Ensaio Newborn celebra 1ª dupla maternidade de um menino por inseminação caseira no RJ

Em meio ao clima de Natal, a emoção tomou conta de um estúdio fotográfico, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, no início deste mês de dezembro. O casal homoafetivo formado pela professora de História, Ana Paula Alonso do Nascimento, e a promotora de vendas, Aline da Silva Vicente, comemorou o nascimento do pequeno Bernardo Vicente Alonso, o primeiro menino por inseminação caseira do Rio de Janeiro a conquistar a dupla maternidade. Antes dele, apenas uma menina havia conseguido o registro.

O ensaio newborn – feito nos primeiros meses de vida de uma criança – foi marcado pela emoção. Segundo o casal, as fotos registraram não só a felicidade da família, como a superação de inúmeras barreiras, começando pela certidão de nascimento com os nomes de ambas as mães. “O ensaio para nossa família foi algo incrível e emocionante. Choramos em vários momentos, porque nos lembramos da caminhada até aquele registro. Representou para nós a mais pura demonstração de afeto e delicadeza capturada pelas lentes das câmeras”, comenta Ana Paula, em relação à primeira sessão de fotos do pequeno Bernardo.

Para as fotógrafas cariocas Amanda Alexandre e Lívia Borret, poder registrar o newborn do primeiro menino por inseminação caseira com dupla maternidade do Rio de Janeiro foi histórico. “Esse momento não marca apenas o reconhecimento dos direitos sociais de pessoas LGBTQIA+, como também a história do estúdio fotográfico e a nossa como fotógrafas. Durante todo o ensaio, nos emocionamos e vibramos com o Bernardo e suas mães. Em poucos meses de vida, ele já carrega conquistas que toda uma comunidade lutou e ainda luta para conseguir na sociedade”, comenta Amanda Alexandre, especialista e referência no RJ quando o assunto são fotos de recém-nascidos, crianças e família.

A conquista das mães do bebê Bernardo é recente e tem provocado cada vez mais o Judiciário a ampliar o entendimento a respeito do registro público no Brasil. Para Ana Paula e Aline da Silva, ter o filho registrado no nome das duas fez com que elas sentissem que a família existe socialmente em todos os âmbitos legais. “É a afirmação da ideia de pertencimento social”, diz Ana Paula. “O registro do Bernardo mostra para a comunidade LGBTQIA+ que a nossa luta é legítima e que podemos acreditar nos nossos sonhos, para fazer mudanças nessa Constituição que há tempos não nos representa”, complementa Aline.

Diante dessa vitória, o Natal deste ano será diferente para a família de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio. Para essas mães, dezembro chega com uma mistura de sentimentos por ter conseguido abrir as portas e as possibilidades para casais, que, assim como elas, buscam seus direitos na sociedade. “Será um período de mais amor e felicidade, em casa, celebrando cada momento com o nosso pequeno”, conclui Aline.