Ana Maria Gonçalves é a primeira mulher negra eleita para a ABL - Super Rádio Tupi
Conecte-se conosco
x

Rio

Ana Maria Gonçalves é a primeira mulher negra eleita para a ABL

Escritora de "Um Defeito de Cor" é a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na ABL em seus 128 anos

Publicado

em

Compartilhe
google-news-logo
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em um momento histórico para a cultura nacional, a escritora Ana Maria Gonçalves, de 55 anos, foi eleita nesta quinta-feira (10) para ocupar a cadeira nº 33 da Academia Brasileira de Letras (ABL), tornando-se a primeira mulher negra a integrar a instituição em 128 anos de existência.

Autora de obras como “Um Defeito de Cor”, Ana Maria recebeu 30 votos dos acadêmicos, superando nomes como Eliane Potiguara, que ficou em segundo lugar na eleição. A vaga se abriu após a morte do acadêmico Evanildo Bechara.

Quem é Ana Maria Gonçalves?

Mineira de Ibiá, Ana Maria Gonçalves é publicitária, roteirista, dramaturga e escritora. Ela ganhou reconhecimento nacional e internacional com o romance “Um Defeito de Cor”, publicado pela editora Record. A obra narra a saga de uma menina nascida no Reino do Daomé, capturada como escravizada aos 8 anos e que luta para retornar à sua terra natal.

A protagonista do livro é inspirada em Luísa Mahin, uma das figuras históricas da Revolta dos Malês, e se tornou símbolo da resistência negra e feminina. A história, multipremiada, foi tema do enredo da Portela no Carnaval 2024, que emocionou o público na Sapucaí.

“’Um Defeito de Cor’ é a história da luta preta no Brasil incorporada em uma mulher que enfrentou os maiores desafios imagináveis pra continuar viva e preservar suas heranças e raízes”, disse a autora antes do desfile.

O que representa a eleição de Ana Maria para a ABL?

A entrada de Ana Maria na ABL foi celebrada por diversos membros da academia, que reconheceram a importância do momento para a representatividade negra e feminina nas letras brasileiras.

“É um dia histórico. Ana representa um grupo de pensadoras e intérpretes do Brasil que transforma a nossa maneira de entender a cultura”, afirmou a também acadêmica Lilia Moritz Schwarcz.

Gilberto Gil, que integra a ABL desde 2021, destacou a “literatura potente” da escritora, enquanto o presidente da ABL, Merval Pereira, exaltou a conquista:

“Ana Maria é uma das maiores escritoras brasileiras dos últimos anos. Sua eleição reafirma o compromisso da ABL com a diversidade étnica, cultural e de gênero. Queremos representar o Brasil em sua pluralidade.”

Como foi a eleição?

Além de Ana Maria e Eliane Potiguara, outros 11 candidatos disputaram a cadeira nº 33, entre eles Ruy da Penha Lobo, Célia Prado, João Calazans Filho e Aurea Domenech. A vitória com ampla maioria de votos consagrou o reconhecimento da crítica e do público pelo trabalho de Ana Maria.