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Cadarço ou cardaço? Poucos sabem qual é o certo
A origem da palavra “cadarço” mostra por que o “r” nunca sai dali
A resposta é simples: cadarço é a única forma correta quando nos referimos ao cordão usado para amarrar sapatos e tênis. Embora “cardaço” seja frequentemente pronunciado no dia a dia, esta grafia não é aceita pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa para esse significado.
A confusão acontece principalmente por questões de pronúncia, mas entender a origem e as regras pode acabar definitivamente com essa dúvida.
Por que tanta gente confunde essas duas palavras
O erro mais comum acontece na pronúncia, onde muitas pessoas omitem o “r” da segunda sílaba. Isso cria uma espécie de “deslocamento” mental da letra, fazendo com que seja pronunciado como “cardaço” ao invés de “cadarço”.
Esse fenômeno linguístico não é exclusivo dessa palavra. Outros exemplos similares incluem “entretido” (correto) versus “entertido” (incorreto), mostrando como a oralidade pode influenciar equivocadamente a escrita formal.
A separação silábica correta é ca-dar-ço, sendo uma palavra paroxítona com acentuação tônica na penúltima sílaba. Observar essa divisão ajuda a fixar a posição correta do “r” na segunda sílaba.
A origem histórica e curiosa da palavra cadarço
A etimologia da palavra revela uma jornada fascinante através dos idiomas. O termo tem origem no grego “kathartéon”, que significava “seda que se deve limpar” ou “seda que deve ser purificada”.
Essa palavra grega passou pelo latim como “catharteum”, chegou ao espanhol como “cadarzo” e finalmente se estabeleceu no português como cadarço. Em todas essas transformações linguísticas, o “r” sempre permaneceu na segunda sílaba.
Originalmente, o termo se referia a fios de seda não aproveitados na fiação, mas com o tempo assumiu o sentido mais amplo de cordão ou fita estreita para amarrar. Curiosamente, a palavra “cadaço” (sem o “r”) existiu como forma antiga de cadarço, mas foi abandonada pela evolução natural da língua portuguesa.
Existe alguma situação onde “cardaço” está correto?
Sim, mas apenas em contextos muito específicos. Cardaço existe como palavra independente no português europeu, referindo-se aos resíduos que sobram das uvas após serem pisadas para extração do vinho.
Nesse caso, “cardaço” é sinônimo de bagaço de uvas, sendo um termo técnico usado principalmente em Portugal na área de viticultura. No Brasil, esse uso é praticamente inexistente.
Para o cordão dos sapatos, no entanto, a única forma aceita é cadarço, independentemente da região ou contexto. No português europeu, além de cadarço, também é comum usar “atacador” para se referir ao mesmo objeto.

Como fixar a grafia correta na memória
Algumas estratégias práticas podem ajudar a memorizar definitivamente a grafia correta:
- Associe com a palavra “dar”: ca-DAR-ço contém o verbo “dar” na segunda sílaba
- Lembre-se da origem grega: todas as transformações linguísticas mantiveram o “r” na segunda sílaba
- Pratique a separação silábica: ca-dar-ço (três sílabas bem definidas)
- Use mnemônicos como “Cadarço DÁ mais trabalho para amarrar” (enfatizando o “dar”)
Por que a grafia correta importa na comunicação
Usar “cardaço” em textos formais pode prejudicar a credibilidade do autor. Em ambientes acadêmicos, profissionais ou em avaliações, esse tipo de erro ortográfico chama atenção negativa.
Dominar a grafia correta é especialmente importante para:
- Redações de vestibulares e concursos públicos
- Correspondências comerciais e empresariais
- Documentos acadêmicos e científicos
- Comunicação digital profissional
O fenômeno que acontece com cadarço se repete em outras palavras do português. Alguns exemplos incluem “lagarto” (muitas vezes pronunciado incorretamente como “largato”), “lagartixa” (às vezes dito como “largatixa”). A prática da leitura regular e o hábito de consultar dicionários são as melhores estratégias para desenvolver maior segurança na escrita correta dessas palavras desafiadoras.