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Macron anuncia reconhecimento do Estado da Palestina pela França
Em discurso na ONU, presidente francês oficializa decisão histórica e defende solução de dois Estados para o Oriente Médio
O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou nesta segunda-feira (22/9) que o país passa a reconhecer oficialmente o Estado da Palestina. A medida confirma a promessa feita em julho, quando o líder francês declarou que faria o reconhecimento durante a Assembleia-Geral da ONU.
A declaração ocorreu em um evento voltado para discutir o fim do conflito no Oriente Médio e a adoção da solução de dois Estados. O encontro, organizado em conjunto por França e Arábia Saudita, não contou com representantes de Israel e dos Estados Unidos, ambos contrários ao reconhecimento da Palestina e ao modelo de divisão territorial.
Diante de aplausos no salão da ONU, Macron afirmou que “esse reconhecimento é uma forma de afirmar que o povo palestino não é só mais um povo. É um povo com história e dignidade, e o reconhecimento de seu Estado não subtrai nada do povo de Israel”.
A decisão francesa veio um dia depois de países como Austrália, Canadá, Portugal e Reino Unido também oficializarem o reconhecimento da Palestina, no domingo (21/9). O movimento marca uma mudança significativa no cenário internacional, já que a França se torna o terceiro país do G7 — ao lado de Reino Unido e Canadá — a adotar essa posição. O peso simbólico é ainda maior porque o país abriga, simultaneamente, a maior comunidade judaica e a maior comunidade árabe da Europa.
Durante o discurso, Macron acrescentou que Paris abrirá uma embaixada na Palestina “assim que os reféns do Hamas forem devolvidos e um cessar-fogo for assinado”. Ele destacou que caberá à liderança palestina oferecer ao seu povo, marcado por décadas de ocupação, a esperança de um sistema democrático. Segundo o presidente francês, os compromissos citados foram endossados por Mahmoud Abbas — presidente da Autoridade Palestina —, que não pôde comparecer ao evento após ter o visto negado pelo governo de Donald Trump.
Macron ainda defendeu a criação de “um Estado soberano e desmilitarizado, reconhecido por Israel em uma região que finalmente verá a paz”, manifestando esperança de que países árabes normalizem relações diplomáticas com Tel Aviv assim que o Estado palestino for consolidado.
Após o pronunciamento, o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, príncipe Faisal bin Fahran Al Saud, reforçou a posição favorável à solução de dois Estados e condenou o ataque de Israel contra o Qatar. Para ele, Tel Aviv ameaça a estabilidade de todo o Oriente Médio.