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Sergio Cabral e ex-primeira-dama prestam depoimento sobre uso irregular de helicópteros oficiais

Na audiência, o ex-governador disse que o então secretário de Segurança José Mariano Beltrame afirmou que o deslocamento aéreo era mais econômico do que o terrestre

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(Foto: Reprodução: Agência Brasil)

O ex-governador Sergio Cabral e a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo participaram nesta quinta-feira (05) de uma audiência na 32ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio. Os dois foram interrogados no processo em que respondem pelo uso irregular de helicópteros oficiais e negaram terem infringido qualquer norma, apesar de Cabral ter reconhecido o excesso no uso das aeronaves.

Respondendo a uma das questões da denúncia feita pelo Ministério Público, Cabral afirmou que a compra de dois helicópteros novos, que vieram somar-se a outros três que o Governo do Estado já possuía, fez parte de uma política de recuperação do patrimônio do Estado, assim como a compra de novas viaturas para a Polícia Civil e de reformas em escolas, delegacias e outros patrimônios estaduais.

Sobre o uso das aeronaves para uso diário, inclusive nos finais de semana, quando a família se deslocava para Mangaratiba, na Costa Verde do estado, Cabral afirmou que apenas cumpria uma determinação do Gabinete Militar, que exigia que o governador e sua família se deslocassem apenas dessa maneira, por questões de segurança. Disse, ainda, que o então secretário de Segurança José Mariano Beltrame afirmara que o deslocamento aéreo era mais econômico do que o terrestre, que deveria ser sempre acompanhado de escolta.

Ele negou e classificou de “folclore” o uso de vários helicópteros ao mesmo tempo partindo para Mangaratiba, relatado por diversos pilotos no processo e chamado por eles de “revoada”.

Em sua defesa, Sergio Cabral disse, ainda, que o uso indiscriminado do helicóptero oficial era uma prática em todos os governos que antecederam. Ele informou que, em sua gestão, baixou o Decreto nº 44.310/2013, regulamentando o uso de helicópteros e determinando que as aeronaves do Estado só poderiam ser usadas em missões oficiais.

Os voos irregulares citados na denúncia aconteceram durante os dois mandados de Cabral como governador do Rio de Janeiro, entre janeiro de 2007 e abril de 2014, quando ele renunciou ao cargo.

Ex-primeira-dama defende uso de helicópteros

Em seu depoimento, a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo defendeu o uso de helicópteros para os seus deslocamentos até Mangaratiba, argumentando que considerava a medida “razoável”, em razão de sua segurança e dos seus filhos. Ela afirmou que seguia as orientações e que os voos obedeceram às determinações do gabinete militar.

Ela também justificou a ida à Mangaratiba em, praticamente, todos dos finais de semana, em razão da necessidade de oferecer liberdade e privacidade aos filhos. Adriana alegou que os filhos ficavam presos durante toda a semana, impedidos, inclusive, de frequentar a praia ou praticar esportes por questões de segurança.

Questionada sobre as acusações de ter determinado que um helicóptero retornasse de Mangaratiba para buscar um vestido que havia esquecido no Rio de Janeiro, Adriana afirmou que a história se tratava de “fake news”, que nunca havia ocorrido tal fato. Ela admitiu, contudo, que levava o cachorro de estimação da família durante os deslocamentos que fazia de helicóptero, mas que ele pesava pouco mais de 4 kg, “mais leve que a mochila dos filhos”, considerando que isso não onerava os cofres públicos.

Indagada sobre a acusação de uso de helicópteros para transporte de parentes, amigos e políticos, Adriana alegou que Sergio Cabral tem cinco filhos e que ela poderia responder apenas pelos dois filhos dela, negando ter transportado qualquer convidado nos voos que realizou.
Ao final da audiência, o juiz Andre Felipe Veras de Oliveira estabeleceu prazo sucessivo de cinco dias para o Ministério Público e as defesas de Sergio Cabral e Adriana Ancelmo se manifestarem em diligências.

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