Assassinatos de funcionárias do CEFET já eram previstos, afirma servidora
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Assassinatos de funcionárias do CEFET já eram previstos, afirma servidora

Nesta sexta-feira (28), um orientador educacional matou duas colegas de trabalho e depois se matou na tarde na instituição federal

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Assassinatos de funcionárias da CEFET já eram previstos, afirma servidora. Foto: Reprodução

João Antônio Miranda, orientador educacional do CEFET Maracanã, matou duas colegas de trabalho e depois se matou na tarde desta sexta-feira (29) na instituição federal. As vítimas eram Allane Pedrotti, de 41 anos, diretora pedagógica, e a psicóloga Layse Pinheiro, de 40 anos. O atirador entrou armado na unidade e efetuou disparos contra as funcionárias.

Uma mulher que trabalhava com ele contou em entrevista a Super Rádio Tupi que o atirador perseguia outras funcionárias e que ele não aceitava opiniões contrárias.

De acordo com a servidora, o ódio dele se estendia para ela e mais uma colega. Elas não estavam na unidade no momento do atentado. A profissional contou que chegou a ter uma conversa particular com João Antônio, que já apresentava sinais de psicopatia.

“Nesse dia eu gelei. Ele disse que o irmão dele se suicidou com um tiro na cabeça e que ia seguir o mesmo propósito. Aí, como ele teve muito tempo, ele foi desenvolvendo. Eu posso dizer pela convivência que ele queria matar mais pessoas. É porque como a gente não fica direto no setor, ele não conseguiu esse êxito, e aí se concentrou na antiga chefe do setor e na Layse”, contou.

João Antônio Miranda, orientador educacional do CEFET Maracanã que matou duas colegas de trabalho. Foto: Reprodução

A funcionária afirmou que já havia adaptado sua rotina profissional para evitar contato com o servidor, que, segundo seu relato, mantinha comportamento hostil e ameaçador no ambiente de trabalho. Ela conta que deixou o setor cerca de 30 minutos antes do ataque.

Pelo menos quatro pessoas estariam na mira do servidor

De acordo com seu relato, ela era um dos alvos do agressor, por ser uma das pessoas que mais o enfrentava no setor. “Eu era alvo, porque eu era uma das pessoas que tinha embate direto com ele”, disse.

A servidora afirmou que o homem perseguia colegas, fazia denúncias infundadas e mantinha postura de fiscalização constante. Segundo ela, o servidor acusava outros funcionários de não cumprirem a carga horária ou realizarem o trabalho de forma inadequada, embora tais alegações não se sustentassem. Ela afirma que ele ameaçava acionar chefias e abrir processos sempre que contrariava sua opinião.

“Já era previsto, porque ele deu o anúncio, né, indiretamente, que era: ‘Eu vou voltar para o setor de qualquer maneira’. Ele já tinha avisado. Eu sabia que a qualquer momento… como ele já tinha esse plano, ele ou um dos outros suspeitos podia entrar ali a qualquer momento”, pontuou.

A funcionária também relatou que o João Antônio já havia se afastado por questões de saúde mental, chegando a permanecer sete meses fora do trabalho.

A servidora diz que o comportamento do homem se agravou ao longo dos anos: “Ele ficou cada vez mais rígido, mais intransigente, exigindo que os colegas fizessem as coisas do jeito que ele queria… e ele dizia que se não fizesse, ia avisar as chefias e abrir processo contra os colegas.”

Havia alertas prévios sobre riscos na escola?

A funcionária afirma que havia enviado alertas à direção da escola e compartilhado documentos com gestores, inclusive com o Ministério da Justiça, sobre possíveis riscos envolvendo atiradores. Ela considera que os avisos não foram tratados com a devida gravidade. Segundo seu relato, a direção tinha conhecimento das ameaças e poderia ter adotado medidas preventivas.

“Então, a escola deveria ter levado a sério as denúncias que foram feitas. Se tivesse tomado uma postura preventiva, poderia ter evitado essa situação. O gestor sabia, o diretor geral sabia. Infelizmente, assim, o meu temor é que esse seja um primeiro de outros casos, porque a gente tem lá dentro pessoas com o mesmo perfil, se encaminhando para fazer a mesma coisa que o servidor João Antônio”, desabafou.

Ela também confirma que o agressor indicou que retornaria ao setor, o que, segundo ela, funcionou como um anúncio indireto de que algo poderia ocorrer.

CEFET decreta luto oficial após assassinatos de funcionárias. Foto: Reprodução/Redes Sociais

A servidora diz que a escola não será mais a mesma. Para ela, tanto servidores quanto alunos foram afetados pelo trauma de presenciar ou saber que colegas foram assassinados dentro do local de trabalho.

“Para os servidores e todos esses alunos, nunca mais vai ser o mesmo. Você tá num ambiente que você não tava esperando e pessoas são assassinadas e depois tem o suicídio, nunca mais vai ser o mesmo”, disse.

Quem era José Antônio Miranda?

Formado em direito e pedagogia, José Antônio Miranda estava separado da mulher e não tinha filhos. Colegas o descreveram como uma pessoa com comportamento autoritário e muitas vezes ameaçador.

Há quatro meses, o orientador entrou na Justiça contra a União pedindo indenização. De acordo com as investigações da polícia, ele se dizia vítima de assédio moral no trabalho.

João alegava ainda ser vítima de retaliação dos colegas, e que esse fator teria levado ao comprometimento de sua saúde mental.

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