Rio
Uerj celebra 75 anos como referência em pesquisa e ensino público
Instituição pioneira em ensino noturno e cotas celebra trajetória de inovação, expansão e impacto social no Rio e no país
A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) comemora, nesta quinta-feira (4), seus 75 anos de fundação como uma das mais relevantes instituições públicas de ensino superior da América Latina. Criada em 1950 pela Lei Municipal nº 547, sob o nome de Universidade do Distrito Federal (UDF), a instituição nasceu com a missão de ampliar o acesso à educação e impulsionar o desenvolvimento científico e cultural do país.
Pioneira entre as universidades públicas brasileiras, a Uerj foi a primeira a oferecer ensino noturno, abrindo as portas do ensino superior a trabalhadores. Atualmente, conta com mais de 38 mil estudantes, 3 mil docentes e 6 mil técnicos. São 35 unidades acadêmicas, 106 cursos de graduação, 73 programas de pós-graduação e 1.750 projetos de extensão que fortalecem sua presença em todas as regiões do estado.
Para marcar o aniversário, o Cristo Redentor foi iluminado com as cores azul e dourado da instituição na noite desta quarta-feira (3). A homenagem simbolizou o reconhecimento ao impacto social, cultural e acadêmico da Uerj ao longo de sua história.
Como a Uerj se tornou símbolo de inovação?
Ao longo de sete décadas e meia, a trajetória da Uerj se confunde com a história do Rio de Janeiro. Com a incorporação do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em 1962, e a inauguração do campus Maracanã, a instituição consolidou-se como polo de excelência acadêmica e transformação social.
Nos anos 2000, a Uerj tornou-se referência nacional ao instituir cotas sociais e raciais — sendo a primeira universidade pública do país a adotar o modelo, que depois se espalhou por outras instituições brasileiras. Em crises recentes, como no período de 2015 a 2017, destacou-se pela mobilização do movimento “Uerj Resiste”, que defendeu a continuidade do ensino público em meio à grave crise fiscal do estado. Durante a pandemia de Covid-19, criou o Período Acadêmico Emergencial, garantindo continuidade das atividades remotas e mobilizando seus laboratórios em ações de saúde pública.
Qual a presença da Uerj no estado e no cenário internacional?
Com campi em Duque de Caxias, Nova Friburgo, Resende, Cabo Frio e Petrópolis, além da incorporação da Universidade da Zona Oeste (UEZO), a Uerj reforça a interiorização do ensino superior e o desenvolvimento regional. A instituição mantém ainda mais de 230 acordos de cooperação internacional com universidades de 39 países.
Nos rankings acadêmicos, a Uerj se destaca entre as 20 melhores universidades da América Latina, segundo o Times Higher Education (THE), e figura entre as 12 melhores instituições brasileiras avaliadas pelo Center for World University Rankings (CWUR) em 2025.
Qual é o papel da Uerj na memória, ciência e cultura?
Em 2024, a Uerj instituiu a Comissão da Memória e da Verdade Luiz Paulo da Cruz Nunes, reafirmando seu compromisso com a democracia e a justiça histórica. Além do papel científico, a universidade tornou-se palco de manifestações culturais e encontros com figuras marcantes das artes e da política nacional e internacional. O Teatro Odylo Costa, filho, e a Concha Acústica Marielle Franco já receberam apresentações e debates com nomes como Paulo Freire, Dona Ivone Lara, Tom Jobim, Ney Matogrosso, Zeca Pagodinho, Lázaro Ramos e Alcione.
A universidade também recebeu visitas históricas de líderes latino-americanos como Fidel Castro e Pepe Mujica, além de personalidades brasileiras como Dilma Rousseff e Lula. Em sua tradição de homenagens, já concedeu o título de Doutor Honoris Causa a nomes como Gilberto Gil e Sonia Guajajara.