Rio
Na Tupi, André Ceciliano critica tarifaço dos EUA e revela estratégia do governo
Ex-presidente da Alerj e atual secretário do governo Lula destaca prejuízos caso tarifas americanas sejam aplicadas
O secretário especial de Assuntos Parlamentares da Secretaria de Relações Institucionais do governo federal e ex-presidente da Alerj, André Ceciliano, concedeu entrevista exclusiva ao programa “Show do Clóvis Monteiro“, na Super Rádio Tupi, nesta sexta-feira (11). De acordo com ele, o governo brasileiro aposta na diplomacia como estratégia central para reverter a taxação adicional de 50% sobre produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos imposta pelo presidente americano, Donald Trump.
Ceciliano explicou o impacto econômico que a taxação, válida a partir de 1º de agosto, trará sérios prejuízos para a competitividade dos produtos nacionais no exterior. “Com uma tarifa de 50%, perdemos competitividade, produção e empregos”, disse o secretário. “Uma mercadoria que custava US$ 10 passa a custar US$ 15. Com isso, perdemos mercado e, consequentemente, empregos”, exemplificou.
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Durante a entrevista, Ceciliano alertou ainda sobre o reflexo imediato dessa tensão internacional, citando como exemplo recente o impedimento de desembarque de mais de 50 contêineres contendo peixes brasileiros nos portos americanos. “Os impactos já começaram a aparecer”, afirmou o secretário.
Ceciliano fez duras críticas aos que, segundo ele, torcem contra o Brasil durante essa crise econômica internacional. “O pior é ver políticos brasileiros torcendo a favor dos EUA, contra o Brasil e os empregos nacionais”, declarou.

Ao comentar sobre a postura brasileira diante das ameaças tarifárias, o secretário reforçou que o presidente Lula escolheu a diplomacia como primeira e principal ferramenta. “Precisamos negociar com tranquilidade. Se as tarifas realmente passarem a valer, temos como reagir taxando produtos americanos, mas faremos isso de maneira pontual e estratégica”, explicou.
O comunicador Clóvis Monteiro defendeu durante o debate a importância da soberania nacional e questionou: “Qual será o próximo abuso se cedermos agora?”.
PEC do Sistema Único de Segurança Pública
André Ceciliano comentou ainda sobre a PEC que propõe a criação do Sistema Único de Segurança Pública, destacando que o projeto unificará os procedimentos policiais entre os estados, semelhante ao funcionamento do SUS. Segundo ele, atualmente, cada estado possui um método próprio de registro de ocorrências, dificultando a comunicação e a eficiência policial.
Veja como foi a entrevista:
“A proposta amplia atribuições da Polícia Rodoviária Federal em locais como portos, hidrovias e ferrovias, facilitando também investigações da Polícia Federal contra organizações criminosas que atuam em diferentes estados”, explicou o secretário.
Isenção do Imposto de Renda
Outro tema abordado por Ceciliano foi a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda proposta pelo governo federal, que pretende beneficiar trabalhadores com renda mensal de até R$ 5 mil. “Essa medida garante mais dinheiro no bolso dos trabalhadores, o que impulsiona o comércio e gera emprego e renda”, defendeu.
Ele também elogiou a proposta do deputado Arthur Lira, que pretende ampliar a faixa com redução no imposto para rendas até R$ 7.350, destacando que isso reduzirá desigualdades sociais e ampliará o poder de compra da população.
Cortes nos incentivos fiscais
Ceciliano reforçou a importância de diminuir os incentivos fiscais concedidos pelo governo federal, atualmente avaliados em mais de R$ 800 bilhões anuais. Inicialmente, a estimativa era de R$ 548 bilhões, mas após autodeclarações feitas pelas empresas, o valor total superou as expectativas.
Ele defendeu que uma redução moderada desses incentivos traria resultados significativos para as contas públicas: “Diminuir em 10% esses benefícios já garantiria um equilíbrio fiscal relevante”, concluiu.
Ao fim da entrevista, Ceciliano ressaltou que o diálogo permanente entre governo federal e Congresso Nacional é essencial para que o país alcance equilíbrio fiscal e cumpra a meta de superávit estipulada para o ano. “O governo precisa arrecadar de R$ 30 a 40 bilhões este ano para cumprir essa meta. Só em isenções fiscais, são mais de R$ 800 bilhões”, enfatizou.