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Dorival amplia discurso contra o racismo e se solidariza com Vini Jr: “covardia o que acontece”

Treinador pediu esforço coletivo para mudar situação no Brasil e no mundo

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Dorival Junior
Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Na véspera do seu segundo compromisso à frente da Seleção Brasileira, Dorival Júnior precisou responder perguntas que divergem bastante sobre “campo e bola”. Nesta terça-feira (25), o tema mais debatido foi a luta contra o racismo, fato que fez o atacante Vinicius Júnior se emocionar.

Questionado sobre o tema, Dorival ampliou a discussão e se solidarizou com o jovem de 23 anos, que é alvo de ataques racistas na Espanha – local do amistoso desta terça, onde veste a camisa do Real Madrid.

“Foi um momento muito difícil e complicado para um garoto que praticamente vem iniciando uma carreira e ser atacado como tem sido atacando nos últimos meses e, talvez, há anos. É uma covardia o que acontece. Me desculpem, mas não temos outra definição para o que acontece. Fato esse que também acontece diariamente no nosso país, do qual precisamos de um esforço coletivo de todos, que o Ministério Público atue de uma maneira mais presente e direta para que possa inibir e coibir toda e qualquer agressão nesse sentido. Os seres humanos precisam se respeitar antes de tudo. Pessoas que vêm a campo é inaceitável que tenham reações desse tipo, fato esse que vem se repetindo por algumas vezes, fazendo com que o espetáculo perca o seu brilho natural” – disse Dorival.

“Não altera em nada, não tem uma diferença (o clima da partida). Viemos aqui para um compromisso esportivo. Eles próprios, atletas, têm companheiros de profissão que se respeitam e farão de tudo para ter um grande espetáculo” – afirmou o treinador.

Vini Jr
Vini Jr foi alvo de diversos ataques racistas no futebol espanhol – Foto: Divulgação/Twitter Real Madrid

Ainda sobre os ataques a Vini Jr, Dorival admitiu que os fatos acabam afetando até mesmo aqueles que estão ao redor do atleta, aproveitando para fazer novas cobranças sobre a luta contra os atos.

“De uma maneira geral, afeta todos nós. Somos seres humanos que têm sentimentos, vemos um companheiro… Se essa agressão fosse a uma pessoa desconhecida, com certeza também sentiríamos. Imagine um amigo, uma pessoa do bem, um garoto que está praticamente começando uma vida e vem recebendo os insultos que vem recebendo de maneira progressiva e tão agressiva. É algo inaceitável para todos nós. Volto a dizer: somos povos que se respeitam, que se admiram, que têm uma aproximação muito grande, não poderíamos deixar que fatos como esse se repetissem, acabam desequilibrando uma família por inteira. Está numa hora de uma atitude mais séria e direta com essas pessoas que vêm a um espetáculo para jogarem toda a sua fúria em cima de um jovem de 20 anos” – continuou Dorival.

“Eu vejo o Vini praticamente com a idade do meu terceiro filho. Eu falei para ele que ele não precisa dar nenhum tipo de resposta a ninguém. O universo encarrega de responder a pessoas que tomem uma iniciativa como essa. Se a justiça dos homens não é feita, que ele não se preocupe, pois da justiça divina ninguém foge. A justiça de Deus pode demorar um pouco, mas não falha, ela chega ali na frente. Não desejo que ninguém seja tão atacado assim e não tenha punições para pessoas que pratiquem esse tipo de delito. Não dá para entender como isso acontece e, com isso, parece que as agressões se acumulam, elas ganham corpo. A partir do momento que tivermos uma punição exemplar, tudo isso vai acabar. Volto a dizer: em qualquer parte do mundo e principalmente no nosso país, onde as pessoas são agredidas quase diariamente, porém elas não tem voz e esse fato não é mostrado, mas as agressões acontecem dia após dia. É uma pena, seres humanos ainda não perceberam que estamos aqui de passagem, não temos cor, raça, sexo, temos que respeitar todos. Esse é o primeiro ponto na vida de cada um de nós, o resto é uma passagem que vamos completá-la e, de repente, abandonarmos esse mundo. Quem puder aproveitar da melhor maneira, que o faça, quem não quiser que deixe passar uma oportunidade única de poder se melhorar como ser humano” – completou.

Amistoso contra a Espanha

Dorival despistou ao ser questionado sobre a escalação que utilizaria na partida contra a Espanha. Apesar de ter repetido a escalação no treinamento desta segunda, ele afirmou que a equipe pode ser alterada até minutos antes do confronto, já que as escolhas vão depender das análises de desgaste do elenco. Uma coisa, no entanto, é certa: Endrick seguirá no banco de reservas.

“Se amanhã ele começa como titular? (risos) Aí eu ficaria com só 10 opções restantes, já definiria. Não, o Endrick amanhã não inicia como titular. Com certeza, dará muitas alegrias à torcida madrilenha, não tenho dúvidas. É um garoto com um futuro brilhante pela frente. Tudo é questão de tempo, um amadurecimento um pouco maior. Mas, com certeza, amanhã a sua torcida o terá contra, mas por muitos minutos dentro de campo, podem aguardar” – disse.

Confira outros temas da entrevista de Dorival:

Jogo para testar?

“Nós temos que ter esse cuidado, buscarmos a opção correta. A manutenção de uma equipe dois dias e meio depois de uma grande partida, ainda não toda recuperada, enfrentando uma seleção de altíssimo nível que tem na posse de bola seu ponto principal. Ou também buscarmos jogadores que também possam ter espaço nesse momento. Eu não avalio jogador por uma só partida, por isso que eu tenho que pensar muito naquilo que nós iremos fazer amanhã, ter tranquilidade e, até meio-dia, com certeza eles saberão quem irá a campo.”

Sucesso rápido na Seleção

“De um modo geral, acredito muito no trabalho da comissão. Por incrível que pareça, as pessoas não têm ideia, e nem nós tínhamos, do que representa o trabalho em uma seleção. É muito diferente de clubes, onde você atua no domingo e, a partir da segunda, já começa a pensar em correções de situações de jogo, coisas que aconteceram, melhorar aquilo que foi apresentado. Na seleção é diferente, você tem encontros a meses e meses de distância, em que você terá apenas 10 dias juntos. Fizemos um trabalho primeiro de procurarmos um leque de 50 jogadores que pré-relacionamos. Depois, mandamos um vídeo a respeito daquilo que imaginávamos da equipe para que eles pudessem ter um entendimento inicial. Ao recebê-los, com apenas cinco períodos de trabalho, um sexto no dia de hoje, tentamos acelerar esse processo. Muito interessante foi a integração, interação e o entendimento de todos eles.”

“Nosso trabalho passa por uma equipe técnica que se dedica demais. Os auxiliares e aqueles que trabalham com as análises nos proporcionam uma condição especial para que possamos apresentar a atletas de alto nível, que de repente possuem uma assimilação um pouco mais tranquila e equilibrada. Acredito que tenha sido muito em cima disso, a repetição de trabalhos nos dará lá na frente um equilíbrio que todos nós queremos encontrar para nossas equipes. Mas, neste momento, a aceleração desse processo se deu pela empatia dos atletas, a aproximação com todos eles, e acima de tudo a detalhes que fomos tentando corrigir pouco a pouco para que pudéssemos fazer um bom jogo frente a uma das melhores seleções neste momento, muito equilibrada, que requer muitos cuidados, assim como será o jogo de amanhã. A seleção espanhola é jovem e, assim como a seleção brasileira, merece respeito pelo que vem desempenhando ao longo dos últimos meses.”

Importância do resultado

“Tranquilidade. Acredito sempre no trabalho para que encontremos resultado. Não acredito em imediatismo no futebol, no futebol não se queimam etapas, estamos em um processo inicial. Qualquer resultado que aconteça, seja uma vitória, não nos tirará do nosso caminho. Uma derrota, tampouco. São duas equipes que se respeitam e lutarão pelo melhor resultado, mas não significa que teremos problemas agravados caso o resultado não seja positivo. Temos que ter o equilíbrio dentro da profissão, já que o nível de exigência é muito alto a todos nós. Tudo o que consigamos realizar e que ficará um dia, se Deus quiser, marcado dentro da Seleção, demandará tempo, paciência, tempo, trabalho, dedicação e repetições, isso nos levará à excelência sempre”.

Diferença entre clube e seleção

“A diferença maior é que, no clube, você joga no domingo e no dia seguinte já começa o trabalho para recuperação do grupo, correções do que foi visto na partida, você continua dentro de campo. Amanhã, quando finalizarmos a partida, independente do resultado, cada um retornará para o seu clube, nós iremos para o Rio, para a CBF, nos reuniremos, buscaremos erros e acertos, mas sem a possibilidade de no dia seguinte começarmos o trabalho de campo para buscarmos as correções. Esse talvez seja o maior desafio, é pouco tempo para buscar o equilíbrio para a equipe, e que os jogadores entendam o que você quer passar. Por isso, procuramos acelerar esse processo, para que os jogadores pudessem entender rapidamente. A assimilação foi boa, e os comportamentos respeitados você cumpre funções, assim molda a equipe como quer mudando a função de um ou outro atleta, mas cumprindo os comportamentos que foram pedidos. Esse trabalho começou lá atrás. Se dará sucesso também amanhã, só Deus sabe, mas nós procuramos acelerar dessa forma. Foi um posicionamento importante que, para nós, deram resultados essenciais e fundamentais nesse início tão curto de trabalho.”

Endrick

“O que faz o Endrick especial é a capacidade dele de definição, buscar jogadas que poucos tentariam. Ele é um jogador agressivo, aguerrido, ataca espaços como ninguém, tem uma capacidade única de definição. É um garoto com quem nós temos que ter cuidado, deixar que ele caminhe de maneira natural, não jogarmos uma expectativa excessiva nas costas de um menino que está começando a carreira e precisa ter no equilíbrio talvez o ponto chave para uma carreira maravilhosa que, com certeza, vai acontecer desde que ele não perca esse “timing” inicial, ele complete esse processo de formação que vai ser fundamental daqui para frente. Eu espero que o esse próximo passo dele seja importantíssimo e que tenham cuidados por ele ser um jogador tão especial como é.”

Rodrygo

“Em todas as equipes em que atuei tive um 9 de origem, um 9 que marca presença, que não necessariamente seja um homem fixo, mas que seja presente na maioria das definições. Ao Rodrygo eu dei a liberdade para que ele fosse tudo menos um 9, era tudo que eu não queria que ele fosse, um 9. Acredito que ele tenha se sentido confortável nessa função, já que vem executando uma função muito próxima no Real, sua equipe. Não vi problemas ou dificuldades, tivemos um jogo de aproximação, com jogadores de ótimo nível por dentro, com trocas de passes com dinâmica, objetividade, jogadores atacando espaços, o que é importante para espaçar a linha adversária, tudo isso dentro de uma partida com pouco tempo de trabalho. Foi um aspecto positivo dentro de tudo o que vimos nessa primeira apresentação e que espero que se repita no dia de amanhã, já que o nível da partida será muito próximo daquilo que tivemos com a seleção inglesa, um compromisso difícil, complicado para ambos os lados. Espero que, de repente, encontremos nossos caminhos justamente nessa mobilidade, movimentação, trocas de passes rápidos que a nossa equipe vem apresentando.”

Neymar

“Primeiro nós temos que aguardar a sua recuperação. Ele esteve no Brasil na semana passada, passando por uma avaliação. O processo vem sendo respeitado, ele está evoluindo muito bem, porém, ainda é muito cedo para que possamos fazer uma avaliação concreta em relação a essa possibilidade de termos o atleta já em condições. Acredito que demande um pouco mais tempo para que possa completar a sua recuperação.”

Richarlison

“Eu acredito que o Endrick vai ter o seu momento, não demora, ele tem uma capacidade incrível e, com certeza, vai chegar a sua hora. Nós temos que avaliar tudo o que vem acontecendo para que amanhã possamos definir pela melhor formação. É natural que eu já tenha um desenho na cabeça, mas eu prefiro, por tudo o que aconteceu de sábado para cá, ter um pouco de paciência e mais umas horas para ter uma definição completa, tentar ser o mais assertivo para uma partida de tamanha importância.”

Vitor Roque

“Primeiro que é um processo de adaptação dele, isso aí varia muito de atleta para atleta. O próprio Vini teve um processo de adaptação aqui dentro, o Rodrygo da mesma forma. Acredito que seja um fato natural, não podemos precipitar tudo isso. O Vitor chama atenção pela capacidade que possui. É um jogador relacionável e estaremos de olho nesse processo de evolução dele até a Copa do Mundo. Acho que o acompanhamento tem que ser feito sempre com todo e qualquer atleta que esteja dentro ou fora do país, ainda mais com jogadores desse nível, como o Vitor, que estará sendo acompanhado, promete muito e terá uma carreira diferenciada pois é um desses jogadores promissores. Acredito que não vai demorar para ele dar um salto de qualidade pela qualidade que tem.”

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