Rio
Cefet retoma atividades presenciais após ataque que deixou três mortos
A unidade preparou uma ação de acolhimento voltada ao apoio emocional da comunidade escolar para receber os profissionais
As atividades presenciais no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet), no campus Maracanã, Zona Norte do Rio, começaram a ser retomadas nesta terça-feira (9). A reabertura ocorre após o ataque que deixou três mortos no fim do mês passado e interrompeu o funcionamento da unidade.
Nesta terça, voltaram ao campus os servidores técnicos, administrativos e professores. Os estudantes devem retornar nesta quarta-feira (10). A unidade preparou uma ação de acolhimento voltada ao apoio emocional da comunidade escolar para receber os profissionais, como parte das medidas adotadas pela instituição para lidar com as consequências da tragédia.
O retorno acontece pouco mais de uma semana após os assassinatos da diretora pedagógica Allane de Souza Pedrotti Mattos, de 41 anos, e da psicóloga Layse Costa Pinheiro, de 40 anos. Após os disparos contra as duas servidoras, João Antônio Miranda Tello Gonçalves, que trabalhava na instituição e estava afastado por questões de saúde mental, tirou a própria vida.

Como ocorreu o ataque?
O ataque aconteceu na tarde de sexta-feira (29), por volta das 15h50. De acordo com a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), João Antônio entrou armado no prédio e dirigiu-se ao setor onde as vítimas trabalhavam, efetuando os disparos. Ele havia retornado há pouco às atividades após cerca de 60 dias de afastamento para tratamento de saúde mental.
Alunos e funcionários chegaram a se abrigar em salas de aula, e imagens registraram o momento de pânico dentro da instituição. O Corpo de Bombeiros foi acionado imediatamente e prestou atendimento às vítimas. Segundo a Polícia Militar, equipes do 6º BPM (Tijuca) encontraram as duas mulheres feridas e as levaram para uma unidade de saúde, mas ambas não resistiram. O corpo do autor dos disparos foi localizado pelos policiais durante buscas no prédio.
A despedida das servidoras
As duas servidoras mortas foram sepultadas no domingo (30). Allane Pedrotti, chefe da Divisão de Acompanhamento e Desenvolvimento de Ensino (Diace), foi velada e enterrada no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, na Zona Oeste. Já o corpo da psicóloga Layse Pinheiro foi velado na capela Real Grandeza, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul. O sepultamento sofreu atraso devido ao grande número de pessoas que foram prestar homenagens.
No dia do ataque, o Cefet-RJ decretou luto oficial de cinco dias e suspendeu todas as atividades acadêmicas e administrativas no campus. Em nota, a instituição lamentou as mortes e informou que oferece apoio às famílias. Outras entidades, como o Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), manifestaram solidariedade e destacaram o impacto da violência no ambiente educacional.
Alertas prévios sobre o comportamento do atirador
Uma funcionária que trabalhava com o atirador relatou, em entrevista à Super Rádio Tupi, que João Antônio perseguia outras servidoras e não aceitava opiniões contrárias. Segundo ela, o comportamento dele já demonstrava sinais de risco.
A servidora afirmou que havia enviado alertas à direção do Cefet e compartilhado documentos com gestores, inclusive com o Ministério da Justiça, sobre possíveis ameaças envolvendo o colega. Em seu relato, ela afirma que os avisos não teriam recebido a devida atenção e que medidas preventivas poderiam ter sido tomadas.
A trabalhadora disse ainda que o atirador demonstrava traços preocupantes: “Nesse dia eu gelei. Ele disse que o irmão dele se suicidou com um tiro na cabeça e que ia seguir o mesmo propósito. Aí, como ele teve muito tempo, ele foi desenvolvendo. Eu posso dizer pela convivência que ele queria matar mais pessoas. É porque como a gente não fica direto no setor, ele não conseguiu esse êxito, e aí se concentrou na antiga chefe do setor e na Layse”, contou.

