Entenda a rivalidade entre as seleções de Albânia e Sérvia

A vitória da Albânia sobre a Sérvia, no último sábado (11), por 1 a 0, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, foi muito mais do que um simples resultado esportivo. O gol de Rey Manaj, que consolidou a Albânia na zona de classificação, gerou uma crise imediata na seleção sérvia e culminou na demissão do técnico Dragan Stojković.

A partida precisou ser disputada em Leskovac, e não em Belgrado, por questões de segurança. O confronto é reflexo direto de uma das rivalidades políticas e étnicas mais explosivas da Europa, em que o futebol se torna palco de uma disputa identitária que ultrapassa as quatro linhas.

Kosovo, Iugoslávia e o símbolo da águia bicéfala

Para compreender a rivalidade entre Albânia e Sérvia, é necessário olhar para a história recente dos Bálcãs. O ponto central da disputa é Kosovo, ex-província sérvia de maioria albanesa. Após a guerra de 1998-1999 e a dissolução da Iugoslávia, Kosovo declarou independência em 2008. A Sérvia, porém, ainda considera o território parte inalienável de sua nação.

Nos anos 1990, os dois países estiveram em lados opostos da crise iugoslava, marcada por conflitos e deslocamentos em massa. Desde então, o futebol passou a carregar as cicatrizes desse período. A águia bicéfala, gesto feito com as mãos por jogadores albaneses, tornou-se símbolo de resistência e liberdade. É também uma afirmação política de identidade, vista por Belgrado como provocação nacionalista.

A nova era da Albânia sob comando de Sylvinho

Longe dos dramas políticos, a seleção albanesa vive o melhor momento de sua história com o técnico brasileiro Sylvinho. A vitória sobre a Sérvia teve um valor simbólico imenso, mas também impulsionou o projeto esportivo do país.

A Albânia já garantiu vaga na Eurocopa de 2024, um marco histórico, e sonha agora com a primeira classificação para uma Copa do Mundo. A equipe tem mostrado organização, intensidade e confiança, atributos que consolidam o trabalho do treinador.

O desafio, porém, continua. A Albânia busca manter o bom momento e transformar rivalidades históricas em combustível para alcançar feitos inéditos. A rivalidade com a Sérvia segue viva — mas, pela primeira vez, o foco albanês está no futuro, e não apenas nas feridas do passado.