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Palavras que não existem no português e que você talvez use sem perceber

Os erros de português mais comuns que não fazem parte da língua

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Palavras que não existem no português e que você talvez use sem perceber
A língua portuguesa muda conforme o uso social e cultural das pessoas

A língua portuguesa, como qualquer idioma vivo, está em constante mudança. Novas expressões surgem, termos da tecnologia entram no vocabulário diário e verbos como “logar” se tornam frequentes nas conversas. No meio desse processo, aparecem também formas que ganham espaço na fala e na escrita informal, mas que não são reconhecidas pela norma-padrão e não constam em dicionários de referência.

Por que surgem palavras que não existem no português padrão?

As chamadas “palavras que não existem no português” costumam nascer de fenômenos comuns na aprendizagem da língua. A oralidade exerce grande influência: a pessoa escreve como fala e, se determinado som lembra uma letra específica, acaba registrando aquilo que o ouvido sugere, como em “mecher”, criado a partir da confusão com o som do “x”.

Outro fator é o chamado hiperconservadorismo linguístico: na tentativa de escrever de forma mais “certa”, cria-se uma forma que a gramática não reconhece. A grafia “paralizado” com Z, por exemplo, surge porque o verbo paralisar tem Z, o que leva à falsa conclusão de que o particípio deveria reproduzir a mesma letra.

Como a influência da oralidade e da internet impacta a ortografia?

A pressa na digitação, o uso intenso das redes sociais e a falta de hábito de consultar fontes confiáveis reforçam a circulação de grafias equivocadas. Abreviações como “pq” e “oq” cumprem bem seu papel em conversas rápidas, mas migram com facilidade para textos em que se espera maior cuidado.

Há ainda situações em que a etimologia fica distante da percepção cotidiana. Palavras de origem latina ou com formação menos transparente parecem estranhas ao olhar de quem escreve, o que abre espaço para criações como “extender” em lugar de “estender”, ou para “espanholizações” de termos já consolidados na norma culta.

Quais palavras não existem no português padrão e quais são as formas corretas?

Entre os exemplos mais recorrentes de palavras inexistentes no português padrão, algumas aparecem em concursos, redações escolares e textos profissionais. A seguir, veja uma síntese das formas inadequadas ao lado de suas versões corretas segundo a gramática normativa e os principais dicionários:

Forma incorreta (não existe no padrão)Forma corretaObservação
Concertezacom certezaExpressão formada por preposição + substantivo, sempre separada.
ReinvindicarreivindicarVerbo ligado a reivindicação.
PrevilégioprivilégioA consoante inicial é “pr-”, não “prev-”.
BassouravassouraA forma dicionarizada começa com “v”.
DescançodescansoEmprega-se “s” entre vogais, não “ç”.
ParalizadoparalisadoParticípio formado com “s”, a partir de paralisar.
EncomodarincomodarPrefixo “in-”, o mesmo de incômodo.
MechermexerVerbo escrito com “x”.
QuizquisPretérito perfeito do verbo querer: “ele/ela quis”.
LicensalicençaO final correto é “-ença”.
ExtenderestenderVerbo da mesma família de extensão, mas com “es-”.
ExtençãoextensãoGrafia com “s” e “ã” acentuado.
Oqueo queGeralmente grafado em duas palavras.
Pqporque / por que / por quê / porquêA forma varia conforme a função na frase.
Apartir dea partir dePreposição + locução, sempre separado.
OpniãoopiniãoHá um “i” após o “p”.

Muitas dessas formas parecem plausíveis à primeira vista, o que explica a sua difusão em mensagens rápidas e postagens. Em contextos de maior formalidade, porém, a escrita alinhada à norma-padrão continua sendo o parâmetro esperado, especialmente em provas, currículos e documentos oficiais.

Por que esses erros de ortografia se repetem com tanta frequência?

Os motivos que sustentam essas grafias equivocadas são variados. Em alguns casos, a troca de sons parecidos leva à confusão: o som de “x” em mexer remete, para muitas pessoas, à letra “ch”, resultando em “mecher”, enquanto, em “opnião”, a sequência de consoantes dificulta a percepção imediata do “i”.

Outro ponto é a falta de correspondência direta entre som e letra no português. O idioma possui múltiplas formas de representar o mesmo fonema, o que torna a ortografia menos intuitiva. Além disso, há confusão entre palavras com origem diferente, como no par “extender” e “estender”, influenciada pela presença de “extensão” no vocabulário cotidiano.

Palavras que não existem no português e que você talvez use sem perceber
Do “concerteza” ao “mecher”: palavras que parecem certas, mas não são – Créditos: depositphotos.com / IgorTishenko

Como evitar erros com palavras que não existem no português?

Reduzir o uso de palavras inexistentes na escrita formal depende de atenção e de contato frequente com bons modelos de texto. Algumas estratégias simples tornam a revisão mais eficiente e ajudam a separar usos informais da escrita que segue a norma culta.

  1. Ler com regularidade: o contato constante com livros, reportagens, artigos e documentos bem escritos fortalece a memória visual da palavra correta.
  2. Consultar dicionários confiáveis: em caso de dúvida, a verificação rápida em dicionários ou gramáticas digitais evita que erros se repitam.
  3. Observar famílias de palavras: relacionar incomodar a incômodo ou privilégio a privilegiado facilita a associação da grafia correta.
  4. Separar linguagem informal e formal: abreviações como pq e oq podem permanecer em conversas rápidas, mas devem ser evitadas em textos institucionais, acadêmicos ou profissionais.

Erros de ortografia fazem parte do processo de aprendizagem e tendem a diminuir com a prática. Ao identificar quais palavras não existem no português e conhecer suas formas normativas, torna-se mais simples ajustar o registro de acordo com a situação e circular com segurança entre a escrita informal do dia a dia e o padrão exigido em contextos formais.

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