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MPRJ denuncia presidente da Academia Friburguense de Letras por preconceito religioso contra judeus

Na legislação, “crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” podem ser punidos com pena de prisão de 1 a 3 anos, além de multa

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MPRJ denuncia presidente da Academia Friburguense de Letras por preconceito religioso contra judeus (Foto: Divulgação)
MPRJ denuncia presidente da Academia Friburguense de Letras por preconceito religioso contra judeus (Foto: Divulgação)

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Promotoria de Investigação Penal de Nova Friburgo denunciou na última sexta-feira (7), a presidente da Academia Friburguense de Letras, por fazer comentários de conteúdo antissemita em redes sociais, disseminando a discriminação e o preconceito contra o povo judeu.

Maria Janaina Botelho Corrêa, que também é historiadora, responderá pelo crime de preconceito religioso.

De acordo com a denúncia, entre os dias 9 de dezembro de 2023 e 21 de fevereiro de 2024, a professora praticou e incitou a discriminação e o preconceito contra raça, por meio de publicações em redes sociais. Na sua conta oficial do Twitter, ela escreveu frases como “Está na hora do olho por olho dente por dente e fazer assassinatos seletivos de judeus sionistas”, “Eu atualmente sou antissemitista. Nojo dessa gente”; e “Judeus Canalhas!”.

Na legislação, “crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” podem ser punidos com pena de prisão de 1 a 3 anos, além de multa.

Por meio de nota, a professora afirmou que a intenção era apenas externar a sua posição crítica ao sionismo e a extrema-direita que governa o Estado de Israel, no contexto dos bombardeios de Gaza.

Confira abaixo a nota completa da professora, na íntegra:

Eu, Maria Janaína Botelho Corrêa, venho a público esclarecer que em relação a meus comentários em postagens no X(Twiter), a exemplo de “Mentiras, Mentiras e mentiras dos judeus genocidas.”(12/02/24) e “Judeus canalhas!”(fevereiro 2024),  que houve erro material neste texto, devido a uma falha na digitação que suprimiu a palavra “sionista”. A minha intenção era apenas externar minha posição crítica ao sionismo e a extrema-direita que governa o Estado de Israel, no contexto dos bombardeios de Gaza. Reafirmo que meus comentários tinham como alvo o sionismo enquanto corrente política-ideológica e jamais o povo judeu, mas a publicação suprimiu uma palavra que faz toda diferença, o que não aconteceu em outras citações: “Judeus sionistas genocidas!” (09/01/24), “Santo Deus. Que covardia. Malditos Judeus sionistas.” (24/01/24).

No que concerne a frase “E também sou antissemita. E daí?” (04/01/24) houve igualmente erro material na digitação, pois minha intenção era escrever “anti sionista”. Infelizmente não percebi no momento esta lamentável substituição de palavra pelo sistema, sendo sabedora de que é crime a intolerância religiosa. A minha responsabilidade e confiança dos meus pares como presidente da Academia Friburguense de Letras, honrosa instituição no qual estou no segundo mandato consecutivo, me impediria de fazer tão execrável comentário, além de me prejudicar nos canais de comunicação em que presto serviços. Com relação a frase “Está na hora do olho por olho dente por dente e fazer assassinatos seletivos de judeus sionistas” (fevereiro 2024) trata-se de uma frase no qual eu me arrependo profundamente, estando ligada a um contexto de assassinatos seletivos de opositores, militares de alta patente, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Na realidade não foi uma afirmação, mas uma PROVOCAÇÃO, uma indagação a uma postagem. Insisto foi um comentário infeliz porque não comungo de violência mesmo em uma situação de guerra.

Registro ainda que tenho o maior respeito pelo povo judeu e que repudio veementemente o antissemitismo que tanto horror, perseguição e morte já causou, motivo pelo qual entendo que este incidente está devidamente superado.

Na qualidade de historiadora, sempre zelei pela Memória da perseguição à comunidade judaica de minha cidade, Nova Friburgo (RJ), com alguns artigos publicados em minha coluna nos jornais A Voz da Serra e SERRANEWS, informando sobre a existência no passado de um partido Nazista neste município, no qual até então se desconhecia. Além de artigos, produzi um longa-metragem trazendo novamente a Memória da perseguição de judeus em minha cidade, disponível na plataforma do Youtube.

Peço desde já a compreensão e desculpas pelo transtorno causado à comunidade judaica que goza de meu apreço e carinho.

Academia Friburguense de Letras tomou conhecimento do caso e se manifestou também por meio de nota.

Veja abaixo o posicionamento:

A Academia Friburguense de Letras – AFL – tomou conhecimento de notícias veiculadas pela imprensa sobre intolerância religiosa atribuída à sua atual presidente, Maria Janaína Botelho Corrêa.

A AFL esclarece que é uma associação civil, sem fins lucrativos e que, segundo o artigo 2º de seu estatuto, “é uma Instituição sem qualquer discriminação racial, política ou religiosa, cujo objetivo principal é valorizar a língua e a literatura nacionais”, propósito com que atua desde sua fundação, em 1947.

Informa ainda que a atual presidente foi reeleita em virtude de seu abalizado desempenho no primeiro biênio na gestão desta Casa e na sua reconhecida atuação como pesquisadora e historiadora, com mais de trinta anos de experiência e sem qualquer publicação ou relato que desabone seu trabalho ou expresse pensamento contrário ao que é preconizado pela instituição. 

Lamentando o ocorrido, a AFL esclarece que ouviu a defesa apresentada por sua presidente e aguarda a apuração dos fatos, desejando que tudo seja esclarecido com celeridade, isenção e transparência. 

A Justiça do Rio foi procurada mas até o momento não se manifestou sobre o caso.

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