Rio
Acidentes de moto lotam hospital em São Gonçalo: 36 casos em 24 horas
O ortopedista da unidade afirma que existe um perfil bem característico para os acidentes: idade entre 18 e 30 anos com pico de 20 anos
O Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), em São Gonçalo, registrou nas últimas 24 horas a entrada de 36 vítimas de acidentes de moto, oito delas do bairro de Itaúna, em Saquarema. Os casos incluem quedas, atropelamentos e colisões. Três pacientes estão em estado grave.
De janeiro a junho deste ano, o hospital recebeu 3.078 vítimas de acidentes de moto, aumento de 31,9% em relação ao mesmo período de 2023. Só em São Gonçalo foram 2.154 registros, 70% do total. Para alertar sobre os riscos, a prefeitura lançou a campanha “Imprudência custa caro”.
“Acidentes de moto tem perfil característico”
Segundo o ortopedista Carlos Neves, coordenador do serviço de ortopedia do Heat, os acidentes sobrecarregam a unidade e adiam cirurgias eletivas.
“Os acidentes impactam diretamente na nossa assistência. Os de moto são 80% deles. As fraturas dos idosos, crianças e adolescentes em idade escolar e os pequenos acidentes ficam para depois porque a gente tem que parar tudo para atender a emergência do trauma de alta complexidade. E, infelizmente, a maioria é acidente de moto com um perfil bem característico: idade entre 18 e 30 anos com pico de 20 anos. E ainda há adolescentes sem habilitação conduzindo moto e se acidentando”, explicou o ortopedista.

O médico destaca que os casos têm custos cada vez mais altos. “São traumas cada vez mais desafiadores. São politraumatizados e polifraturados em que há necessidade de implantes especiais de alto custo, medicações de alto custo, mais tempo de terapia intensiva e tempo estendido de internação hospitalar, ocupando leitos. Depois dessa assistência, a vítima ainda tem um longo percurso em reabilitação porque o paciente não sai apto para voltar às atividades sociais e laborativas. Ele continua gerando um alto custo para os contribuintes”, concluiu o médico.
“Imperícia, negligência ou imprudência”
Nos primeiros seis meses do ano, 1.539 pacientes seguiram em tratamento de fisioterapia e consultas com ortopedistas na rede municipal. Para Neves, a prevenção é o caminho.
“A palavra é educação. A maioria dos acidentes é por imperícia, negligência ou imprudência. Medidas simples de educação no trânsito, consciência, não só do motorista da moto, mas de todos os envolvidos, poderiam reduzir muitos acidentes. A grande mensagem é que a imprudência custa caro para todos. Não é só para a vítima, mas para quem cuida da vítima e para toda a sociedade. Esse indivíduo vai continuar gerando gastos com tratamento por longo período ou permanentemente”, finalizou.