Esportes
Corinthians quita parcela atrasada e aguarda a liberação do transfer ban
Corinthians apresenta plano com repasses escalonados.
O Corinthians enfrenta uma das piores crises financeiras de sua história, com dívida total estimada em R$ 2,7 bilhões. Desse valor, R$ 655 milhões são referentes ao financiamento da Neo Química Arena, enquanto o restante envolve impostos, empréstimos e direitos de imagem atrasados. O clube ainda lida com déficit operacional e sanções da FIFA, como o transfer ban, que impede novas contratações.
Para tentar equilibrar as contas, a diretoria iniciou um plano de reestruturação e renegociação com credores. O Corinthians busca adesão ao Regime Centralizado de Execuções (RCE) e apresentou à Justiça um projeto para pagar R$ 367 milhões em até dez anos, sendo R$ 190 milhões já em fase de execução.
Em sua proposta revisada, o Corinthians sugere uma progressão gradual nas parcelas:
- 4% no primeiro ano, 5% no segundo e 6% a partir do terceiro ano sobre receitas recorrentes (direitos de TV, patrocínios, etc.);
- 5% no primeiro ano, 6,5% no segundo e 8% a partir do terceiro ano sobre receitas provenientes de transferências de atletas.
O clube também propõe vantagens para “credores parceiros”, que manterem serviços prestados após a adesão ao RCE, reservando-lhes 35% da receita recorrente aplicada ao regime. Já os “credores preferenciais” — idosos, pessoas com doenças graves e gestantes — receberiam 25% dessa verba, conforme estimativa de R$ 3 milhões mensais para pagamentos.
O que é o transfer ban e por que afeta o Corinthians
O transfer ban é uma punição aplicada pela FIFA a clubes que descumprem obrigações contratuais, como dívidas com atletas ou outras equipes. Sob essa sanção, o clube fica impedido de registrar novos jogadores nacionais e estrangeiros até regularizar as pendências.
No caso do Corinthians, a punição decorre de dívidas próximas a R$ 40 milhões com o Santos Laguna (pela compra de Félix Torres) e R$ 41,3 milhões com o jogador Matías Rojas. O clube também foi punido por uma dívida de R$ 780 mil com o Cuiabá e acumula pendências com o Talleres (R$ 23 milhões), Shakhtar Donetsk (R$ 6,7 milhões) e Philadelphia Union (R$ 8 milhões).
Estratégias do clube para reverter a crise
Com o endividamento em níveis críticos, o Corinthians criou um comitê de reestruturação financeira e administrativa, subordinado à Presidência. O grupo tem como missão redefinir metas, reduzir custos e aumentar receitas. Parte da estratégia inclui renegociar os juros da dívida da Neo Química Arena com a Caixa Econômica Federal, estimada em R$ 675 milhões, para aliviar o fluxo de caixa.
As medidas envolvem ações de médio prazo voltadas ao equilíbrio de contas e aumento de receita:
- Renegociar débitos com credores e clubes internacionais.
- Reestruturar o contrato da Neo Química Arena para reduzir juros e custos financeiros.
- Atrair novos patrocínios e fortalecer o marketing de licenciamento.
- Ampliar o programa de sócio-torcedor para gerar receitas recorrentes.
Por que o planejamento financeiro é vital para o clube
Para o Corinthians, estabilizar as finanças é essencial não apenas para evitar punições, mas também para restaurar sua credibilidade institucional. O clube acumulou déficit de R$ 103 milhões até julho de 2025, impulsionado pelos altos gastos com juros, salários e direitos de imagem.
Sem equilíbrio financeiro, o risco é comprometer a competitividade esportiva a médio prazo. Uma gestão sólida e técnica permitirá ao Corinthians voltar a investir com segurança em elenco, infraestrutura e categorias de base, criando uma estrutura sustentável voltada ao crescimento estratégico.
O que esperar do futuro do Corinthians
Apesar do cenário adverso, há avanços na reorganização interna. O comitê financeiro recém-criado possui como meta equilibrar o fluxo de caixa até o segundo trimestre de 2026, por meio de renegociações graduais e novas fontes de receita.
Com disciplina fiscal, aumento de patrocínios e redução de despesas, o clube busca encerrar o transfer ban e retomar o protagonismo esportivo nacional. O desafio é grande, mas a combinação entre gestão responsável, transparência e apoio da torcida será decisiva para garantir um futuro financeiramente estável e competitivo.