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Agosto Indígena é celebrado por rolezeiros exaltando memória e resistência

O "Rolé Carioca" faz passeio cultural por territórios e memórias indígenas pelo Rio de Janeiro

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Foto Destaque: Divulgação

Em reconhecimento ao Agosto Indígena, o 5º passeio do Rolé visita uma região que esconde um passado de grandeza Uruçumirim e de um triste genocídio que acabou por nomear o território: o bairro da Glória. Essa visita será realizada no dia 3 de setembro, às 10h, e tem como ponto de encontro, para trazer ponto de reflexão ao tema, o Monumento à Pedro Alvares Cabral, em frente ao Metrô da Glória.

O Agosto Indígena foi instituído em 2021, em São Paulo, com o objetivo de celebrar os povos originários e reforçar sua importância, além de preservar a história e incentivar o protagonismo dos indígenas que tanto contribuíram na cultura brasileira e deixam marcas no cotidiano do brasileiro.

O circuito escolhido tem como objetivo promover as memórias desse território, destacando as presenças, contribuições e resistências indígenas, que apesar de essenciais para o desenvolvimento da cidade, sofrem até hoje apagamentos históricos.

Lideranças exaltando a história e resistência dos povos indígenas (Foto: Reprodução/Divulgação)

A historiadora e pesquisadora do Rolé Carioca, Amanda Custódio, conta como o passeio pode auxiliar na reflexão sobre a presença dos povos originários nas cidades: “A história de um território se desenvolve a partir das relações entre sujeitos diversos, mas as narrativas tradicionais estereotipam ou não apresentam aqueles que não correspondem aos padrões estabelecidos com a colonização. A partir de uma abordagem decolonial, o Rolé tem o compromisso de refletir sobre as presenças e ausências desses sujeitos na memória da cidade através dos patrimônios urbanos.”

O passeio desse mês é fruto da pesquisa da equipe do Rolé, e conta com Marize de Oliveira, pedagoga indígena focada no resgate memória e difusão da cultura dos povos originários. Marize ressalta a importância dessa edição do Rolé nas origens do Rio de Janeiro:

“Cidades são espaços de silenciamento de corpos, línguas, histórias e culturas de povos originários a partir do processo de colonização sofrida em Pindorama. Trazer à luz essas histórias de resistência, lutas e modo de vida desses povos, faz do Rolé Carioca um espaço importante de desconstrução da colonialidade, que por séculos constrói no povo brasileiro uma história eurocêntrica alijada da memória ancestral do povo carioca, processo fundamental de formação do sentimento de pertencimento e entendimento do que é ser Carioca.”

Exposição e exaltação da cultura (Foto: Reprodução/Divulgação)

O percurso passa por nove pontos de visitação, são eles: Monumento à Pedro Alvares Cabral, Projeto Caminho Ancestral da Glória (mural-galeria de arte a céu aberto), Igreja de Nossa Senhora do Outeiro da Glória (Território Uruçumirim), Monumento a São Sebastião, Jardins do Palácio do Catete, Posto 1 da Praia do Flamengo, Foz do Rio Carioca, Posto 2 da Praia do Flamengo e Estátua de Estácio de Sá.

O badalado bairro da Glória foi escolhido por ser representativo de episódios da história colonial, que ao mesmo tempo invisibilizou a memória dos povos ancestrais e a violência contra esses habitantes.

O próprio nome do bairro revela uma das camadas de opressão e está associado ao genocídio dos povos indígenas no Rio de Janeiro. Todo o percurso questiona a ausência da perspectiva indígena nesse território e busca resgatar a versões da história mais inclusivas e representativas.

O Rolé Carioca pretende construir, ao longo do passeio, um olhar para que os povos originários tenham os seus protagonismos reconhecidos e a sua cultura e trajetória exaltadas, contribuindo para reverter o apagamento secular dos dos povos indígenas que ainda existem e resistem.

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