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Confira a torcida brasileira que tem mais pretos e pardos
População preta e parda lidera torcidas: 65% dos flamenguistas se identificam assimUma análise recente da pesquisa de torcidas no Brasil, conduzida pela O GLOBO em parceria com o Ipec-Ipsos, revela uma mudança demográfica significativa entre os torcedores dos principais clubes de futebol do país. Dados do Censo 2022 indicam que a população preta e parda superou a branca, sendo essa alteração refletida nas preferências clubísticas nacionais. Este fenômeno é particularmente pronunciado na torcida do Flamengo, onde 65% dos adeptos se identificam como pretos ou pardos.
O estudo concentrou-se principalmente nas torcidas dos cinco maiores clubes do Brasil: Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Vasco. Esta seleção baseou-se na quantidade de entrevistados, garantindo uma margem de erro reduzida e um panorama mais preciso das dinâmicas raciais dentro do futebol brasileiro. Com um predomínio notório, a torcida do Flamengo é seguida de perto pelas torcidas do São Paulo e do Palmeiras, que apresentam 59% e 58% de torcedores pretos ou pardos, respectivamente.

Qual a distribuição de cor e raça entre os principais clubes do Brasil?
Entre os clubes analisados, o Corinthians e o Vasco possuem a maior proporção de torcedores brancos, com 46% e 42%, respectivamente. Em contrapartida, o Palmeiras tem 38% de sua base de torcedores identificada como branca. Já entre as raças e etnias diversas, as diferenças são sutis. O Palmeiras é o clube que apresenta a maior diversidade com uma pequena proporção de outras classificações raciais, confirmando a complexidade desta questão no panorama brasileiro das torcidas.
Como a presença negra influencia as torcidas fora do eixo principal?
Além dos clubes tradicionais, a pesquisa destaca a crescente representatividade dos clubes do estado da Bahia. O Bahia, por exemplo, é o sexto colocado em popularidade entre a população preta e parda, com 3,2% de preferência. Este cenário reflete a realidade demográfica de Salvador, onde 34,1% dos 2,4 milhões de habitantes se autoidentificam como negros, enquanto 49,1% se consideram pardos. Este contexto é ampliado pelo fato de a Bahia abrigar nove dos dez municípios com maior população negra do país.
A influência da demografia baiana no esporte local
Outro clube que se beneficia dessa demografia é o Vitória, que ocupa a 14ª posição no ranking de preferência deste público específico, superando outras grandes torcidas como as do Ceará, Santa Cruz e Fluminense. Esta mudança demográfica não apenas realça a diversidade das torcidas de futebol no Brasil, mas também ressalta a importância das particularidades regionais na configuração do esporte nacional.
O fenômeno observado nas torcidas é um reflexo da diversidade cultural e étnica do país, onde a paixão pelo futebol transcende barreiras e se integra às particularidades sociais de cada região. Assim, os dados realçam não apenas as dinâmicas do futebol brasileiro, mas também a complexa relação entre identidade, raça e esporte no cenário nacional.