Mundo Corporativo
Brasil perde R$ 1,08 tri por falhas no trabalho, diz estudo
Estudo inédito “Lost in Transition – Brasil”, da Pearson, revela que o país perde o equivalente a 9% do PIB por ano em períodos-chave que envolve trabalho e aprendizado
A pesquisa já analisou dados de Brasil, Austrália, Canadá, Arábia Saudita, Reino Unido, Estados Unidos (e mais as economias de Nova York e Califórnia) e mostrou que, embora todas as economias estejam sendo afetadas por mudanças tecnológicas e estruturais envolvendo aprendizagem e qualificação, o Brasil é o que mais perde valor econômico nessas fases de transição. Na Califórnia, segunda colocada no ranking, o impacto equivale a 4,8% do PIB, praticamente a metade da perda brasileira.
O levantamento mostra que, enquanto nas demais economias as maiores perdas são provocadas pela automação, no Brasil o fator mais crítico está nas transições de um emprego para outro, que respondem por quase dois terços das perdas totais (R$ 701 bilhões). O estudo aponta que mais de 20% dos desempregados brasileiros permanecem sem ocupação por mais de dois anos, com uma duração média de 42 semanas, muito acima do observado em países como Canadá (18) e Reino Unido (32).
“Os resultados da pesquisa mostram que o Brasil não está perdendo valor econômico apenas por causa da automação, mas porque muitas pessoas demoram demais para se reconectar ao mercado de trabalho. Essa demora tem um custo alto para o país, em produtividade, em renda e em desenvolvimento humano”, afirma Cinthia Nespoli, CEO da Pearson no Brasil.
De acordo com o estudo, 32% dos empregos brasileiros estão sob alto risco de automação, sobretudo em setores industriais e agrícolas. Ao mesmo tempo, 24% dos jovens entre 18 e 24 anos são um perigo à economia, pois estão caracterizados como ‘nem-nem’, ou seja, não estudam nem trabalham, uma das taxas mais altas do mundo, segundo dados complementares da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Esses fatores reforçam a urgência de políticas que combinem requalificação profissional, apoio à transição de carreira e estímulo à aprendizagem contínua.
“A pesquisa deixa claro que as economias mais resilientes são aquelas que investem em aprendizado ao longo da vida e em políticas ativas de recolocação. No Brasil, reduzir em apenas 20% o tempo médio de desemprego poderia gerar ganhos de até R$ 140 bilhões por ano”, reforça Cinthia. “Aprender de forma contínua não é mais uma vantagem, é uma estratégia para garantir relevância profissional em um mercado cada vez mais impactado pela inteligência artificial e outras tecnologias”, complementa.
Para formuladores de políticas, o estudo sugere investimentos ainda maiores no combate ao desemprego estrutural, com programas de encaixe profissional, requalificação e reinserção ágil dos profissionais no mercado, além de estratégias para antecipar-se aos impactos da automação, agindo antes que ela se torne a principal fonte de disrupção. Já entre as empresas, o estudo aponta para ações que promovam a resiliência da força de trabalho e que fortaleçam processos de recrutamento, ao adotar estratégias de aprendizagem contínua.
“O Brasil tem uma força de trabalho jovem e diversa, com enorme potencial para liderar essa transição. O desafio é conectar o talento às oportunidades certas, com o apoio de uma educação que prepare para o futuro”, conclui Nespoli.
Já as perdas da pesquisa foram convertidas para dólares ajustados pelo Poder de Compra (PPC) de 2024 para permitir comparações mais precisas entre países. O PPC reflete diferenças de preços locais e mostra melhor o custo real das perdas. Apesar da metodologia comum, cada economia usa fontes e ajustes próprios, o que exige cautela nas comparações. Os resultados devem ser vistos como referências indicativas, voltadas a evidenciar diferenças estruturais e orientar discussões sobre prioridades de políticas, especialmente no caso do Brasil.
Website: http://pearsonplc.com