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Donald Trump nega planos de bombardear a Venezuela

Presidente dos EUA reage informações divulgadas pela imprensa sobre intenção de bombardear instalações militares

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Donald Trump (Foto: Reprodução/Instagram Trump)

Os jornais Miami Herald e Wall Street Journal (WSJ) tinham divulgado que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, poderia ordenar bombardeios a instalações militares dentro da Venezuela “nas próximas horas” ou “nos próximos dias”. A bordo do Air Force One, o próprio Trump negou a informação, ao ser questionado por jornalistas. “Não, não é certo”, respondeu o republicano, em espanhol.

Por sua vez, o The Washington Post publicou que o regime de Nicolás Maduro enviou cartas aos presidentes Vladimir Putin (Rússia) e Xi Jinping (China), por meio das quais pede apoio militar e cooperação em defesa. Na mensagem a Putin, Maduro teria solicitado auxílio para o reparo de caças Sukhoi Su-30MK2 comprados pela Venezuela e a aquisição de 14 mísseis. O WSJ destacou que a Casa Branca não teria uma decisão final sobre uma eventual ofensiva aérea. 

Os ataques, segundo o WSJ, visariam destruir as instalações militares utilizadas pelo Cartel de Los Soles, supostamente liderado por Maduro e por membros da cúpula do regime de Caracas. Oito navios da Marinha dos Estados Unidos foram enviados ao Mar do Sul do Caribe pelo Departamento de Guerra (Pentágono), incluindo o destróier USS Gravely e o USS Gerald Ford, o maior porta-aviões da frota americana. Aviões de combate furtivos F-35 estão de prontidão em Porto Rico. Desde 2 de setembro passado, os EUA têm realizado uma série de bombardeios contra lanchas que pertenceriam ao narcotráfico veneuelano. Nas últimas semanas, 62 pessoas morreram no Caribe e no Pacífico nos ataques realizados por Washington. Familiares das vítimas afirmam que algumas delas eram apenas pescadores. 

Na mesma linha de Trump, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, tratou de desmentir o Miami Herald. “Suas ‘fontes’, que dizem ter ‘conhecimento da situação’, os enganaram para que escrevessem uma notícia falsa”, declarou em seu perfil na rede social X. 

“A possível intervenção militar dos EUA na Venezuela recai na dinâmica do ‘poder pode, mas não deve’. Grande parte das Forças Armadas venezuelanas apoia Maduro. Em termos de ataque, isso significaria um tensionamento muito grande das relações internas, o que não necessariamente traria uma mudança de regime, com uma nova pessoa assumindo o poder”, explicou ao Correio Cristina Soreanu Pecequilo, professora de relações internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Essa pessoa, a gente acaba pensando na María Corina Machado, que teve o Nobel da Paz contestado pela própria academia norueguesa.”

Ceticismo

Para Pecequilo, Maduro fará um movimento para tentar aprimorar a capacidade de resistência de suas forças. “Acho muito pouco provável que a Rússia ou a China ofereça qualquer armamento para a Venezuela, que tem uma compra de equipamentos militares desses países. Mas, não vejo envolvimento dos dois. A Rússia está envolvida com a guerra na Ucrânia, e a China fechou uma negociação comercial com Trump. Isso sugere que não vale a pena esse tipo de intervenção no momento”, observou. A professora da Unifesp lembrou, no entanto, que Trump prometeu não atacar o Irã e acabou por fazê-lo. 

Professor de ciência política da Universidad Simón Bolívar, Jose Vicente Carrasquero Aumaitre disse à reportagem que, apesar de Maduro recorrer a Putin, seu aliado mais importante, a Rússia não tem condições de oferecer ajuda. “Moscou perdeu muito com a guerra na Ucrânia e teve sua capacidade militar muito reduzida. A solicitação de ajuda de Maduro é um grito na escuridão; ele pretende ver se consegue acalmar os venezuelanos e transmitir-lhes a ideia de que tem o controle da situação”, avaliou. 

Aumaitre não descarta que a mobilização do porta-aviões USS Gerald Ford e dos destróieres tenha a finalidade de ir além da pressão psicológica sobre o regime de Maduro. “É cada vez mais provável que haja algum tipo de ação militar, não necessariamente contra ativos da Venezuela, mas contra o narcotráfico. Precisamos levar em conta que, antes de usar bombardeiros contra instalações nucleares do Irã, Trump anunciou um ataque em duas semanas e ele ocorreu em 48 horas. Não se pode esperar que ele diga a verdade.”

Líder opositor pode perder a nacionalidade 

O Ministério do Interior da Venezuela solicitou ao Tribunal Superior de Justiça que retire a nacionalidade venezulana de Yon Goicoechea, líder opositor exilado na Espanha, sob a acusação de pedir a “invasão e ocupação militar” do país. “A decisão de tirar minha nacionalidade é inconstitucional. A Constituição de meu país não prevê nenhum caso no qual um venezuelano de nascimento possa ser privado de sua identidade nacional. É uma covardia tremenda. Eu tenho dedicado minha vida à defesa da liberdade na Venezuela”, desabafou Goicoechea ao Correio, por telefone. “Sou venezuelano e creio que, como cidadão, tenho cumprido meu papel ante as instituições e como líder dos protestos pró-democracia nos últimos 20 anos. Fui forçado ao exílio por duas vezes, além de prisioneiro político por um ano e meio. Essa decisão me surpreende, pois não há precedentes. Leopoldo López sofreu a mesma acusação há poucos dias. Ele e eu seríamos os dois venezuelanos privados de nacionalidade nos últimos 500 anos de história venezuelana.”

EU ACHO…

“Ataques militares têm o efeito oposto ao desejado: tendem a reforçar o regime que está no poder, e não levar a uma mudança. Acho que continuará uma situação muito tensionada, mas, pensando na lógica da geopolítica, eu gostaria que os limites dos Estados fossem respeitados.”

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