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Política

Doria pede reação do Congresso contra Bolsonaro, que rebate: ‘Cuide de São Paulo que eu cuido do Brasil’

Além do governador paulista, outras personalidades políticas também se posicionaram sobre o colapso na saúde do Amazonas e a condução da pandemia por parte do governo federal

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(Foto: Montagem/Reprodução)

(Foto: Montagem/Reprodução)

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez um discurso indignado, nesta sexta-feira (14), ao falar sobre o colapso no sistema de saúde do estado do Amazonas e a falta de estoque de oxigênio nos hospitais. Doria se mostrou revoltado com a informação de que o governo local estava tendo de pedir ajuda para 60 bebês prematuros que poderiam ficar sem ter como respirar.

“Gente, é o fim do mundo isso. Para quem é pai, quem é mãe, não ter oxigênio para bebê? A irresponsabilidade do governo Bolsonaro, me choca isso como brasileiro!”, afirmou Doria, visivelmente irritado, ao mesmo batia o próprio celular no púlpito em que falava. Isso aconteceu durante a entrevista coletiva concedida pelo governador no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, no início da tarde.

Para Doria, o Congresso Nacional e a sociedade civil como um todo devem reagir, com urgência, ao modo como o presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem Partido), tem conduzido as ações diante da pandemia. “O negaciosismo (está) dominando o país no governo federal. Um mar de fracasso, colocando como vítimas milhares de brasileiros que perderam a sua vida e outros milhares que podem perder. Está na hora de termos uma reação a isso. Da sociedade civil, dos brasileiros, da população do Brasil, da imprensa, do Congresso Nacional de quem puder ajudar. Ou vamos assistir a isso? Ou vamos assistir a isso por meses e achar que é isso normal, que faz parte e que a ideologia do negaciosismo é aceitável?”, questionou.

Situação no Amazonas provoca revolta de outros políticos

Além de Doria, outras personalidades políticas também se posicionaram, publicamente, sobre o assunto e criticaram a condução da pandemia por parte de Bolsonaro. Pelo Twitter, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), afirmou que “o presidente da República tem a obrigação moral e humanitária de se deslocar imediatamente para Manaus”.

A ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (REDE) também usou as redes sociais para publicar que “a falta de oxigênio em Manaus é o retrato de um descaso crônico do Governo Federal com a saúde dos brasileiros”. Já Fernando Haddad (PT), que disputou o segundo turno das eleições presidenciais contra Bolsonaro em 2018, alegou que “não há maior prova de incompetência” do que a situação no Amazonas.

O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), por sua vez, decidiu comentar a declaração da multinacional White Martins. A fornecedora de oxigênio medicinal declarou ter informado ao governo federal e do Amazonas sobre a dificuldade para a realização do fornecimento do produto. Sobre isso, Ciro disparou: “Mais uma prova contundente da responsabilidade do Governo Federal pelas mortes em Manaus. Bolsonaro é um genocida”.

Apontado como um dos prováveis postulantes a cadeira da Presidência em 2022, o apresentador Luciano Huck usou as redes sociais para convocar um panelaço contra o governo de Jair Bolsonaro, às 20h30 desta sexta-feira. Além disso, Huck postou um vídeo criticando Bolsonaro, mas sem mencionar ele nominalmente. “Isso é consequência da irresponsabilidade, da ingerência, da falta de coordenação, da falta de respeito, da negação da ciência e de todos os absurdos que a gente viu, ouviu e leu de como as autoridades brasileiras estão tratando a crise de Covid-19”, afirmou.

‘Ele que cuide da vida dele em São Paulo que eu cuido do Brasil’, rebate Bolsonaro

(Foto: Reprodução/Band)

Já no fim da tarde, o presidente Jair Bolsonaro deu uma entrevista ao vivo para o policialesco “Brasil Urgente”, da Band, na qual rebateu as críticas feitas por João Doria. Na conversa com o apresentador José Luiz Datena, Bolsonaro chamou o governador paulista de “moleque”, “irresponsável” e “morto politicamente”.

“É hora de nos unirmos pelo bem e para o bem. Tem pessoas morrendo em Manaus por asfixia! Em abril, o STF decidiu que o presidente não poderia interferir em estados e municípios sobre ações da covid-19. Ponto final! O que fizemos? Ajudamos com recursos. E muitos! Estamos fazendo todo o possível em Manaus apesar de o Supremo Tribunal Federal ter me proibido. Isso é um discursinho de um governador que aumenta assustadoramente o ICMS de tudo. Não tem moral para falar de ninguém. Esse cara se elegeu com meu nome. Não deu dois meses e começou a me atacar de olho na cadeira presidencial. Ele que cuide da vida dele em São Paulo que eu cuido do Brasil. Se não tem o que fazer, não nos atrapalhe”, disparou o chefe do Executivo.

O presidente ainda prosseguiu o raciocínio. “Um avião já posou (em Manaus), vamos construir um hospital de campanha em tempo recorde. Já que o Doria quer falar… Ele diminuiu o número de leitos de UTI para Covid-19 em São Paulo. Em consequência, mesmo com o mesmo número de infectados, os hospitais que sobraram dobraram as internações. Estamos mexendo com vidas humanas! São Paulo é um dos estados que tem mais infectados. Ele tem coragem moral? Pilantra não é homem! Eu não posso interferir nas medidas contra Covid-19, estou cometendo um crime por ajudar Manaus! Se esse moleque que governa São Paulo tem coragem moral, critica o STF! Estou desobedecendo o Supremo! Estou interferindo (…). Esse calcinha apertada… Seja homem! É duro mexer com quem tem um comportamento como ele. Nada contra a opção, mas é duro trabalhar com quem tem esse tipo de opção. Medíocre. Ele é linchado se sair na rua”, coplementou.

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