Rio
Por que a Bolívia se tornou uma rota de fuga para criminosos brasileiros?
A família do traficante Peixão não foi a primeira a tentar cruzar a fronteira; entenda os fatores que tornam o país vizinho um destino procurado por foragidos.
A recente detenção da família de Álvaro Malaquias Santa Rosa, o traficante conhecido como “Peixão”, quando tentava chegar à Bolívia, não é um fato isolado. O episódio, ocorrido em Corumbá (MS), na fronteira com o país vizinho, evidencia uma rota de fuga consolidada e frequentemente utilizada por criminosos brasileiros de alta periculosidade.
Mas o que exatamente torna a Bolívia um destino tão procurado por foragidos da Justiça do Brasil? A resposta está em uma combinação de fatores geográficos, logísticos e criminais que criam um ambiente favorável para quem busca escapar das autoridades brasileiras e, em muitos casos, continuar operando suas atividades ilícitas à distância.
Os atrativos para a fuga
O principal fator é a imensa e porosa fronteira terrestre entre os dois países. Com mais de 3.400 quilômetros de extensão, grande parte dela em áreas de mata fechada, rios e pantanal, a fiscalização se torna uma tarefa extremamente complexa. Essa geografia facilita a entrada clandestina, longe dos postos de controle oficiais.
Uma vez em território boliviano, os criminosos encontram um cenário estratégico. O país é um dos maiores produtores de folha de coca e cocaína do mundo, o que o transforma em um ponto nevrálgico para o narcotráfico sul-americano. Para traficantes brasileiros, estar na Bolívia significa ter acesso direto aos fornecedores e fortalecer suas redes.
Embora exista um acordo de extradição entre Brasil e Bolívia, os trâmites burocráticos podem ser lentos e complexos. Esse tempo joga a favor dos foragidos, que conseguem se estabelecer, criar novas identidades e se movimentar para dificultar a localização. A cooperação policial existe, mas enfrenta desafios de soberania e de atuação em um território estrangeiro.

Cidades bolivianas próximas à fronteira, como Puerto Suárez e Santa Cruz de la Sierra, funcionam como os primeiros abrigos. Nesses locais, redes de apoio fornecem esconderijo, documentos falsos e logística para que os fugitivos sigam para o interior do país ou até mesmo para outros destinos. O caso da família de Peixão reforça como essa estrutura representa um desafio contínuo para a segurança pública brasileira.
Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.