Rio
Trens milionários abandonados em Deodoro desde 2006 viram alvo da Alerj
Deputado Dionísio Lins pede explicações sobre quatro composições paradas desde 2006 no pátio de Deodoro
A Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) cobrou explicações da Agetransp e da SuperVia sobre a situação de quatro trens coreanos da Hyundai-Rotem/Mitsui que estão abandonados no pátio de Deodoro, na Zona Oeste do Rio.
As composições chegaram ao Brasil em 2006 como promessa de modernização do transporte ferroviário, custando cerca de R$ 300 milhões aos cofres públicos. Quase 20 anos depois, parte dessa frota está deteriorando ao ar livre, sem uso.
Moradores de Deodoro e Marechal Hermes, além de motoristas que passam pela região, denunciaram o abandono das composições, que deveriam estar em circulação atendendo milhares de passageiros diariamente.
O presidente da comissão, deputado Dionísio Lins (Progressistas), protocolou requerimento pedindo informações oficiais às duas instituições. Ele questiona quais medidas estão sendo tomadas e se há planejamento para recuperar os trens e devolvê-los à operação.
“É inadmissível que a Agetransp e SuperVia fiquem inertes enquanto essas composições vão se deteriorando, prejudicando milhares de usuários diariamente. Essa situação é absurda e precisa ter um fim”, afirmou Lins.
O parlamentar também informou que, caso as respostas não sejam consideradas satisfatórias, pretende convocar uma audiência pública com representantes da Agetransp, da SuperVia, do Ministério Público, de associações de funcionários e de outros órgãos responsáveis para esclarecer o caso.
Os trens foram anunciados como uma solução para tornar o transporte mais rápido e confortável, mas a falta de manutenção ameaça transformar o investimento milionário em sucata. A preocupação é de que, sem providências imediatas, o material acabe destinado ao ferro-velho.
Nota da Agetransp:
“A Agetransp abriu um processo regulatório em 2020, após os danos causados aos trens da série 2005 da SuperVia. Essas composições foram danificadas por alagamentos decorrentes das fortes chuvas, ocorridas em fevereiro e março de 2020. O processo está em fase final de instrução e será decidido, em sessão regulatória, pelo Conselho Diretor da Agência, respeitando o contraditório e a ampla defesa da concessionária.
A Agetransp, através da sua Câmara Técnica de Transportes e Rodovias (Catra), acompanha a situação, tendo participado de 36 reuniões técnicas com a concessionária, além de ter realizado vistorias nas oficinas e pátios, incluindo o de Deodoro. As informações têm como base o Relatório Preliminar, elaborado pela Catra, documento que subsidia a análise regulatória do processo. A SuperVia apresentou um planejamento de recuperação interna das composições, cuja previsão de conclusão é em dezembro de 2025.
A Agência reforça que atua de forma firme e contínua no acompanhamento, garantindo que a concessionária cumpra sua obrigação de preservar os bens reversíveis e assegurando que os interesses dos usuários do transporte público sejam resguardados.”