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Caso Henry Borel: Monique Medeiros depõe por mais de nove horas e Jairinho se limita a negar agressões

Audiência de instrução e julgamento do processo que apura a morte do menino será retomada no dia 16 de março

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Monique Medeiros durante depoimento em audiência de instrução do caso Henry Borel
Monique Medeiros durante depoimento em audiência de instrução do caso Henry Borel (Foto: Tatiana Campbell/Super Rádio Tupi)
Monique Medeiros durante depoimento em audiência de instrução do caso Henry Borel

Monique Medeiros durante depoimento em audiência de instrução do caso Henry Borel
(Foto: Tatiana Campbell/Super Rádio Tupi)

Terminou no final da noite dessa quarta-feira (09), na sede do Tribunal de Justiça do Rio, mais uma audiência de instrução e julgamento do caso Henry Borel. A sessão foi marcada pelos interrogatórios do ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Jairinho, padrasto do garoto; e da professora Monique Medeiros, mãe do menino Henry, que falou por mais de nove horas.

A primeira parte do depoimento de Monique teve início ainda no final da manhã e durou aproximadamente duas horas. Nela, a mãe de Henry Borel relatou, principalmente, como era o relacionamento com Jairinho e destacou o caráter abusivo, violento e bipolar do ex-parceiro.

“Ele pulou o muro da minha casa, invadiu e se incomodou com a conversa no meu celular, que ele tinha a senha. Acordei sendo enforcada na cama ao lado do meu filho”, falou a professora, ao revelar a primeira agressão que sofreu do ex-parlamentar.

Já na segunda parte, iniciada por volta das 15h, após um período de pausa, Monique fez uma cronologia dos acontecimentos desde o nascimento do filho, passando pela crise no casamento com o ex-marido Leniel Borel, até chegar na morte de Henry. Ao relembrar o dia da partida do filho, a professora não conseguiu conter a emoção e chorou ao recordar o momento em que recebeu a notícia.

“Meu filho não tinha um (hematoma) roxo, eu vi meu filho pelado, não tinha nada. As médicas não disseram nada, não existia machucado no meu filho e a gente não sabia o que estava acontecendo”, disse Monique, extremamente emocionada. “Quando foi 5h52, vieram dar a notícia que meu filho tinha morrido. Acho que foi o momento que eu não sei nem explicar, é como se tivessem arrancando um pedaço de você. Alguém estava arrancando um pedaço de mim e eu falei que não podia ser”,  desabafou na sequência.

Sexo para ‘acalmar’ Jairinho

Também nesta segunda etapa do depoimento, Monique voltou a falar sobre Jairinho e deu detalhes de como era relação íntima dos dois. Segundo ela, o sexo era algo usado com frequência como uma forma de resolver as brigas constantes do casal.

“Todas as vezes que nós namorávamos era como se fosse um ritual. Era ele em cima de mim, não existia outra posição, que a gente pudesse fazer. Ele sempre me enforcando, sempre me mandando eu dizer que ele era o único homem da minha vida, que eu nunca tinha transado com outro homem, que eu nunca tinha gozado com outro homem, que eu nunca tinha feito nada com outro homem e ele me obrigava a dizer isso até ele completar o que tinha que completar”, contou Monique.

“Isso todas as vezes. Não existia outra posição, outra maneira. Não podia ser no sofá, não podia na cozinha, no tapete, no chão. Era sempre na cama, em cima de mim me enforcando, não de modo que eu estava sendo torturada, mas como se fosse uma posse, um controle até na hora de estar namorando comigo”, complementou a mãe de Henry.

Ameaças dentro da cadeia

Posteriormente, em um outro momento do depoimento, Monique Medeiros relatou estar recebendo ameaças dentro da cadeia. A última teria acontecido esta semana, na segunda-feira (07). Na ocasião, 20 internas teriam ameaçado ela no pátio da prisão.

“Cerca de 20 detentas me ameaçaram recentemente durante o banho de sol. Uma delas, divide cela comigo”, iniciou. “Sou ameaçada todos os dias. Elas dizem que eu sou matadora de crianças, que vão dar canetada no meu ouvido, que vão jogar água fervendo em mim e que vão jogar uma coberta na minha cabeça para me dar porrada”, complementou a professora.

Após esta denúncia de Monique, a juíza Elizabeth Machado Louro, , da 2ª Vara Criminal da Capital, responsável por conduzir a audiência, se comprometeu a ajudar a resolver a situação. Mais a frente na sessão, a magistrada comunicou que a colega de cela que estava ameaçando Monique irá ser transferida.

Jairinho diz que nunca encostou em Henry

Antes do depoimento de Monique, ainda na manhã de quarta, o ex-vereador Jairinho prestou um curto depoimento, que só durou aproximadamente 10 minutos. Nele, o ex-parlamentar declarou que nunca encostou em um fio de cabelo de Henry, afirmou que algumas diligências não foram cumpridas e fez uma série de exigências, entre elas que os peritos fossem ouvidos.

“Eu tenho pedido desde o início para que ouçam os peritos porque tenho muitas dúvidas a esse respeito. Peço isso incansavelmente”, declarou Jairinho. “Já vou adiantar ao senhor que não vou ouvir a opinião do senhor a respeito de prova técnica. O senhor é médico, não é perito”, rebateu a magistrada.

Logo em seguida, a juíza perguntou se ele iria falar sobre o ocorrido e ele disse que não antes que tivessem todos os pedidos atendidos. Diante da negativa, o político foi dispensado.

Próxima sessão no mês que vem

Um novo depoimento de Jairinho está marcado para o dia 16 de março e simbolizará o fim da primeira fase do processo. Na etapa seguinte, cada uma das partes terá cinco dias para apresentar as alegações finais. Somente depois destas alegações é que a juíza Elizabeth Louro irá decidir se Jairinho e Monique vão ou não a júri popular.

Relembre o caso

Henry Borel, filho de Monique e enteado de Jairinho, faleceu em 08 de março do ano passado. Segundo o inquérito policial, o menino, de quatro anos de idade, teria sido vítima de torturas realizadas no apartamento do casal, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. No dia da morte, o garoto foi levado para o Hospital Barra D’Or, mas já chegou sem vida ao local.

Apontados como os responsáveis pelo crime, Monique Medeiros e Jairinho estão presos desde 08 de abril de 2021 e foram denunciados pelo Ministério Público pela prática de homicídio qualificado por motivo torpe, com recurso que dificultou a defesa da vítima. Além disso, os dois respondem pelos crimes de tortura, coação de testemunha, fraude processual e falsidade ideológica.

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