Rio
“A gente foi baleado”, áudio revela desespero de traficantes encurralados em megaoperação
A ação desta terça-feira (28) já é considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, com pelo menos 60 mortos
Traficantes do Comando Vermelho ficaram encurralados por policiais civis e militares durante a megaoperação realizada nesta terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte. A ação é considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, com pelo menos 64 mortos.
Em um áudio obtido pela Super Rádio Tupi, é possível ouvir um dos criminosos pedindo ajuda a mototaxistas da região. Segundo ele, alguns integrantes do grupo haviam sido baleados e estavam sem chance de fuga.
“Mano, nós estamos encurralados, mano. Meu celular vai descarregar, ta 2%. Os amigos estão sem área aqui. Joguei nos grupo aqui, mano. O morador conseguiu botar o Wi-Fi aqui. A gente foi baleado. Nós ‘tá tudo’ encurralado. Manda um moto táxi para cá, mano. Estamos encurralados aqui pela 15 aqui, mano. Os ‘cana’ [polícia] cercou nós, mano”, diz o criminoso.
Confira o áudio:
A operação
A ação tinha como objetivo cumprir 100 mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho, incluindo o traficante Edgar Alves de Andrade, o “Doca”, uma das principais lideranças da facção. Durante a operação, seu operador financeiro, Nikolas Fernandes Soares, conhecido como “Harley”, foi preso.
Thiago do Nascimento Mendes, o Belão, chefe do tráfico na comunidade do Quitungo e braço direito de Doca, também foi detido. Ele foi localizado em uma residência na Favela da Chatuba, na Penha.

Até o momento, a operação resultou em 81 prisões e 64 mortes, sendo 60 em confronto com policiais. Também foram registrados 4 suspeitos feridos, 3 civis baleados, 7 policiais feridos e 4 agentes mortos durante as ações.
Entre as vítimas está a cabeleireira Kelma Rejane Magalhães, de 51 anos, atingida por uma bala perdida nas nádegas enquanto estava dentro de uma academia em Olaria. Ela foi atendida e já recebeu alta.
O segundo ferido é um homem ainda não identificado, encontrado em um ferro-velho. O terceiro é um morador de rua, baleado nas costas.

Armas, drogas e veículos apreendidos
As forças de segurança apreenderam, até o momento, 90 fuzis, 2 pistolas, 9 motocicletas, além de drogas e carregadores.
Para o cumprimento dos mandados e enfrentamento dos grupos armados, as equipes utilizaram 32 blindados, drones, dois helicópteros, 12 veículos de demolição e ambulâncias de suporte médico.
Governador defende “força máxima” do Estado
O governador Cláudio Castro afirmou que a operação busca reafirmar o controle do Estado sobre as comunidades dominadas pelo tráfico.
“A ação visa retomar territórios dominados pelo crime com força máxima e integração entre as forças de segurança”, declarou Castro.
Impactos na mobilidade e nos serviços públicos
A megaoperação causou forte impacto na rotina dos moradores da Zona Norte. Mais de 120 linhas de ônibus tiveram itinerários desviados e mais de 50 coletivos foram usados como barricadas por criminosos.
De acordo com o Centro de Operações do Rio, nove vias importantes da cidade foram bloqueadas durante a ação, são elas:
- Avenida Brasil
- Avenida Marechal Rondon
- Estrada Marechal Miguel Salazar Mendes de Morais
- Linha Amarela
- Linha Vermelha
- Marechal Rondon
- Miguel Salazar
- Rua 24 de Maio
- Rua Edgar Werneck
- Rua Grajaú
Na educação, 28 escolas no Complexo do Alemão e 17 na Penha tiveram o funcionamento afetado. Algumas unidades de saúde suspenderam atendimentos externos devido aos confrontos.
Objetivo é enfraquecer o Comando Vermelho
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a Operação Contenção faz parte de um plano para desarticular o Comando Vermelho, com base em um inquérito instaurado pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).
A ofensiva ocorre simultaneamente nas 26 comunidades que compõem os complexos do Alemão e da Penha e também altera a rotina de moradores de Olaria, Bonsucesso, Ramos, Inhaúma e bairros vizinhos.
Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, homem forte do tráfico de drogas no Complexo do Alemão também está na mira dos agentes.
A operação envolve policiais militares do Comando de Operações Especiais (COE) e unidades da capital e da região metropolitana. Pela Polícia Civil, participam agentes de todas as delegacias especializadas e distritais, além da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), do Departamento de Combate à Lavagem de Dinheiro e da Subsecretaria de Inteligência.





