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Por que “há muitos anos atrás” está errado? Entenda e evite o erro
Essa expressão é usada o tempo todo mas está errada
Muitas pessoas se acostumaram a dizer ou escrever a expressão “há muitos anos atrás” sem perceber que, na norma culta do português, essa construção é vista como inadequada. A frase aparece em conversas informais, em redes sociais e até em textos profissionais.
O que significa “há muitos anos” na gramática normativa?
A palavra há é a forma do verbo haver usada para indicar tempo decorrido. Em frases como “há dois anos”, “há muitos dias” ou “há pouco tempo”, a estrutura informa que algo aconteceu em um momento anterior ao presente.
Nesse uso, o verbo é impessoal, não varia para o plural e não indica posse, mas sim o passar do tempo. Quando se diz “há muitos anos, a cidade era menor”, a frase já traz sozinha a ideia de que o fato ficou para trás na linha do tempo.
Como “anos atrás” também indica passado?
O advérbio atrás cumpre papel semelhante quando aparece após uma expressão de tempo. Em enunciados como “anos atrás”, “alguns meses atrás” ou “minutos atrás”, a noção de anterioridade também está presente e não depende de verbo auxiliar.
Frases como “Eles se encontraram muitos anos atrás” ou “Algumas semanas atrás, o projeto foi apresentado” comunicam com clareza que os fatos pertencem ao passado. Assim, não é necessário acrescentar “há”, “faz” ou “tem” para completar o sentido.

Por que “há muitos anos atrás” é um pleonasmo vicioso?
Quando alguém diz “há muitos anos atrás”, combina duas marcas de passado na mesma expressão: o verbo haver (há) e o advérbio atrás. A mensagem fica próxima de “já faz muitos anos, atrás”, ou seja, uma repetição desnecessária da mesma informação.
Na norma padrão, esse tipo de construção é classificado como pleonasmo vicioso, uma redundância que não acrescenta significado. Em textos mais formais, como redações, provas e artigos acadêmicos, recomenda-se evitar esse acúmulo de marcas temporais.
Como falar de forma correta e substituir “há muitos anos atrás”?
Para adequar a frase à gramática normativa, é preciso escolher apenas uma forma de indicar o tempo passado. Você pode optar pelo verbo haver ou pela expressão com “atrás”, de acordo com o estilo do texto e a sua preferência.
Veja algumas possibilidades corretas de substituição para evitar o erro:
- Com “há”: “Não nos vemos há muitos anos.” / “Há seis meses, ele mudou de cidade.” / “O acordo foi assinado há pouco tempo.”
- Com “atrás”: “Eles se encontraram muitos anos atrás.” / “Muitos anos atrás, ele mudou de cidade.” / “Pouco tempo atrás, o acordo foi assinado.”
- Com “faz” ou “tem”: “Faz muitos anos que eles se mudaram.” / “Tem alguns meses que ela começou o curso.”
Como evitar repetições como “há… atrás” no dia a dia?
Uma regra prática ajuda a evitar esse deslize: se o enunciado já traz “há”, “faz” ou “tem” indicando tempo, não use “atrás”. Do mesmo modo, se você escolher “anos atrás”, “dias atrás” ou “minutos atrás”, não acrescente outro verbo de tempo decorrido.
Outra estratégia é reler a frase trocando a expressão de tempo por algo como “no passado” ou “antes”. Se a construção soar repetida, por exemplo, “no passado, antes”, há indício de pleonasmo. Esse tipo de atenção torna o texto mais claro, objetivo e alinhado à norma culta, sem o afastar da linguagem cotidiana.