Esportes
Por que Israel não foi banido do futebol como a Rússia?
UEFA e FIFA mantêm Israel em competições sem suspensão, enquanto a Rússia segue banida; entidades alegam pragmatismo e evitam politizar decisões
Desde a ofensiva militar de Israel em Gaza, iniciada em outubro de 2023 após os ataques do Hamas, a pressão internacional aumentou. O país é acusado de crimes de guerra e alvo de forte reprovação mundial. Apesar disso, a UEFA e a FIFA não cogitam suspender clubes israelenses ou a seleção nacional, segundo informações do jornal francês L’Équipe.
Diferença do tratamento com Israel e Rússia
O contraste com a Rússia é evidente. Após a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, 40 federações pediram imediatamente a exclusão do futebol russo, gerando o isolamento do país do mundo futebolístico. No caso de Israel, nenhuma federação apresentou pedido semelhante. Além disso, a única restrição imposta até aqui é a obrigação de disputar partidas em campo neutro, geralmente na Sérvia ou na Hungria.
Justificativa da UEFA
A UEFA justifica a posição com base no pragmatismo. Aleksander Ceferin, presidente da entidade, disse no mês passado que a eficácia de exclusões é questionável. “No caso da Rússia, eles foram banidos há três anos e meio e a guerra continua pior. Muitos jogadores são opositores do regime, mas seguem impedidos de competir”, afirmou. Segundo ele, o esporte deve permanecer separado de decisões políticas.
Mesmo assim, alguns gestos simbólicos foram feitos. Na Supercopa da Europa entre PSG e Tottenham, em agosto, crianças de Gaza subiram ao pódio ao lado de Ceferin. Além disso, torcedores exibiram uma faixa com a mensagem “Parem de matar crianças – Parem de matar cidadãos” no estádio. O ato desagradou às autoridades israelenses e gerou críticas ao presidente da federação local, Shino Moshe Zuares, que integra o comitê executivo da UEFA.
Justificativa da FIFA
Do lado da FIFA, a postura é semelhante. Em maio de 2024, durante congresso em Bangkok, a federação palestina apresentou queixas contra a federação israelense. As denúncias incluíam manifestações anti-palestinas em estádios e a participação de clubes localizados em territórios ocupados. O caso abriu duas investigações internas. No entanto, especialistas avaliam que Israel corre baixo risco de punição severa, já que as sanções costumam se limitar a multas ou fechamento de setores nos estádios.
Assim, enquanto a Rússia permanece fora do futebol internacional, Israel segue ativo em torneios da UEFA e da FIFA. Dessa forma, o equilíbrio político e o receio de boicotes explicam porque as entidades preferem não adotar medidas mais duras contra o país.