Botafogo
Psicólogo do Botafogo destaca pilares da equipe vencedora e foco na mentalidade do grupo
Artur Jorge e Marlon Freitas foram citados por Paulo Ribeiro, além da mudança de mentalidade internamente no clube
O Botafogo conquistou o Campeonato Brasileiro e a Libertadores em 2024, mas também afastou os fantasmas de 2023. Fantasma esse que gerou, por muito tempo, brincadeiras como: “coisas que só acontecem com o Botafogo”, “tinha que ser com o Botafogo” e outras, que tentavam “normalizar” os fracassos do clube.
Para mudar a mentalidade e fortalecer cada vez mais o clube como um todo, o Botafogo tem na comissão técnica Paulo Ribeiro, chefe de psicologia do Botafogo. O profissional destacou, em entrevista para o PressFut, como alcançou esse objetivo com os jogadores.
— O Botafogo, pelo seu histórico dos últimos anos, deixou muitas pessoas com dúvidas sobre como seria a atuação dele no campeonato. O objetivo que eu sempre tive pessoalmente falando no Botafogo e que eu perseguia esse objetivo a todo custo, era criar uma outra mentalidade tanto no torcedor quanto das pessoas que trabalhavam no clube e nos jogadores que a gente tinha – disse.
Personagem que chegou para mudar a cara do Botafogo, o técnico Artur Jorge foi citado por Paulo Ribeiro como um maestro do grupo. Reconhecimento para quem conseguiu gerenciar cerca de 35 jogadores, de diferentes históricos, em busca dos mesmos objetivos. Destaque também para o Marlon Freitas, capitão e que deu a volta por cima no clube.
— Eu acho que o Artur Jorge foi um grande maestro na condução desse grupo. Gerenciar pessoas é a coisa mais que existe, porque cada um tem uma história diferente. Cada um veio de um lugar que ele era familiar e ele chega no difícil outro lugar diferente, encontra outra cultura, outras pessoas que pensam diferente dele e é preciso fazer isso, todo esse ecossistema, vamos chamar assim. O Marlon Freitas foi, durante a minha carreira de 35 anos de trabalho, o atleta mais resiliente que já encontrei na vida. E eu tenho reputação a ele como o cérebro dessa equipe, como uma pessoa que pode conduzir brilhantemente qualquer situação adversária que possa acontecer.
Confira outros pontos da entrevista:
— O Botafogo, pelo seu histórico dos últimos anos, deixou muitas pessoas com dúvidas sobre como seria a atuação dele no campeonato, principalmente no campeonato de 2023, a gente não pode deixar de falar disso. Mas quando a gente consegue modificar a mentalidade interna e mostrar isso para o externo, para fora, para as pessoas que acompanham o futebol, você observa que essa mentalidade, ela fica meio que contagiante. Isso a gente chama de contágio emocional, que na realidade foi até minha tese de doutorado: contágio emocional em equipes de esportes coletivos. Então esse contágio emocional, ele vai meio que pegando cada pessoa e vai replicando para as outras pessoas. Então, cada vez que tenho mais confiança naquilo que estou observando, naquilo que estou torcendo, vai crescendo a minha expectativa.
— Hoje, na série A do Campeonato Brasileiro, só quatro ou seis equipes, se eu não me engano, não tenho psicólogo na sua comissão técnica. A falta desse profissional não vai fazer o clube deixar de ganhar ou perder jogo. A questão não é essa. A importância da segurança psicológica que precisa ser colocada no primeiro plano. Essa segurança psicológica vem do meio ambiente. Se eu tenho um ambiente que ele proporciona, Acolher que ele proporciona, o sujeito se sentir relativo ao local, onde ele pode colocar suas ideias, saber que não tem julgamento ou pelo menos não tem tanto julgamento dentro daquele grupo, daquele lugar que ele está . Essa segurança psicológica dá a ele saúde mental. O psicólogo do esporte, no caso, ele está atento a esses detalhes e vai meio que monitorando esse ambiente, conversando com o treinador, conversando com o staff, conversando com o preparador físico e vai tentando ajustar algumas situações.