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O que Marcel Proust, Alceu Amoroso Lima e Jorge de Lima têm em comum?

Evento debate a obra dos três escritores e revela a importância dos brasileiros no reconhecimento e difusão do francês no país

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O que Marcel Proust, Alceu Amoroso Lima e Jorge de Lima têm em comum?
O que Marcel Proust, Alceu Amoroso Lima e Jorge de Lima têm em comum?

Um francês, funcionário de um banco em Recife, deixa para trás na pensão onde morava, no início do século XX, uma mala repleta de objetos pessoais. Entre os pertences, volumes originais do escritor francês Marcel Proust, de quem havia sido secretário. Tempos depois, um destes livros com dedicatória chega às mãos do jovem médico que trabalhava na base da Aviação Postal Francesa, em Maceió. Um acaso que provocou a difusão da obra de Proust no Brasil. O jovem médico se chamava Jorge de Lima, considerado anos mais tarde um dos maiores poetas brasileiros. Ele e o intelectual Alceu Amoroso Lima, crítico literário de quem se tornou amigo, foram os pioneiros nas traduções e ações de divulgação da obra do escritor francês no Brasil.

Quase um século depois, o encontro nunca realizado em vida pelos três escritores tem data para acontecer: 10 de novembro. Pesquisadores que estudam a obra desses autores e suas conexões participam do evento “O Orfeu do Mundaú: Jorge de Lima e Alceu encontram Proust”, série de palestras e uma mesa redonda organizadas pelo Instituto Afranio Affonso Ferreira. O debate virtual reúne Etienne Sauthier, autor de “Proust sous les Tropiques”; Leandro Garcia, que acaba de lançar “Jorge de Lima & Alceu Amoroso Lima – correspondência”; Evelin Balbino, doutora em Literatura e Cultura; Xikito Ferreira, neto do intelectual, que escreveu “Histórias de meu avô Tristão”; e tem participação do professor Guilherme Arduini, especialista na obra de Alceu. No evento, os autores irão, entre outras revelações, relatar que, depois que Jorge e Alceu descobrem Proust, eles iniciam uma espécie de apresentação do autor aos leitores brasileiros. Pequenos trechos de sua obra são traduzidos por ambos e publicados nos mais importantes jornais do país, se tornando foco de palestras e de ensaios. Uma forma de popularizar a obra do escritor francês em diálogo com os brasileiros, discutindo aspectos levantados em seus livros.

“Além da paixão pelas letras, pelo ato de escrever, os três têm em comum o resgate da memória em sua obra. A infância, as lembranças, todo esse quebra-cabeça que compõe a nossa alma se revela de alguma forma nos poemas de Jorge, na obra crítica de Alceu e nos volumes deixados por Proust”, afirma Xikito Ferreira, organizador do evento.

O encontro é também uma oportunidade para se conhecer a troca de cartas mantida ao longo de décadas entre o intelectual católico Alceu Amoroso Lima, conhecido pelo pseudônimo de “Tristão de Athayde” e Jorge de Lima, um dos principais autores ligados ao movimento modernista brasileiro e praticamente esquecido pelas novas gerações. Nascidos no mesmo ano, 1893, Alceu e Jorge se tornaram amigos na década de 20 por meio da troca de cartas. Mesmo depois

que o alagoano Jorge se mudou para o Rio de Janeiro, dez anos mais tarde, a comunicação seguiu sendo feita pela escrita. Toda essa correspondência faz parte do livro de Leandro Garcia e pode também ser visitada no site www.alceuamorosolima.com.br, assim como mais de 36 mil outras cartas recebidas e enviadas ao longo dos 89 anos de vida de Alceu.

Serviço:

“O Orfeu do Mundaú: Jorge de Lima e Alceu encontram Proust”

Data: 10 de novembro

Hora: 19 horas

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