Conecte-se conosco

Últimas Notícias

Bolsas do ‘Instituto TIM’ apoiam medalhistas da matemática durante a pandemia

Premiados na OBMEP recebem apoio mensal para seguirem com os estudos em universidades públicas de todo Brasil

Publicado

em

(Divulgação)

(Rodrigo Sousa da Silva, da UFRJ/ Divulgação)

O Instituto TIM e o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) concluíram a seleção de 50 novos universitários para o programa Bolsa Instituto TIM-OBMEP. O apoio é concedido a estudantes que tenham conquistado medalhas de ouro, prata ou bronze em alguma edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) e ingressado em faculdade públicas.

Os novos bolsistas já começaram a receber o valor de R$ 1.200 mensais — mesmo no cenário atual, com aulas online na maioria das instituições de ensino.

“Os jovens selecionados para a Bolsa Instituto TIM-OBMEP ganham um suporte ainda mais importante nesse momento de pandemia e poderão manter seus estudos mesmo à distância. Muitas famílias perderam suas rendas, tiveram que cortar custos, e o Instituto TIM, ao garantir esse apoio financeiro, permite que alunos de todo o país possam realizar o sonho de cursar o ensino superior. É um diferencial que pode transformar vidas, abrindo novas possibilidades”, destaca Mario Girasole, presidente do Instituto TIM.

Na edição de 2020, mais de 700 jovens se candidataram às Bolsas Instituto TIM-OBMEP. Entre os critérios de avaliação, foram considerados a nota no Exame Nacional do Ensino Médio, a renda familiar per capita e a distância entre a universidade e o local de moradia.

O programa existe desde 2015 e tem como objetivo apoiar financeiramente os talentos vindos de famílias de baixa renda para que, depois de uma vida escolar de premiações na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, possam manter seus estudos e ingressar em uma faculdade.

 

Sonho a milhares de quilômetros de casa

Com a bolsa garantida, o sonho de se formar numa universidade pública pôde decolar. Literalmente. De Marabá (PA), Katharyna Macedo foi estudar engenharia civil a 2.866km dali, em Florianópolis, na Universidade Federal de Santa Catarina. Aluna de uma escola pública rural, com pouco material didático, sem computadores e até distante de professores, ela conquistou três medalhas de bronze na OBMEP.

Para ela, a bolsa permitiu que abrisse asas para o futuro:

“Tudo o que ajudar os jovens das periferias, do interior, das favelas e das realidades sociais que dificultam o acesso à educação é algo que deve ser feito, pois iniciativas assim podem mudar muito a vida de um estudante”, explica ela.

O estudante Daniel da Costa, de Balsas, pequena cidade no interior do Maranhão, também alçou voo. Outro sobrevivente das agruras da educação pública, Daniel frequentou salas de aula sem infraestrutura durante o ensino fundamental, mas superou os obstáculos para conquistar uma medalha de ouro e outra de bronze nas Olimpíadas de Matemática.

Hoje, ele estuda ciências da computação na Universidade de São Paulo (USP), a 2.225km de casa.

“Eu estudei todo o meu ensino fundamental em escola pública no interior sem a mínima infraestrutura necessária. Quando chovia, as salas alagavam e não havia aula. Fazia muito calor e as salas de aulas tinham apenas raros ventiladores geralmente quebrados. No último ano do ensino fundamental, conquistei a medalha de ouro da OBMEP e, graças a isso, ganhei uma bolsa de estudo integral em uma escola particular onde cursei o ensino médio”,  conta Daniel, que hoje estuda ciências da computação na Universidade de São Paulo (USP).

Com a bolsa, Daniel e Katharyna puderam investir em notebooks e internet para assistir às aulas à distância durante a pandemia. Para eles, o incentivo recebido do Instituto TIM e do Impa foi crucial para que estudassem em outros estados, dedicando-se à faculdade em tempo integral.

“Seria quase impossível me manter em São Paulo sem a bolsa TIM-OBMEP. Sem ela, minha opção seria trancar o curso e voltar para a casa dos meus pais ou tentar algum trabalho à noite, já que as aulas do curso são em tempo integral, o que certamente prejudicaria o meu desempenho”, conta Daniel.

“A bolsa é o que me ajuda a me manter e minha família não conseguiria pagar as despesas mensais. Sem ela, eu teria que trabalhar, mas isso iria afetar meu desempenho e possivelmente não conseguiria continuar estudando”, explica Katharyna.

(Katharyna Macedo, do Pará, estudante da UFSC/ Divulgação)

 

Auxílio como garantia de estudo

De Catanduvas (PR), Karina Moreira Lopes, medalhista de prata na OBMEP, conta que, graças à bolsa do Instituto TIM, consegue se manter em Toledo (PR), onde cursa engenharia química na Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Para ela, o benefício permite a realização de um sonho:

“Se não fosse pela bolsa do Instituto TIM, eu não teria como me manter na cidade onde vivo e não teria como estudar”.

Já o baiano Lucas Carvalho, de Salvador, conta que a bolsa é essencial para que ele possa se manter numa capital com custo de vida bastante elevado, como São Paulo. Ele estuda engenharia da computação na Universidade de São Paulo (USP) e conta que, durante a pandemia, tem participado das aulas de forma online.

“A Bolsa TIM permite que eu viva em São Paulo dedicado aos estudos, sem ter de buscar outros meios de me manter. A universidade é o meu único foco”, explicou.

 

Estímulo a novos talentos

De Teresópolis, na Região Serrana do Rio, Gabriel Luna, dono de duas medalhas de ouro, três de prata e uma de bronze na OBMEP, conseguiu a bolsa para estudar engenharia matemática na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na capital. Não fosse isso, Daniel acredita que estaria longe dos estudos e trabalhando para sobreviver.

“A bolsa é a diferença entre ter que trabalhar em algum emprego que não vai me acrescentar nada, de segunda a sábado, sem qualquer perspectiva, e poder me dedicar plenamente ao que eu amo e o que faço bem, que é a matemática, a física e a computação. Poder terminar cada dia sabendo que estou fazendo o que amo, e indo na direção que quero, não tem preço”, conta o rapaz, que chegou a faltar às primeiras semanas de aula por não ter dinheiro para ficar no Rio.

Aluno da rede pública a vida toda, o carioca Rodrigo Souza da Silva conquistou duas medalhas de prata e uma de bronze na OBMEP, o que também lhe abriu caminho para conquistar uma bolsa e manter dedicação exclusiva ao curso de ciências econômicas, na UFRJ:

“Sem a bolsa, a qualidade dos meus estudos seria afetada porque ela permite que eu compre os livros necessários e complementares, além de custear as necessidades de deslocamento e alimentação. Além disso, não preciso buscar um estágio ou emprego para ganhar renda, possibilitando a imersão total nos estudos. Essa ajuda tem sido essencial neste momento de isolamento social.

Para eles, bolsas como as oferecidas pelo Instituto TIM e pelo IMPA podem descobrir talentos sem oportunidades para se desenvolver no Brasil.

“A bolsa é um importante meio para valorizar a educação e o desenvolvimento do país. Esse incentivo permite que os jovens tenham mais capacidade para desenvolver os estudos e almejar uma carreira. Seria importante que mais projetos da iniciativa privada oferecessem oportunidades de educação para os jovens”, diz Rodrigo.

“Cada ato de incentivo desses é uma mudança de vida, e faz o mundo ficar um pouco mais certo, com as pessoas fazendo o que realmente nasceram para fazer. O próximo Newton ou Ramanujan pode estar escondido pelas ruas pobres do Rio ou em algum canto da Bahia!”, completa Gabriel, referindo-se ao prodígio indiano Srinivasa Ramanujan (1887-1920), que se tornou gênio da matemática sem ter frequentado a universidade, e ao inglês Isaac Newton (1643-1727), autor das três leis físicas que levam seu nome e explicam a estática e a dinâmica dos corpos.

Continue lendo