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Marieta Severo, Renata Sorrah, Andrea Beltrão e Ana Baird estrelam em ‘O Espectador’

Motivadas pelo retorno da experiência coletiva do teatro, atrizes buscaram na obra do romeno Matèi Visniec a inspiração para esta montagem, que estreia nesta sexta-feira (24)

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Marieta Severo, Renata Sorrah, Andrea Beltrão e Ana Baird estrelam em 'O Espectador'
Marieta Severo, Renata Sorrah, Andrea Beltrão e Ana Baird estrelam em 'O Espectador'

Antes de tudo, ‘O Espectador’ é um espetáculo sobre celebração, encontros e reencontros. Seja através da reunião do quarteto formado por Marieta Severo, Renata Sorrah – juntas pela primeira vez em um trabalho –, Ana Baird e Andrea Beltrão, da reabertura do Teatro Poeira, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, após o doloroso hiato da pandemia, ou ainda da direção conjunta de Enrique Diaz e Marcio Abreu.

Motivados pelo retorno da experiência coletiva do teatro, o grupo foi buscar na obra do romeno Matèi Visniec a inspiração para esta montagem, que estreia nesta sexta-feira (24).

Não à toa batizado de ‘O Espectador’, este espetáculo-encontro se completa com o público, cuja presença será celebrada e servirá de motor para toda a encenação, situada em um tribunal de júri. Em um jogo teatral entre palco e plateia, as quatro atrizes se revezam em personagens como advogados de acusação e defesa, juízes e testemunhas. O réu é um espectador, que não sabe do que está sendo acusado.

“Tudo nasce do encontro com público, é através disso que o julgamento toma forma e a peça se revela. Partimos do texto original e criamos uma composição dramatúrgica original, com fragmentos de outras obras e textos criados ao longo dos ensaios”, conta Marcio Abreu, que repete a parceria com Renata (‘Esta Criança’, ‘Krum’, ‘Preto’) e Andrea (‘Nômades’) e dirige pela primeira vez Ana e Marieta, responsável pela ideia original de encenar o texto de Matèi (‘O Espectador Condenado à Morte’).

Enrique Diaz, cujo diálogo com Marcio se iniciou no solo ‘Cine Monstro’ (2013), chama a atenção para as muitas referências que permeiam o trabalho: “existe algo do Teatro do Absurdo, com os jogos entre as atrizes e o público, além de momentos cheios de humor e também lirismo. A presença física, que está na base do teatro, é a chave que norteou todo o processo”, analisa o diretor, que tem no currículo montagens que ficaram conhecidas pelo flerte com a metalinguagem em diversos níveis.

Com o tribunal-tabuleiro armado e o julgamento iniciado, ‘O Espectador’ enfileira situações que dialogam com questões de nosso tempo, como os jogos de poder, as manipulações de imagens e informações, a Era do Cancelamento e da Pós-verdade, as famigeradas fake news, as questões identitárias e o apagamento das singularidades. Os diretores concordam que o espetáculo não oferece respostas, mas lança perguntas e articula reflexões ao longo das cenas.

Em um momento de desmonte do setor cultural e perseguição institucional aos profissionais da área, ‘O Espectador’ é também um trabalho que, fundamentalmente, propõe reafirmar a importância da arte e dos artistas em nosso tempo.

A potência do encontro teatral presencial é a grande estrela desse espetáculo criado a partir da reunião de artistas com um imenso acúmulo de bagagem pelos palcos, de origens e carreiras tão diversas e tão sólidas. ‘O Espectador’ é um convite para que o público celebre e compartilhe com as atrizes desta experiência única que é uma apresentação teatral e toda a beleza presente neste ato de comunhão.

Como sintetizava a personagem de Marieta Severo no palco do próprio Teatro Poeira em ‘Incêndios’ há poucos anos atrás: ‘não há nada mais lindo do que estar junto’.

O Teatro Poeira fica na Rua São João Batista, nº 104, Botafogo, Zona Sul do Rio.

A temporada será do dia 24 de junho até o dia 2 de outubro.

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