Esportes
O futuro do futebol chegou? Como a IA transformou a busca por craques no Brasil
Plataformas como Footbao e Cuju usam inteligência artificial para revelar jovens jogadores no Brasil
A inteligência artificial está revolucionando o processo de descoberta de talentos no futebol brasileiro. Plataformas digitais como Footbao e Cuju têm sido aliadas de clubes e agências na avaliação de jovens atletas, inclusive nas categorias de base.
Com o uso da IA, garotos de todo o país agora têm uma nova chance de chamar atenção de clubes mesmo sem sair de casa. Através do envio de vídeos para as plataformas, o sistema analisa características como controle de bola, velocidade, raciocínio tático e tomada de decisão. O objetivo é realizar uma triagem digital eficiente que filtre os mais promissores para observação presencial.
O Footbao, criado no Brasil, já conta com mais de 100 mil usuários e funciona de maneira semelhante ao TikTok: os vídeos são analisados por algoritmos e, os melhores, ganham destaque. Já o Cuju, plataforma internacional ligada à agência alemã Rogon, propõe desafios técnicos padronizados para que os atletas sejam comparados com base em dados objetivos.
O impacto dessa tecnologia tem sido cada vez mais visível. Clubes como Palmeiras, Corinthians e Avaí estão utilizando essas ferramentas como parte do processo seletivo de novos talentos. Além de agilizar o trabalho dos olheiros, a inteligência artificial amplia o alcance das peneiras, atingindo cidades pequenas e locais onde o futebol profissional ainda não chega com estrutura.
Outro ponto interessante é o crescimento da participação feminina nessas plataformas. A Footbao, por exemplo, quer atingir 50% de atletas mulheres até 2027. Já a Cuju também realiza avaliações específicas para meninas e tem contribuído com a inserção de jogadoras no cenário nacional. Glória Gasparini, jovem descoberta pelo Footbao, já foi chamada para a Seleção Sub-17 e assinou contrato com o Corinthians.
Com cerca de 5 milhões de euros investidos nessas plataformas, vindos de fundos europeus e investidores privados, o uso da IA vem sendo visto como uma forma de democratizar oportunidades e gerar impacto social. Muitos jovens de periferias e zonas rurais agora têm a chance de mostrar talento e buscar uma carreira profissional.
Apesar do avanço, especialistas ressaltam que a tecnologia deve funcionar como aliada, não como substituta. O olhar humano ainda é essencial para avaliar aspectos como personalidade, inteligência emocional e adaptação ao ambiente competitivo. A IA pode ser o filtro inicial, mas a decisão final continua com os profissionais de campo.
A expectativa é que, com o fortalecimento dessas ferramentas, o Brasil possa revelar ainda mais talentos nos próximos anos — não apenas com base no olhar tradicional dos olheiros, mas também com apoio dos algoritmos que ajudam a enxergar onde antes era invisível.