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“The Face Of Ball – circulação” lança documentário e reúne atrações gratuitas do universo ballroom no MAM

Além de lançar “The Face Of Ball”, filme criado por artistas periféricos LGBTQIAPN+ , o evento oferece ainda oficina e batalha de vogue com premiação em dinheiro.

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(Foto: Reprodução)

Abordando a cultura Ballroom / Vogue sob a perspectiva do Cinema Novo com uma estética Afrofuturista, o documentário ficcional “The Face Of Ball” foi realizado sob a direção de Blackyva em 2021, dentro de um contexto pandêmico. Na ocasião, a obra teve sua exibição apenas em formato on-line. Patrocinado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através do edital Retomada Cultural RJ 2, nos dias 06 e 07 de maio no MAM (Museu de Arte Moderna) acontece “The Face of Ball – Circulação”, um evento homônimo que marcará a estreia presencial do filme (retirada de ingressos pelo link) além de ocupar outros espaços do Museu com o intuito de expandir o universo retratado no média-metragem. Com atividades totalmente gratuitas, incluindo uma oficina e a realização de uma batalha de vogue (vogue ball) com premiação em R$ 300 (trezentos reais) para quem vencer cada uma das cinco categorias.

A programação foi construída coletivamente, privilegiando profissionais e atrações da cena ballroom, em especial jovens que fizeram parte do elenco do filme. No evento, estarão presentes ministrando oficinas, compondo o painel de júri, atuando como chants (mestre de cerimônia), atrações em performances e ainda como parte da equipe de produção. No sábado, dia 06, às 14h, acontece a Oficina Commentator x Performance comandada por Legendary Father Luky & Legendary Camylla. No domingo, 07, a programação começa às 10h, com a exibição do filme “The Face Of Ball”, que tem a atriz Julia Lemmertz como narradora, seguido por um bate papo e tendo na sequência um baile de vogue que, além das batalhas, terá atrações especiais, como apresentação da cantora Diameyka Odara.

“A proposta é que o evento seja uma grande celebração desse momento de ascensão da visibilidade da comunidade ballroom do Rio de Janeiro e do Brasil e, principalmente, de exaltação da potência e excelência das corpas que compõe a ballroom, composta majoritariamente por pessoas pretas, periféricas e LGBTQIAPN+”, antecipa Rafael Fernandes, idealizador e diretor geral do evento.

Desenvolvido por 10 artistas LGBTQIAPN+ da periferia carioca e dirigido por Blackyva, o filme teve seu processo de criação quando o grupo foi selecionado pelo projeto Entrando na Dança Queer para criar uma performance com foco nas questões de gênero, sexualidade e raça. A primeira etapa do projeto de circulação aconteceu em São Gonçalo, no Teatro Armazém, mas realizar a estreia presencial do filme no MAM – e ainda a primeira ball realizada no Museu, que tem seu espaço externo constantemente utilizado para ensaios de dança dos mais variados estilos – é um momento considerado importantíssimo e até histórico, por proporcionar que essas pessoas acessem um espaço que, no passado, lhes era negado. 

“A ocupação do espaço por estes corpos marginalizados, que agora estão em evidência e conseguindo oportunidades, é resultado de um processo histórico de resistência de nossas ações artísticas e funções políticas como pessoas LGBTQIAPN+ e racializadas. Estar no MAM Rio é uma oportunidade de ocupar um espaço inacessível para pessoas como nós e simboliza um retorno a todo um processo de resistência e uma insatisfação com a negação de oportunidades”, resume Wallandra, produtora artística do evento e uma das participantes do documentário.

Embora o projeto de “The Face of Ball – Circulação” tenha surgido com o desejo de exibir o filme em diferentes espaços e contextos, estrear o filme na capital fluminense, polo de difusão da cultura Ballroom, tem seus motivos. “O Rio de Janeiro se tornou este polo de difusão exatamente porque a cultura ballroom reúne um conjunto de corpos políticos resistindo numa cultura de invisibilização e de falta de oportunidade. O Rio parece uma cidade que tem muitas oportunidades maravilhosas, mas tem pontos velados. E a gente resistindo nesse espaço que parece do glamour, da riqueza… Mas o vogue e a cultura ballroom trazem uma ressignificação, e vem juntando pessoas de várias comunidades e lugares de marginalização que se organizam num movimento político de transformação social através da arte”, pondera Wallandra.

Foi através do filme, inclusive, que pela primeira vez Blackyva trabalhou com seus semelhantes – pessoas periféricas, negras e LGBTQIAPN+. Para ela, o documentário que dirigiu conta uma história, mas imagina outras possíveis. “O filme é uma celebração, é sobre beleza, bem-estar, sobre batalhar também nos dias difíceis da vida. É sobre lutar e mostrar sua força, é sobre sonhos. É sobre construir uma comunidade, um quilombo. O filme não tem a ousadia de mostrar a Ballroom, apenas circunda e permeia este universo grandioso. O filme mostra o talento e expressividade desses artistas periféricos e a história que estão construindo coletivamente. É um lugar de acolhimento, de resistência e da valorização destes corpos marginalizados. Todas que ali estiveram já são lendárias e estão marcadas na história”, finaliza a diretora.

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