Esportes
Presidente da CBV expõe ‘treta’ entre Bernardinho e Zé Roberto Guimarães
Em entrevista ao GeralPod, dirigente revela quando e onde iniciou desentendimento
Nomes mais vitoriosos do volleyball nacional nas últimas décadas, Bernardinho, técnico da seleção brasileira masculina, e Zé Roberto Guimarães, comandante da equipe principal feminina, não alimentam uma relação tão amistosa quanto parece.
Apesar do respeito mútuo, e da grande admiração ao trabalho realizado no grupo de gênero oposto, ambos possuem um certo limite no que diz respeito ao cultivo de um contato mais próximo, tanto que a ‘treta’ é constantemente alvo de questionamentos.
Em entrevista recente ao GeralPod, Redamés Lattari, presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), revelou detalhes sobre a relação.
“Eles não têm um bom relacionamento. Existe um respeito (mútuo) muito grande pela história deles, até por já terem trabalhado juntos. Os dois foram auxiliares do Bebeto de Freitas – se não me engano, em Seul, em 1988, 1989, por ali, depois no Sul-Americano, Mundial em 1990…” – disse.
“Se tiverem que participar, não fica clima ruim. O clima é cerimonioso. Não há (hostilidade). Inclusive, um tem muita admiração pelo trabalho do outro, um elogia muito o outro” – completou Lattari.

O dirigente ainda expôs quando e como a relação teria começado a estremecer. Segundo ele, nos Jogos Olímpicos de 2004, em Atenas, na Grécia, por conta de ‘fofoca’.
“Eu acho que houve um mal-entendido na Olímpiada de 2004, em Atenas. Acredito que possa ter sido ali. Eu sou aquele cara que gosta de fazer fofoca do bem. (…) Acho que muita gente que cercava um lado e o outro fizeram muita coisa – muito ‘ti ti ti’. E os dois ficaram estremecidos, mas o respeito, a admiração pelo trabalho do outro, isso está intacto” – finalizou o presidente da CBV.
Em Atenas, sob o comando de Bernardinho, o Brasil conquistou a medalha de ouro no masculino, enquanto o feminino sequer subiu ao pódio.
Carreiras que se entrelaçam
De gerações próximas, Zé Roberto Guimarães e Bernardinho são considerados ícones do esporte a nível mundial. O primeiro esteve dentro das quadras entre 1969 e 1981, enquanto o segundo, de 1979 a 1986. Depois das quadras, os primeiros contatos profissionais entre as partes aconteceu nos Jogos Olímpicos de Seul, na Coreia do Sul, quando auxiliaram Bebeto de Freitas.
Após a experiência, ambos se tornaram técnicos, dando início às respectivas carreiras que os levariam ao topo das seleções nacionais.

Zé Roberto Guimarães foi o primeiro a assumir a Seleção Brasileira masculina, onde levou o Brasil à conquista da medalha de ouro nos Jogos de Barcelona, em 1992. Em 1996, nos jogos de Atlanta, nos Estados Unidos, o país não subiu ao pódio. Após a campanha, o treinador deixou o cargo.
Bernardinho, por sua vez, assumiu a Seleção Brasileira feminina em 1994. Em Atlanta, dois anos depois, levou o time brasileiro ao terceiro lugar. O feito foi repetido nos Jogos de Sydney, na Austrália, no ano 2000.

Com a virada do século, os papéis se inverteram. Ainda em 2000, Bernardinho assumiu a seleção masculina, enquanto Zé Roberto Guimarães passou a dirigir a feminina em 2003.
Início da soberania
Desde que assumiu o time feminino, Zé Roberto Guimarães soma 22 anos à frente do time brasileiro. Além de vários outros títulos, ele levou o Brasil às conquistas de duas medalhas de ouro nos Jogos de Pequim (2008) e Londres (2012), e a prata, em Tóquio (2020). Com isso, se tornou o único treinador a subir ao lugar mais alto do pódio com duas seleções de gêneros diferentes.

Já a primeira passagem de Bernardinho no comando da seleção masculina durou até 2016. Foram, portanto, 16 anos dirigindo o time principal. No período, ele conquistou duas medalhas de ouro, em Atenas (2004) e no Rio de Janeiro (2016). Foram também duas pratas, em Pequim e Londres.
Em janeiro de 2017, ele deixou o comando técnico da seleção masculina, mas retornou em outubro de 2023. Nos Jogos de Paris, no ano passado, o Brasil não subiu ao pódio.
