Esportes
40 anos sem Jorge Curi: relembre trajetória do narrador pela Tupi
'Locutor padrão do rádio esportivo do Brasil' morreu em 23 de dezembro de 1985
Nesta terça-feira (23), completam-se 40 anos da morte de Jorge Curi, um dos maiores locutores esportivos do rádio brasileiro. O mineiro de Caxambu faleceu a dois dias do Natal de 1985, num acidente de carro no qual se envolveu quando voltava do Rio de Janeiro para sua cidade de origem. Na ocasião, Curi trabalhava na Super Rádio Tupi, onde passou por apenas um ano, mas marcou a história do rádio e relatou grandes momentos do futebol.
Nascido em Caxambu, em 25 de fevereiro de 1920, Jorge Curi tinha sete irmãos. Dois deles, Alberto e Ivon, também fizeram carreira no rádio e passariam, posteriormente, pela Tupi. A carreira de Jorge começou ao lado dos irmãos, na Rádio Caxambu, em 1942. Dois anos depois, fez um teste na Tupi, mas acabou indo para a Rádio Tamoio. Tempos depois, ingressou na Rádio Nacional, onde apresentou programas de variedades mas, principalmente, se envolveu nas transmissões do futebol.
Na Copa do Mundo de 1950, narrou os jogos do Brasil, incluindo a final contra o Uruguai, vencida pelos visitantes. Mas não deixou de estar presente em conquistas posteriores da Seleção, nos Mundiais de 1958 e 1962. Tornou-se o líder de audiência no rádio, ao lado de Waldir Amaral, que fora contratado pela Nacional junto à Rádio Continental. Nesta época, Curi ganhou o bordão de ‘locutor padrão do rádio esportivo’. Narrou ainda o tricampeonato mundial do Brasil, no México, em 1970, nas inesquecíveis ‘dobradinhas’ com Waldir.
Dois anos depois, trocou a Nacional pela Rádio Globo. Torcedor confesso do Flamengo, narrou grandes vitórias do Rubro-Negro, como os Brasileiros de 1980, 1982 e 1983, além da Libertadores e do Mundial de 1981. Mesmo assim, tinha o respeito dos torcedores de todos os clubes.
Em 1985, a chegada à Tupi
No fim de 1984, Jorge Curi deixou a Rádio Globo de maneira controvertida. No dia seguinte à sua demissão, recebeu a ligação de Doalcei Camargo, então chefe do departamento de esportes da Super Rádio Tupi, que lhe fez o convite. Curi aceitou e, a partir de 1985, passou a fazer parte da equipe, onde atuou ao lado de repórteres como Kleber Leite e Ronaldo Castro, além de comentaristas como Raul Plassmann.
Sua estreia no microfone da Tupi foi em 26 de janeiro, numa vitória do Fluminense sobre o Santos, por 2 a 1. Na altura, fez uma ‘dobradinha’ com Doalcei, narrando o primeiro tempo do jogo e deixando para o ‘mais vibrante do Brasil’ o microfone para o segundo tempo. O primeiro gol narrado por Curi na Tupi foi do santista Lima.
Naquela temporada, Jorge Curi acompanhou alguns dos jogos mais importantes do futebol carioca. O último gol que relatou foi na decisão do Campeonato Carioca, anotado por Paulinho, na vitória do Fluminense sobre o Bangu, por 2 a 1. Cinco dias depois, estava na confraternização de Natal da Tupi, junto aos companheiros, na qual enfatizou sua ansiedade para narrar a Copa do Mundo de 1986. Nela, tornaria-se o único narrador a estar presente em dez Mundiais diferentes.
Mas o destino foi cruel com Curi: ao pegar a estrada rumo a Caxambu, estava já próximo à sua cidade, naquele 23 de dezembro. Após sair do perímetro urbano de Pouso Alto (MG), na BR-354, seu Monza derrapou na chuva e bateu de frente em um ônibus que ia para Barra Mansa, Sul do estado do Rio. Jorge Curi não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Foi sepultado em Caxambu, no dia seguinte, vestindo a camisa branca do Flamengo, que ganhara de Leandro, eterno lateral-direito rubro-negro.
Jorge Curi: inesquecível no rádio
Embora tivesse passado pela Tupi em apenas um ano, Jorge Curi nunca foi esquecido pelos amantes do rádio. Seu grito de gol, que durava de 20 a 25 segundos, era o mais longo entre os narradores. O mineiro dizia fazia exercícios de respiração, chegando a ficar um minuto embaixo d’água para manter o fôlego. Não tinha outros cuidados especiais com a voz: apenas não bebia e não fumava.
Seus bordões acabaram imortalizados. Um gol bonito era mais que golaço: era ‘golaço-aço-aço’. Quando era de Zico, seu grande ídolo no futebol, o Galinho de Quintino se transformava em ‘Zico, Zicão, Zicaço’. Na hora de chamar a vinheta para marcar o tempo, dizia: ‘Anotem, tempo e placar no Maior do Mundo!”. Depois do grito de gol, baixava o tom para falar a minutagem do momento: “quando eram decorridos…”.
Após sua morte, recebeu diversas homenagens. Na Barra da Tijuca, há uma avenida com seu nome, assim como o edifício em que viveu por muitos anos, na Rua Luiz Barbosa, em Vila Isabel. Por fim, na sede do Flamengo, a audioteca que guarda arquivos históricos de áudio do clube, recebe o nome do locutor padrão do rádio brasileiro.
Tupi homenageia Curi
A Super Rádio Tupi faz uma homenagem especial a Jorge Curi nesta terça-feira (23), no programa ‘Tupi na Rede’, apresentado por Gabriel Andrezo e Thiago Veras. A atração relembrará gols narrados por Curi pela Tupi, assim como ouvirá nomes que trabalharam com o narrador. O ‘Tupi na Rede’ vai ao ar às 21h, nas plataformas digitais da Tupi, no tupi.fm e no YouTube Tupi Esportes.