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‘Como se fosse a primeira vez’: show da Madonna cria sentimento de euforia no Rio

Apresentação da cantora, na Praia de Copacabana, tem um público estimado em 1,5 milhão de pessoas

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Show da Madonna
Show da Madonna. Foto: DIvulgação / Leonardo Sales

Eduardo Thomaz saiu a pé de sua casa, no Andaraí, na Zona Norte do Rio, para ir ao supermercado quando, do outro lado da calçada, viu um ônibus adesivado com o poster da Madonna. Eduardo não pode conter a emoção: faltavam 10 dias para o Show da rainha do pop na Praia de Copacabana. 

Cerca de 15 mil turistas internacionais desembarcaram no Rio nos últimos dias para o evento. Nas redes sociais, é comum ver postagens de brasileiros de outros estados comentando suas expectativas para a viagem à capital fluminense. As autoridades estimam um público de 1,5 milhão de pessoas. 

Para receber os turistas, a prefeitura montou uma megaoperação que conta com cerca de três mil agentes municipais de 11 órgãos relacionados à fiscalização do trânsito, à limpeza e ao atendimento de emergência. Além disso, o governo estadual irá mobilizar um efetivo de 3,2 mil policiais para cobrir o evento. São 64 viaturas, 65 torres de monitoramento e 18 pontos de bloqueio e revista. O acesso de veículos ao bairro está restrito com desvios já na enseada de Botafogo. 

Todo esse planejamento envolve R$ 10 milhões dos cofres da prefeitura. No entanto, segundo dados do Ministério do Turismo, o dinheiro movimentado na cidade é 29 vezes superior ao valor investido. A título de exemplo, a estimativa de gasto médio por turista estrangeiro, é de, aproximadamente, R$ 2 mil, totalizando R$ 42,8 milhões. 

O “efeito Madonna” não é inteiramente novo. A cantora tem uma tradição de promover euforia na cidade. Tanto que o segundo maior público da artista até hoje foi no Maracanã, em 1993. Para Eduardo, o show de hoje é capaz de se tornar o maior público de uma artista feminina na história.  

“O Brasil sempre a abraçou, desde o início, e fazer esse show aqui, que celebra essa história sem precedentes no mundo da música, e de graça, coisa que ela nunca fez, vai ser uma forma de devolver todo amor e devoção que os fãs brasileiros têm por ela ao longo das décadas”. 

Na última vez que a Madonna veio em turnê para o Rio, em 2012, Eduardo tinha 15 anos e não podia ir ao show sozinho. Na ocasião, seus pais não quiseram levá-lo. Nas duas turnês seguintes, Eduardo, que é professor, não teve condições de viajar para assistir. Mas esse ano foi convidado, pela empresa promotora do evento, a ficar na área vip: “Desde que anunciaram que haveria um espaço reservado na frente do palco, eu coloquei na cabeça que assistiria o show ali. Nada tiraria isso de mim. Quando recebi a mensagem, não conseguia acreditar que de fato eu tinha conseguido o que tanto queria, e só me custou um vídeo de 30 segundos.” 

Historiador e gay, Eduardo qualifica o show como um marco, pela própria relação que a cantora estabeleceu com a comunidade LGBT. “Hoje em dia, é quase que obrigatório que uma cantora pop seja aliada da comunidade, já que somos nós quem as abraçamos e permitimos que suas carreiras se mantenham minimamente estáveis. Vejo isso como uma relação de troca saudável, porque ainda temos um caminho longo para trilhar contra o preconceito e o estigma social… e ter alguém que tenha projeção na mídia do nosso lado é sempre bem-vindo. No entanto, tirando a Lady Gaga para essas gerações mais novas, não vejo ninguém fazer isso da maneira que a Madonna sempre fez.” 

A ascensão da artista ocorreu no mesmo momento da epidemia de Aids. Na ocasião, ela visitou hospitais com infectados, doou rios de dinheiro para pesquisa e distribuiu panfletos informativos nos shows e nos encartes de seus álbuns. Madonna foi uma das mais ativas figuras públicas na luta pela desestigmação da aids. “Ela sempre tentou mostrar na sua arte as diferentes camadas da comunidade. Drag queens e pessoas transexuais apareceram diversas vezes ao lado dela em show, clipes, aparições públicas, mas não de maneira estereotipada e caricata, e sim, para mostrar que não existem diferenças entre as pessoas só por causa da orientação sexual e da identidade de gênero.”

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