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Rio registrará mais 24 mil casos de câncer de pele em 2024: Saiba como se proteger

Protetor solar em comprimido resolve? Basta usar camisa com barreira UV? Especialistas tiram as principais dúvidas sobre o assunto

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Foto Destaque: Divulgação

O Rio de Janeiro teve recordes de temperatura, ainda na primavera, e tudo indica que o verão será ainda pior. Para escapar do calor extremo e do sol escaldante, os cariocas devem apostar na hidratação, mas sem deixar de lado outra precaução, também muito importante: o cuidado com a pele.

Afinal, a exposição aos raios ultravioletas é nociva e pode ocasionar câncer de pele. A previsão do Instituto Nacional de Câncer (Inca), é que sejam registrados em 2024, no estado, 24.060 novos casos deste tipo de tumor.

Apesar de campanhas, como o Dezembro Laranja, alertarem para a necessidade de proteger a pele, muita gente ainda comete erros, como passar protetor solar apenas na hora de ir à praia ou piscina. O produto deve ser usado diariamente e, em casos de muita transpiração, ser aplicado até mesmo mais de uma vez.

Outro equívoco costuma ser investir na proteção apenas do rosto e colo no dia a dia. Todas as áreas expostas, como braços e pernas, devem receber o produto. Os melanomas, tipo mais raro e grave da neoplasia, podem surgir em partes expostas, ou não, ao sol, como orelhas e entre os dedos, alerta Elisa Bouret, oncologista clínica da Oncoclínicas Rio de Janeiro, lembrando que o horário de maior incidência de raios danosos é entre 10h e 16h.

“Nas pessoas negras é comum também ver lesões se desenvolverem na parte branca, como planta dos pés e nas palmas das mãos. Elas em geral aparecem em forma de pinta ou também com linhas escurecidas embaixo das unhas. Por isso, qualquer modificação nova, manchas, lesões que crescem, feridas que não cicatrizam, são um sinal de alerta para a procura de um especialista”, recomenda.

A especialista, junto de Thais Rauber, oncologista clínica do Hospital Marcos Moraes, esclareceu alguns mitos e verdades sobre o câncer de pele. Confira alguns:

Protetor solar em cápsula é eficiente?

Recentemente, pílulas de protetor solar chegaram ao mercado, prometendo proteger a pele “de dentro para fora”. O produto fornece ao organismo compostos antioxidantes capazes de neutralizar a ação dos radicais livres formados pela ação dos raios ultravioletas. Mas, ele sozinho, não é suficiente. “É necessário utilizar outros tipos de barreiras para nos protegermos. “Precisamos associar o uso do produto via oral com as opções em creme, sprays ou bastões. A cápsula apenas complementa a proteção”, diz Thaís.

Protetor com fator de proteção muito alto não é eficaz?

Quem nunca ouviu dizer que, depois do fator de proteção 60, não há diferença? Thaís explica que não é bem assim. Ela esclarece que o FPS não significa o percentual de proteção e sim o quanto que ele protege a pele em relação à pele sem protetor. “O produto FPS 60 protege 60 vezes mais a pele do que se ela estivesse sem nada. O FPS 90 é mais eficaz, sim”, diz Thaís.

Usar blusa com proteção solar já é suficiente

Não basta vestir uma camisa com proteção ou comprar um chapéu com a tecnologia e achar que está tudo bem. A oncologista do Hospital Marcos Moraes explica que, a peça protege a área coberta, mas é necessário passar o protetor solar nas áreas que não estão com a roupa.

Cuidado com o bronzeamento artificial

Quer ficar com um bronzeado bonito? Compre autobronzeadores, mas não entre em câmaras de bronzeamento artificial. Segundo a Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (Iarc), braço da OMS (Organização Mundial da Saúde) voltado para pesquisas da área oncológica, quem utiliza as câmaras de bronzeamento artificial antes dos 30 anos tem 75% mais chances de desenvolver o risco de câncer de. “Os raios UVA emitidos pelo equipamento estimulam a produção de melanina (que dá a coloração mais escura da pele) e é, justamente, essa radiação que está relacionada a um maior risco de melanoma, o tipo mais agressivo de câncer de pele”, explica Bouret.

A “luz azul” encontrada em lâmpadas fluorescentes, LED, smartphones, computadores e etc podem causar câncer de pele?

Existe evidência que a exposição à luz azul pode causar fotoenvelhecimento, porém, não existem dados que confirmem que a luz azul possa ser relacionada ao desenvolvimento de câncer de pele, explica a oncologista da Oncoclínicas Rio de Janeiro.

Existe alguma idade ideal para dar início aos cuidados com a pele?

Os danos causados pelo sol são cumulativos. Isso significa que quanto mais cedo a pessoa se expõe, maiores são as chances de ocorrerem problemas a longo prazo. “Por isso, é preciso tomar cuidado desde a infância, utilizando protetor solar sempre que sair de casa. Se for à praia ou piscina, utilizar o produto e reaplicar a cada duas horas”, diz Bouret.

Existe alguma idade de maior risco?

Normalmente, depois dos 50 ou 60 anos costumam surgir lesões, geralmente em pessoas de pele mais clara. Mas os cuidados são para todos os tipos de pele e faixas etárias, sempre.

O câncer de pele é uma doença curável e as chances aumentam quando o tumor é detectado em estágio inicial. A neoplasia é classificada em dois grandes grupos: o melanoma, cuja origem se dá nos melanócitos, as células que produzem melanina, substância que determina a cor, e o não melanoma, que surge nas células basais ou nas escamosas.

O melanoma é mais raro e o mais grave, devido à sua alta capacidade de metástase. Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa é de que surjam, este ano, mais de 220 mil novos casos de câncer de pele não melanoma e 8.980 de melanoma no Brasil

Na última década, novos tratamentos surgiram, como terapias-alvo, imunoterapia, além da combinação de diferentes tratamentos. Segundo Bouret, os casos precisam ser avaliados individualmente por um especialista para a indicação da melhor forma de atuação. “No caso dos não melanomas, como o risco para metástase é baixo, o recomendado é a cirurgia. Já nos não melanomas, o tratamento pode ser com cirurgia, quimioterapia, imunoterapia, ou tratamento conjugados”.

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