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Por que certos peixes “pulam” fora d’água sem ameaça aparente
O comportamento se repete em situações parecidas
Em muitos rios e lagoas, é comum observar pequenos peixes realizando saltos repentinos acima da superfície, mesmo quando não há predadores por perto. Esse comportamento chama a atenção de quem frequenta ambientes aquáticos e costuma gerar dúvidas sobre suas causas. Entre as espécies que mais exibem esse tipo de movimento está o lambari (Astyanax spp.), um dos peixes de água doce mais difundidos no Brasil, cujo salto está ligado a alimentação, defesa, reprodução e condições do ambiente.
Por que o lambari pula fora d’água em rios e lagoas
No caso do lambari, os saltos costumam estar associados à busca por alimento próximo à superfície. Esses peixes consomem insetos que caem na água, pequenos invertebrados e fragmentos de plantas, podendo saltar para capturar presas em movimento ou aproveitar concentrações de alimento em determinadas áreas.
Em algumas situações, cardumes de lambaris sobem à tona para se alimentar e geram uma sequência de pequenos saltos que parecem desordenados. Esse comportamento também pode ocorrer quando há grande oferta de insetos em épocas chuvosas, tornando a superfície um local ainda mais atrativo para forrageio.

Como o salto do lambari ajuda na defesa e no bem-estar
Além da alimentação, o pulo pode funcionar como uma forma de afastar parasitas ou organismos que se fixam na pele e nas nadadeiras. O impacto do corpo na água, após o salto, ajuda a desalojar esses organismos e aliviar desconfortos físicos pouco visíveis para quem observa da margem.
Em cardumes, um único indivíduo que salta pode provocar uma reação em cadeia, estimulando outros a repetir o movimento. Esse reflexo de grupo aumenta as chances de sobrevivência, pois confunde possíveis predadores e facilita a rápida dispersão dos peixes em diferentes direções.
Quais fatores ambientais influenciam os saltos de peixes
Os saltos também podem estar relacionados à qualidade da água e a mudanças sutis no ambiente. Em situações de baixo oxigênio dissolvido, muitos peixes sobem à superfície para tentar respirar em áreas mais ricas em oxigênio ou se deslocar rapidamente para outro ponto, algo comum em locais muito quentes ou poluídos.
Outro fator importante é a presença de barulho, vibrações e movimentos bruscos na água ou nas margens. Em rios com embarcações, pescadores ou banhistas, o lambari e outras espécies podem interpretar ruídos e impactos como potenciais riscos, respondendo com saltos curtos e rápidos, mesmo sem a presença de predadores clássicos, como peixes maiores ou aves piscívoras.
Alguns estímulos ambientais específicos costumam desencadear esse reflexo de fuga e podem ser observados com frequência em ambientes aquáticos naturais:
- Mudanças bruscas de luz, como sombra repentina sobre a água.
- Variações de correnteza após abertura de comportas ou chuvas fortes.
- Contato com objetos flutuantes, redes, linhas de pesca ou galhadas submersas.
A explicação para o comportamento curioso, que saltam fora d’água sem ameaça visível, está neste vídeo do Biólogo Henrique, canal que soma 2.2 milhão inscritos e 1.700 mil visualizações. O conteúdo aborda desde reflexos naturais até condições ambientais pouco perceptíveis:
@biologohenrique Peixe pula fora d'água pra pegar serpente
♬ som original – Biólogo Henrique
Qual é o papel do comportamento e da reprodução no salto do lambari
O lambari é considerado um peixe oportunista na alimentação e no uso do habitat, vivendo em cardumes e ocupando desde margens rasas até trechos de correnteza moderada. Esse estilo de vida favorece comportamentos rápidos de reação, como mudanças bruscas de direção, aproximações da superfície e pequenos saltos em resposta a estímulos repentinos.
Durante períodos reprodutivos, principalmente em épocas de chuva, a atividade dos lambaris aumenta intensamente. A movimentação do cardume, combinada com perseguições entre machos e fêmeas, pode gerar pulos involuntários ou estratégicos quando os peixes se aproximam demais da superfície em busca de parceiros ou áreas adequadas para desova.
Como o salto ajuda o lambari a explorar o ambiente
Pesquisadores também destacam que o salto pode ajudar o peixe a mudar rapidamente de micro-habitat, passando de uma área rasa para outra ou atravessando pequenas barreiras de vegetação aquática. Em locais com muita matéria orgânica acumulada, esse movimento auxilia na busca por trechos mais limpos ou com melhor circulação de água e maior entrada de luz.
Esse tipo de deslocamento curto, porém enérgico, é vantajoso para espécies pequenas que ocupam posição intermediária na cadeia alimentar. Ao alternar entre diferentes porções do ambiente, o lambari encontra alimento, abrigo contra predadores e locais adequados para reprodução, reforçando seu papel central nos ecossistemas de água doce.
O que os saltos de peixes indicam sobre a saúde dos rios e lagoas
A observação de peixes que “pulam” fora d’água, como o lambari, pode fornecer pistas sobre a saúde do ambiente aquático. Frequência muito alta de saltos, aliada a peixes próximos demais da superfície e respirando de forma acelerada, pode indicar problemas de oxigenação, excesso de matéria orgânica ou presença de contaminantes na água.
Em áreas de pesca esportiva ou de subsistência, entender esse comportamento ajuda a interpretar o momento do ambiente: maior atividade na superfície pode sinalizar horário de alimentação, presença de cardumes e até circulação de espécies predadoras mais abaixo. Assim, quando um lambari é visto “pulando” sem ameaça aparente, pode estar em jogo uma combinação de fatores ligados a alimento, estímulos sutis, reprodução ou ajustes às condições do rio ou da lagoa.