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“Buenos Aires acordou mais cinzenta”: brasileiro relata clima após morte do Papa
Em entrevista à Rádio Tupi, brasileiro descreve comoção nas ruas da capital argentina após a morte do Papa Francisco
“Buenos Aires acordou mais cinzenta na manhã desta segunda-feira.” A frase, embora não dita por um argentino, descreve com precisão o clima de comoção que tomou conta da capital após a morte do Papa Francisco.
A notícia do falecimento do pontífice, anunciada oficialmente nesta segunda-feira (21), gerou forte comoção entre os argentinos. Na Catedral Metropolitana de Buenos Aires, onde Francisco atuou como arcebispo, dezenas de fiéis se ajoelharam com lágrimas nos olhos durante a primeira missa em sua homenagem.
Direto da capital argentina, o advogado brasileiro Thiago Moreira, que está no bairro de Palermo a passeio, relatou à Rádio Tupi o sentimento observado nas ruas: “A população tá muito comovida e muito saudosa com a morte do Papa”, afirmou.
Apesar da tristeza generalizada, o ritmo da cidade ainda é marcado pela rotina. “Como se trata de uma segunda-feira, um dia útil comum para os argentinos, as pessoas estão se movimentando e continuando suas vidas”, relatou Thiago, descrevendo um cenário de luto silencioso.
O presidente Javier Milei decretou sete dias de luto oficial em todo o país, reconhecendo a importância do Papa para a história da Argentina — mesmo após anos de tensões e declarações públicas polêmicas entre os dois. Durante a campanha presidencial, Milei chegou a chamar Francisco de “representante do maligno na Terra”, mas adotou um tom mais conciliador após assumir o cargo.
A cerimônia fúnebre será realizada na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, contrariando a tradição de sepultamento na Basílica de São Pedro.
Francisco foi o primeiro Papa latino-americano da história e desempenhou papel essencial na reaproximação da Igreja Católica com os povos da América Latina, especialmente os mais humildes. Sua figura se tornou símbolo de espiritualidade e humildade para os argentinos, mesmo em um país que vive um lento processo de secularização.
Segundo dados da Segunda Encuesta Nacional sobre Creencias y Actitudes Religiosas (CONICET, 2019), 62,9% da população argentina se declara católica, embora nas regiões urbanas como a Grande Buenos Aires esse número caia para 56,4%. Mesmo assim, a morte do Papa tocou profundamente a alma do país.
