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Favelas movimentam R$ 300 bilhões e viram potência no Brasil

Pesquisa mostra que comunidades como a Rocinha impulsionam economia com renda, consumo e otimismo

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As favelas brasileiras movimentam mais de R$ 300 bilhões por ano em renda própria, consolidando-se como uma das principais potências econômicas do país. O dado faz parte da nova pesquisa “Um País Chamado Favela”, realizada pelo Instituto Data Favela, em parceria com a CUFA (Central Única das Favelas).

Se fossem um estado, as favelas formariam o quarto mais populoso do Brasil, com 17,2 milhões de habitantes, ficando atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O volume financeiro movimentado supera o PIB anual de países como Bolívia e Paraguai, e o consumo supera o de 22 das 27 unidades federativas brasileiras.

Como o consumo nas favelas está transformando a economia brasileira?

A pesquisa, que ouviu mais de 16 mil moradores em todo o país, destaca que o perfil do consumidor da favela é exigente, conectado e otimista. Entre os produtos mais comprados recentemente estão cosméticos (55%) e roupas (41%). E os planos de compra para os próximos meses mostram um mercado aquecido:

  • 70% pretendem comprar roupas
  • 60% perfumes
  • 51% eletrodomésticos
  • 51% materiais de construção
  • 43% eletrônicos
  • 43% cursos diversos
  • 29% cursos de idiomas

A Shopee, o Mercado Livre e o Magazine Luiza lideram entre as plataformas mais usadas, mesmo com queixas sobre atrasos e extravios nas entregas. Além disso, 77% dos entrevistados afirmam se importar com a aparência e 57% se inspiram em influenciadores com realidades parecidas com as suas.

Qual o papel do Rio de Janeiro e da Rocinha nesse cenário?

No recorte fluminense, a Rocinha, na Zona Sul do Rio, se destaca como a maior favela do país, com mais de 72 mil moradores — número que supera 90% dos municípios brasileiros. Rio das Pedras e Cidade de Deus também estão entre as dez maiores do país, evidenciando a força econômica das comunidades cariocas.

Para o fundador do Data Favela, Renato Meirelles, é hora de mudar a forma como o país enxerga esses territórios:

“A favela não é carência, é mercado. Um mercado que compra, constrói, investe e transforma”, afirma.

Marcus Vinícius Athayde, cofundador da pesquisa, reforça:

“Não queremos mais ser estatística de tragédia. Queremos ser estatística de consumo, de sonho, de investimento”.

O que explica a força econômica das favelas?

O estudo mostra que 94% dos moradores têm orgulho de viver na favela e 87% veem sua comunidade como espaço de solidariedade. Além disso, 56% acreditam que “seu próprio esforço” é o que pode melhorar a vida no próximo ano, indicando uma base sustentada por trabalho, resiliência e otimismo.

A pesquisa foi realizada entre 03 e 06 de julho de 2025, com 16.521 entrevistas. A margem de erro é de 0,8 ponto percentual, com metodologia quantitativa baseada no Censo 2022.