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O que a NASA encontrou enterrado sob o gelo da Groenlândia após 60 anos
Durante um sobrevoo científico, a agência identificou restos de uma base militar construída na Guerra Fria e soterrada há décadas
Durante um sobrevoo de pesquisa sobre a Groenlândia, a NASA identificou estruturas escondidas sob o gelo que pertencem a uma antiga base militar dos Estados Unidos, construída durante a Guerra Fria. A descoberta foi feita por meio de um sofisticado sistema de radar que detectou algo enterrado a 30 metros de profundidade.
O registro foi feito pelo cientista Chad Green, que sobrevoava a região em um jato Gulfstream III junto a uma equipe de pesquisadores. O alerta do radar chamou a atenção dos cientistas, que perceberam que haviam localizado uma antiga instalação.
O que a NASA encontrou sob o gelo

As análises confirmaram que se tratava da Camp Century, uma base militar americana inaugurada em 1959 e construída secretamente sob o gelo da Groenlândia. O complexo subterrâneo era parte do Projeto Iceworm, um plano dos EUA para criar uma rede de túneis que abrigaria armas nucleares capazes de atingir a União Soviética em caso de ataque.
A base possuía 21 túneis e era alimentada por um reator nuclear portátil. Oficialmente, os Estados Unidos informaram à Dinamarca — que controla o território da Groenlândia — que o local seria usado apenas para pesquisas sobre construção em regiões polares, mas nunca pediram autorização formal para erguer a estrutura.
Fechamento e riscos ambientais
O Camp Century foi desativado em 1967, quando os engenheiros perceberam que o gelo da região era instável e não poderia sustentar as instalações por muito tempo. O reator nuclear foi removido, mas resíduos radioativos e outros materiais contaminantes permaneceram enterrados sob o gelo.
Com o passar das décadas, o movimento natural das geleiras encobriu totalmente a base. No entanto, as mudanças climáticas e o aquecimento do Ártico despertaram preocupação entre cientistas, que temem que o degelo exponha o lixo nuclear e cause impactos ambientais graves.
Alerta sobre o futuro da região ártica
O cientista criosférico Alex Gardner, integrante da equipe da NASA, explicou que a instabilidade das camadas de gelo dificulta prever o comportamento da região diante do aumento das temperaturas globais. Segundo ele, sem dados precisos sobre a espessura do gelo, é impossível estimar como o derretimento acelerado poderá afetar o nível do mar nos próximos anos.
A redescoberta de Camp Century reacende o debate sobre as consequências ecológicas da Guerra Fria e reforça os riscos trazidos pelo aquecimento global em áreas antes consideradas intocáveis.