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Rio

Campanha Setembro Verde: esperança para quem aguarda por um transplante

Falta de informação ainda é obstáculo na luta pela vida de milhares de pessoas

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Doação de órgãos campanha
(Foto: Reprodução)

Setembro chegou trazendo com ele a campanha Setembro Verde – de sensibilização e conscientização da importância da doação de órgãos. E, já na primeira semana do mês, o Programa Estadual de Transplantes, criado em 2010 com o objetivo de aumentar o número de transplantes de órgãos e tecidos no Estado do Rio de Janeiro, realizou a doação de um coração, dois rins, fígado, além das córneas de uma paciente de Volta Redonda, no Sul Fluminense.

A captação foi feita em 31 de agosto, no Hospital São João Batista, após familiares de uma mulher de 39 anos, que teve morte encefálica, autorizarem a doação dos órgãos e tecidos da paciente. Foi a primeira captação de um coração da história do hospital do Sul Fluminense.

“O primeiro passo é acolher a família do paciente, desde a internação. Avaliamos a gravidade e a suspeita de uma morte encefálica. Somente depois de alguns exames e com diagnóstico definido é possível pensar em doação. A gente não convence uma família a doar, a gente trabalha em cima de conscientização da doação de órgãos e tecidos”, explicou Daniela da Silva, enfermeira responsável pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do hospital.

Os órgãos doados beneficiam pacientes que estão na fila de transplantes do SUS (Sistema Único de Saúde).

“Quando autorizada a doação pela família, os Centros Transplantadores são comunicados. Somente pessoas inseridas no cadastro único, sendo compatíveis com o doador, é que podem receber a doação. A princípio, os órgãos são ofertados dentro do estado. Se não tiver um receptor compatível, a doação vai para outros pontos do país”, ressaltou Daniela.

No dia 27 de setembro é comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos e só quem está na fila de espera sabe o quanto são importantes as ações de conscientização. Mônica Cid, de 68 anos, teve hepatite tipo C, que acabou desencadeando numa cirrose hepática. Entrou na fila do SUS e aguardou por sete meses por um transplante de fígado. Quando sua situação se agravou, e ela corria risco de vida, veio a melhor notícia da sua vida.

“Era a minha vez e imediatamente fui encaminhada para o hospital para receber o órgão. Sou plena em todas as minhas funções hoje graças ao meu doador e à família doadora. Um ‘sim’ me deu uma nova vida”, disse Mônica, que foi transplantada no Hospital Adventista Silvestre, no Cosme Velho, na Zona Sul do Rio, através do SUS.

A doação de órgãos e seus mitos

​​A falta de informação ainda limita e muitas vezes impede que vidas sejam salvas. Muitas pessoas acreditam que para ser um doador é necessário deixar algo por escrito. Isso não é verdade. Basta avisar aos familiares de primeiro ou segundo grau (pai, filho, irmãos, avós, cônjuges), pois serão eles que vão assinar o documento autorizando a doação dos órgãos e tecidos.

Outro mito é que a família do doador precisa arcar com os custos da doação. Mas, o doador ou sua família não têm custos nem ganho financeiro com a doação dos órgãos ou tecidos.

É comum também ouvir que os médicos do setor de emergência, se souberem que você é um doador, não vão se esforçar para salvá-lo. Não é verdade. O tratamento e os cuidados médicos a um paciente doador serão o mesmo oferecido a um não doador.

Programa Estadual de Transplantes

O programa investiu na implantação de quatro coordenações Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Hospital Estadual Getúlio Vargas, Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, Hospital Estadual Azevedo Lima e Hospital Estadual Alberto Torres).

Desde a criação do programa o estado triplicou o número de doadores por milhão de pessoas (pmp). Em 2012 foi atingida a média de 14 doadores/pmp, superando a média brasileira, que é de 11 doadores/pmp. A taxa de efetividade (relação entre o número de órgãos doados e os que têm condições técnicas de serem transplantados) também subiu, passando de 15%, em 2010, para 24%.

De janeiro a julho deste ano, foram realizados 1.528 transplantes, sendo 491 órgãos sólidos transplantados, 102 transplantes de medula óssea, 308 de córnea, 55 de esclera e 572 tecidos músculo esqueléticos disponibilizados para transplante.

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