Crime
Pesquisa revela que brasileiros apoiam classificação de facções como organizações terroristas
Levantamento ouviu 2.004 pessoas em 120 municípios, entre os dias 6 e 9 de novembro, e tem margem de erro de dois pontos percentuais
Uma pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (12), mostra que 73% dos brasileiros acreditam que organizações criminosas deveriam ser consideradas “grupos terroristas”. Outros 20% discordam e 7% não souberam ou não responderam. O levantamento ouviu 2.004 pessoas em 120 municípios, entre os dias 6 e 9 de novembro, e tem margem de erro de dois pontos percentuais.
A pesquisa também questionou se os entrevistados concordam que “a polícia prende, mas a Justiça solta porque a legislação é fraca”. A frase teve alta adesão: 86% dos entrevistados concordaram, enquanto apenas 11% discordaram. Esses dados foram divulgados em meio à discussão sobre o Projeto de Lei Antifacção, que tramita na Câmara dos Deputados e é relatado por Guilherme Derrite, do Partido Progressista de São Paulo.
A reportagem da Super Rádio Tupi conversou com o Jornalista e Comentarista do Jornal da Tupi, Chico Otávio, que foi questionado sobre como analisa o resultado da pesquisa sobre os grupos terroristas, e sobre a população considerar a legislação fraca:
“Uma pesquisa mostrou que 73% dos entrevistados acham que organizações criminosas devem ser consideradas terroristas. Eu entendo a reação. As pessoas estão desesperadas, querem uma solução a qualquer custo, e toda vez que nós enfrentamos um pico de violência, as autoridades reagem com o endurecimento das leis”, afirma.
“Dizem que isso abriria espaço para intervenções internacionais em território brasileiro. Mas o problema não é esse. As leis que nós já temos são ótimas, acreditem. São duras, são punitivas, está tudo lá no nosso Código Penal, não falta nada. O problema é cumpri-lo. Os grandes bandidos contam com advogados caríssimos que protelam, não deixam a pena ser executada. A polícia muitas vezes não executa bem o seu papel, sabe apertar o gatilho, acerta no alvo. Mas na hora de investigar, de instruir uma denúncia, de fundamentar a acusação, ela deixa muito a desejar. Então antes de aprovar mais e mais leis, eu acho que o ganho maior para a sociedade brasileira no combate à violência é fortalecer a que nós já temos. Gente, não caia em armadilhas de soluções mágicas”, completa Chico Otávio.
O jornalista se refere à fala do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, que alertou sobre a proposta na mudança da Lei das Organizações Criminosas apresentar, nas palavras do ministro, “um grave risco à soberania nacional”. O texto propõe mudanças na Lei das Organizações Criminosas, aumentando as penas de 3 a 8 anos para 5 a 10 anos, e criando a figura da “organização criminosa qualificada”, com pena máxima de 15 anos para grupos que dominam territórios por meio da violência.