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Única biografia de um negro escravizado no Brasil, ‘Baquaqua’ segue em curta temporada no Teatro Dulcina

Baseado em autobiografia de homem escravizado da África ocidental, espetáculo acontece no Centro do Rio

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Única biografia de um negro escravizado no Brasil, 'Baquaqua' segue em curta temporada no Teatro Dulcina (Foto: Fernanda Dias/ Divulgação)
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Única biografia de um negro escravizado no Brasil, ‘Baquaqua’ segue em curta temporada no Teatro Dulcina (Foto: Fernanda Dias/ Divulgação)

Muitos foram os negros africanos que cruzaram o Atlântico em direção ao Brasil na condição de escravos, mas raras foram as vozes que conseguiram traduzir os horrores da escravidão. Mahommah Gardo Baquaqua é uma rara exceção. E é amparado pelos registros publicados na autobiografia “An interesting narrative – Biography of Mahommah G. Baquaqua” que Rogério Athayde desenvolveu a dramaturgia do espetáculo “BAQUAQUA”, que segue até o dia 12 de dezembro, às 19h, a curtíssima temporada no Teatro Dulcina, no Centro do Rio.

Dirigida por Aramis David Correia e com preparação corporal da premiada atriz Tatiana Tiburcio, a montagem apresenta o ator Wesley Cardozo no papel de “Baquaqua” e narra a história de vida do homem que foi escravizado e traficado da África para o Brasil durante o século XIX. “Não é um tema fácil de se tratar. É espinhoso, é triste e é atual, pois seus reflexos ainda estão aqui hoje. Não nos livramos da escravidão; ela permanece no cotidiano de vários ‘Baquaquas’ invisibilizados da nossa sociedade. Três instâncias me motivam a ser um agente de transformação: ser ator, ser professor e ser um homem negro. E, como um agente social, tenho que levar essa história que é nossa e de nossa ancestralidade para o máximo de pessoas que conseguirmos”, resume Wesley, também diretor de produção do projeto.

Nativo da região ocidental da África, Baquaqua escreveu aquela que até hoje é considerada a única autobiografia de um ex-escravizado que viveu no Brasil. A trajetória se inicia no Benin e tem passagens por Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Nova York, Haiti e Canadá, expondo todas as atrocidades da escravidão e seus reflexos nos dias de hoje.

A peça traz do universo literário para os palcos os relatos de um escravo em um país estrangeiro e nos faz refletir sobre outras milhares de histórias de pessoas que foram sequestradas do continente africano. Só para o Brasil, estima-se que mais de 5 milhões de negros foram traficados e escravizados. Mas por que essa história? Por que entre tantas histórias escolheu-se contar essa?

“Era uma necessidade latente de voltar aos palcos depois de alguns anos e sobretudo com um personagem histórico, que nos convida a olhar para esse tema da memória da escravidão e como foi isso no Brasil e no mundo, só que a partir de um olhar da pessoa que foi escravizada. Então, tem realmente um olhar muito sensível desse personagem. Essa volta ao passado para entender esse presente que a gente está e saber para onde a gente segue”, discorre Aramis.

A trajetória de Baquaqua ilumina parte da história do negro no Brasil, trazendo à tona temas importantes para serem entendidos, como a escravidão, a sociedade escravista, os estereótipos do escravo, dentre outros pontos. O espetáculo vai levar o público aos horrores do passado, a uma reflexão sobre o presente e pretende contribuir para um futuro melhor, ajudando a formar novas gerações mais conscientes e capazes de compreender mais a fundo a real diáspora africana nas Américas.

O Teatro Dulcina fica na Rua Alcindo Guanabara, nº 17, Centro do Rio de Janeiro.

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