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Política

Ex-ministro de Lula e Dilma defende discurso de Bolsonaro na ONU

Para Aldo Rebelo, presidente acertou ao fazer uma abordagem da Amazônia "a partir de uma perspectiva que não é a das ONGs"

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Para Aldo Rebelo, presidente acertou ao fazer uma abordagem da Amazônia “a partir de uma perspectiva que não é a das ONGs”
(Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil)

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, Aldo Rebelo (SD), ex-ministro dos governos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT), defendeu que o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), fez uma abordagem assertiva de uma Amazônia desconhecida. De acordo com ele, as ONGs, apesar de terem pautas legítimas, propiciam com seus discursos e atos a interferência de potências em nações mais frágeis.

“Um ponto positivo no discurso do presidente Jair Bolsonaro na ONU, foi a abordagem da questão da Amazônia a partir de uma perspectiva que não é a das ONGs, que tratam a floresta como um santuário desantropizado. Ou seja, para essas pessoas, parece que não mora ninguém na Amazônia. E lá vive a população mais abandonada no Brasil, que são os índios e ribeirinhos, com a mais alta taxa de mortalidade e analfabetismo. Eu vi municípios sem médicos e que dependem da única instituição que esta lá presente: as Forças Armadas. O presidente abordou corretamente essa outra Amazônia praticamente desconhecida. Mas Bolsonaro assumiu uma posição muito defensiva no caso da Amazônia. Podia ser mais explicativa. Basta recorrer aos grandes intelectuais que abordaram a questão da Amazônia. Os ensaios do Euclydes da Cunha, o Josué de Castro com o livro Geografia da Fome e outros”, declarou Aldo.

Já quanto aos pontos negativos da fala, o ex-ministro destacou: “Como alguém chega na ONU e faz um discurso de defesa da soberania do seu País, mas interfere na soberania dos outros? Bolsonaro acha que ninguém pode se meter na Amazônia, mas pode se meter na Venezuela, Cuba e Argentina. É completamente incoerente. Absolutamente fora das tradições do Itamaraty, que é uma instituição que adquiriu respeito por mediar e resolver conflitos. Hoje, temos um Itamaraty especializado em criar conflitos. Onde não existe um conflito, o Itamaraty vai lá e cria. Até conflitos internos”.

Indagado sobre como avalia a situação, Aldo pondera: “Evidente que esse tema é um encontro de duas agendas em conflito. Uma é a preocupação com o meio ambiente no mundo inteiro, que é uma coisa legítima e verdadeira. Há problemas ambientais graves no mundo e provavelmente os mais graves não estejam nem no Brasil. Há outra questão que é o fato de a Amazônia sempre ter sido um ambiente de disputa. O Tratado de Tordesilhas não apareceu por acaso. Em 1492, as duas potências coloniais do mundo (Portugal e Espanha) já disputavam aquilo ali. Fizeram um tratado. As crônicas do século 19 registram a presença da Marinha americana no rio Amazonas”.

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