com o objetivo de enfrentar a escassez de educadores no país, o programa ‘Hora de Aprender’, promovido pelo governo Lula, enfrentou uma adesão bem abaixo do esperado. De acordo com dados do Ministério da Educação (MEC), quase metade das vagas oferecidas para cursos de licenciatura em áreas estratégicas permanecem sem preenchimento.
A política pública, que integra a estratégia federal de reestruturação do ensino básico, previa a concessão de bolsas para cursos de formação de professores em matemática, ciências e língua portuguesa — áreas com maior déficit de profissionais. No entanto, das 10 mil vagas ofertadas, apenas cerca de 5.600 foram preenchidas, segundo a pasta.
Quais são as causas para o desinteresse no programa de licenciatura?
Especialistas apontam múltiplos fatores para explicar o cenário. Entre eles estão:
- Baixa atratividade da carreira docente, com salários defasados e condições precárias de trabalho.
- Falta de divulgação adequada do programa nas universidades públicas e privadas.
- Insegurança em relação ao futuro profissional, agravada pelas políticas de cortes e pela desvalorização da área.
Segundo a presidente da Anped (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação), Maria Ciavatta, “não basta abrir vagas. É preciso reconstruir o prestígio da profissão e oferecer melhores condições de formação e permanência”.
Qual a resposta do governo Lula diante da baixa adesão?
O Ministério da Educação afirmou que vai revisar a estratégia do programa, incluindo ações de divulgação, flexibilização da carga horária e novas parcerias com universidades. A equipe do presidente Lula também deve reforçar a concessão de bolsas permanência e apoio pedagógico para os estudantes que ingressarem.
A intenção do governo é tornar o plano mais atrativo para jovens que ainda estão no ensino médio e desejam seguir carreira na docência. Medidas como bonificação em concursos públicos e prioridade em contratações também estão em análise.

O que especialistas e reitores dizem sobre o futuro do programa?
Universidades federais ouvidas afirmam que a falta de mobilização institucional e o contexto de desvalorização do magistério contribuem para o cenário atual.
“A universidade sozinha não consegue motivar os alunos se o ambiente externo é hostil”, disse um reitor da região Nordeste, que preferiu não se identificar. Já entidades como a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) pedem um plano nacional de valorização da carreira docente, que envolva salários, formação continuada e segurança.