Ex-presidente francês Nicolas Sarkozy promete cumprir prisão “de cabeça erguida”

O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy enfrenta a sua maior queda política e pessoal. Aos 70 anos, ele foi condenado pela Justiça da França a cinco anos de prisão em um processo sobre o suposto financiamento ilegal pela Líbia em sua campanha eleitoral de 2007. A decisão inclui a execução provisória da pena, o que deve levá-lo ao cárcere em breve.

Sarkozy, que já havia sido condenado em outros dois casos, sempre conseguiu evitar a prisão. Desta vez, porém, será o primeiro ex-presidente francês a efetivamente cumprir pena em regime fechado, depois de já ter sido monitorado por tornozeleira eletrônica.

Conhecido por sua postura combativa, o ex-presidente classificou a decisão como uma “injustiça insuportável”. Em tom desafiador, afirmou: “Se querem que durma na prisão, vou dormir na prisão de cabeça erguida. Sou inocente”.

Da glória política ao colapso judicial

Eleito em 2007, Sarkozy teve apenas um mandato, encerrado com a derrota para o socialista François Hollande em 2012. Quatro anos depois, perdeu também nas primárias de seu próprio partido, o que marcou sua saída da vida pública.

“Chegou a hora para mim de despertar mais paixão privada e menos paixão pública”, declarou na época.

Apesar disso, seguiu influente nos bastidores políticos, recebendo interlocutores de diferentes correntes, do presidente Emmanuel Macron ao líder da extrema-direita Jordan Bardella.

Quem é Nicolas Sarkozy?

Nascido em 1955, filho de um imigrante húngaro e de mãe de origem grega, Sarkozy sempre ressaltou ser um “francês de sangue misturado”. De origem modesta, não seguiu a tradição das elites políticas francesas, mas construiu uma trajetória meteórica:

• Prefeito aos 28 anos, em Neuilly-sur-Seine;
• Deputado aos 34;
• Ministro aos 38;
• Presidente da França aos 52, em sua primeira tentativa.

Entre polêmicas e vida pessoal

Admirado por sua energia, mas criticado por atitudes consideradas impulsivas, Sarkozy ficou famoso por frases explosivas, como o insulto a um homem que se recusou a cumprimentá-lo: “Casse-toi pauvre con!” (“Desapareça, idiota!”).

Sua vida pessoal também esteve constantemente sob os holofotes. Foi o primeiro presidente francês a se divorciar durante o mandato e, em 2008, casou-se com a modelo e cantora Carla Bruni, com quem teve uma filha. De relacionamentos anteriores, tem outros três filhos.